Quando uma autoridade ou pessoa pública é acometida de uma doença os médicos vão à televisão explicar como será o tratamento. Fazem até um desenho animado do corpo humano para mostrar aos leigos onde está a crise e justificam o procedimento a ser adotado para a cura.
Alguns jornalistas se especializam no assunto e também explicam direitinho o que os médicos farão. Refiro-me aos casos do Vice-Presidente da República, José Alencar, da apresentadora de televisão, Hebe Camargo e da Ministra da Casa Civil, Dilma Rouseff.
No caso do Judiciário, por que os juízes não fazem o mesmo quando se trata do julgamento de personalidades conhecidas envolvidas em escândalos de repercussão nacional?
O juiz analisa as provas e contraprovas, ouve as partes envolvidas, mas não explica porque livrou o ilustre indivíduo da cadeia. Cito, por exemplo, o caso do banqueiro Daniel Dantas, acusado pela Operação Satiagraha de crimes financeiros e tentativa de suborno a um delegado da Polícia Federal e da dona das lojas Daslu, Eliana Tranchesi, acusada de sonegação fiscal no valor de 90 milhões de reais.
Espero que os advogados não digam que trata-se de proteger a intimidade do réu. É argumento raso. Exibir os problemas de saúde, mesmo através de desenho, é mais invasivo à privacidade e intimidade do que explicar as razões pelas quais certa autoridade ou pessoa pública foi liberada da prisão sem julgamento nem condenação.
Se os magistrados explicassem os embasamentos dos seus despachos, a sociedade ficaria mais satisfeita com a Justiça e evitariam o eco da frase “a Justiça é uma caixa preta”, pronunciada pelo Presidente Lula no dia 22 de abril de 2003, em Vitória/ES.