I
Na hora em que termina esta poesia,
Nós vamos trabalhar em outro centro.
Por isso é que não vamos noite adentro,
Parando, bem às oito, a melodia.
O que nós temperamos com coentro,
Sabemos que alguém mais melhor faria.
As páginas que damos, todavia,
Deixam nosso leitor muito por dentro.
Ao trocarmos as turmas junto à mesa,
Mudamos os assuntos e os versos,
Segundo alguns conceitos de beleza,
Contudo, muitos deles são perversos.
Seria para nós feliz proeza,
Se todos fossem bons, incontroversos.
II
Nos tempos em que mundo joga a Copa,
Ficamos reduzidos a uma hora,
Porém, a nossa gente não deplora,
Que o tema não perverte ou engazopa.
Assim, vamos levando, sem demora,
Que a rima é a mais difícil que se topa,
Lutando por fazê-la toda a tropa,
Que a lei de não fugir é a que vigora.
Este exercício serve de modelo
P ro grupo que virá depois de nós,
Pois o verso, ao se pôr nuzinho, em pêlo,
Vai demonstrar a parte mais atroz:
Que é fácil de dizer, mas, ao fazê-lo,
Revela o quanto rouca é a nossa voz.
III
Eu gasto, pelo menos, dez minutos,
Para chegar ao fim de um bom soneto.
É quanto leva a banda, no coreto,
Para mostrar ao povo os atributos.
Ao hesitar o médium, me intrometo,
Fazendo certos versos mais astutos,
Que os temas, quando são somente brutos,
Os passos não contêm do minueto.
Alguém vai perguntar se foram dez
Aqueles minutinhos para os versos
Certíssimos nos metros e nos pés.
Pois fomos um pouquinho só dispersos,
Sofrendo simplesmente co o revés
De acrescentar mais dez... sendo perversos.
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