Lágrimas (filhos).
Ana Zélia
Chorei todas as dores, os filhos paridos, estrangulados, mortos...
A pior dor não é a do parto, mas dos filhos, ingratidões, traições,
Eles sonham liberdade e nos rotulam feitores.
Consideram-se adultos, maior de idade quando destoem conceitos, mas continuam crianças,
“coisas de jovens” quando querem o colo dos pais após desenganos, frustrações.
Pobres pais, sempre dispostos ao perdão,
Os filhos jamais te perdoarão, porque os feitores são loucos, chantagistas,
Consideram seus atos “frescuras”, coisas de psicopatas.
Chorei todas as dores, cores, gritei ao mundo socorro e ninguém me ouviu.
Sangrei litros e litros de sangue tal qual Cristo na Cruz.
Vivo num mundo cão onde não se dorme direito, onde as luzes são sombras à espreita de um cochilo em falso.
Onde o amanhã não existe porque a escuridão não rompe e deixa a luz entrar, clarear as almas vagantes, pedintes, sofredoras que se foram e continuam clamando piedade por tantas maldades.
Chorei sonhos de ventos, vendavais, segredos do mundo, nem sei se sou passado, se pago dividas cruzadas entre o ontem e o hoje que corre rápido, amanhã nem existe.
Chorei filhos paridos, não nascidos, outros retirados na ordem inversa e tiveram o pescoço quebrado na hora do parto. Os “assassinos” sem culpas, sem crimes, as vítimas estão mortas e enterradas, só vivem na mente das mães loucas por partos quebrados.
Agô Senhor! Agô ao menos uma vez na vida.
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Manaus, 31 de março de 2010
Nota da autora- Há dores tão doidas que palavras não abafam, nem acalmam. Na curta passagem pela terra, uns dizem que viemos para purgar vidas passadas, nem creio nisto, outros a vida em si já é sofrer, também me deixa dúvidas, já vi tanta gente ruim viver tão bem, nunca souberam o que é fome, não ter leite pra dar a um filho, ver um filho morto por burrice e outros continuarem traindo a liberdade que buscam, não importa se destroem ou se vencem. Manaus, 31 de março de 2010. Ana Zélia
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