I
A turma se apresenta bem disposta,
Mas não vai prometer qualquer sucesso,
Pois para cada qual há o seu progresso.
Não queira tão-somente uma resposta.
Caso você garanta o seu ingresso,
Porque este rude verso tanto arrosta,
Espere mais de mim, que o povo gosta,
Quando, através das rimas, me arremesso.
Caso a publicação vise a bom lucro,
Havemos de cuidar do investimento,
Porque ninguém é bobo, rude ou xucro.
Para que a sã Doutrina vá em frente,
Não tem necessidade de incremento.
Mantenha essa divisa em sua mente.
II
Queremos que supere o mal-estar,
Que a luta mal-e-mal vai começando.
Se alguém me perguntar: — “Mas até quando?” —,
Terei de responder: — “Vá devagar!”
O barco singra o mar, velame pando.;
A rota que seguimos é sem par.;
A Terra continua a navegar.;
As aves veraneiam, sempre em bando.
Por que seria o mundo diferente,
Estando um médium hoje a me servir,
Para que o verso alcance a muita gente?
Eu devo de aguardar pelo porvir,
Para encontrar aquele que, valente,
Se ponha as minhas rimas a ouvir.
III
Um sentimento falso sempre atua,
Como se o nosso bem fosse o melhor,
Mas é preciso conhecer de cor
Que a luta nesta vida continua.
Também, não há pensar ser o pior,
Quando alguém, ao ler, logo recua:
Às vezes, o valor é coisa sua,
Que faz o pequenino bem maior.
É claro que gostamos destes versos,
Pois, do contrário, não os ditaríamos,
Conquanto apelidemos de perversos.
Se fosse por maldade, não faríamos.
Nas águas do evangelho vão imersos:
Para fazê-los bem, quanto daríamos!...
IV
É fácil fazer versos de improviso,
Quando é pouco o que temos p ra dizer,
Pois se trata tão-somente de um dever,
No caminho que nos leva ao paraíso.
Demonstrar pela gente bem-querer,
Mais que tudo, na vida, é preciso.;
Como assim, equilíbrio e são juízo
É que dão da moral o seu poder.
Não relutes, amigo, nesta rima:
A mensagem virá naturalmente,
Muito embora não seja este o clima
Que queres, para ter algo excelente.
Mantém, por todos nós, a doce estima
E recebe co amor o amor da gente.
V
Ao ficar a serviço de Jesus,
Todo médium requer imantação,
Para se dar, de mente e coração,
Ao nobre protetor que ao bem conduz.
A todos quer chamar sempre de “irmão”,
No aguardo de um espírito de luz
Que ajude a carregar a dura cruz,
Que a luta há de sair da escuridão.
Porém, logo o trabalho se dispersa,
Que existem sofredores p ra atender,
Nas brumas em que a alma fica imersa.
Quem cumpre, com amor, o seu dever
Não sabe sobre o que o tema versa:
Somente tudo faz por bem-querer.
VI
Quisera bem alegre o fim do dia,
Dispondo, em lindo verso, a melhor rima,
A ver se este meu médium reanima,
Por força de compor boa poesia.
O mestre põe-se alerta: — “Quanta estima,
Se estou a trabalhar sem alegria,
Pois, por bem menos, há quem mais faria,
Apenas para estar neste bom clima!”
Então, eu vou rogar ao Criador
Que ampare a quem trabalha por Jesus,
Que é bom orar por quem tem tanto amor,
Que o ar, ao derredor, se enche de luz.
Difícil é, num verso só, dispor
O que, no coração, de bem produz.
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