I
Notando que perdia a compostura,
O jovem recompôs-se para a vida,
Que a calma, quando dada por perdida,
Influi no progredir da criatura.
Buscar só bons motivos para a lida
É como toda alma se depura,
Que a fórmula evangélica é segura
Para indicar qual é nossa saída.
Viver cada lição que deu Jesus
Vai pôr-nos no caminho do progresso,
Que é como cada santo se conduz.
Assim, aqui, na Terra, tem sucesso
Quem mantenha um pouquinho só de luz,
Que é tudo o que ao bom Deus por todos peço.
II
Antigos desafetos se reúnem
Ao verem os perigos do rancor,
Que a lei a todos fere com rigor,
Se uns aos outros, sôfregos, se punem.
De que nos vale a lei do puro amor,
Se os homens só com ódio se premunem?
Lembremos que as abelhas, quando zunem,
Afastam das colmeias o calor.
As artes marciais são empecilhos,
Quando se quer apenas competir,
Que é o que os homens mostram a seus filhos.
No entanto, para os tempos do porvir,
Bem outros hão de ser os estribilhos,
Que a ordem é somar, contribuir.
III
As dúvidas que trazem os amigos,
Chegando de regresso para o etéreo,
Vão mostrar se levaram tudo a sério,
Logrando superar graves perigos.
A vida vai manter o seu mistério,
Se os vícios que conservam são antigos.
Aí, vão conversar com seus umbigos,
Ficando a estagiar no cemitério.
Porém, se compreenderam a Doutrina,
Agindo em consonância com a lei,
Vão ver que o pensamento mais combina,
Ao se ajustar às almas desta grei,
Que tem por norma o bem, que o Pai ensina
Seja a um pobre mortal, seja ao seu rei.
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