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Contos-->Uma história sem fim -- 14/10/2002 - 17:00 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Para contar a essa história eu deveria pedir licença ao João, acho que ele não iria gostar que contassem a sua história não, ele é desses caras super tímidos, saca? Mas como eu sou um narrador muito teimoso vou contar assim mesmo, acho que ele não me conhece direito e quem sabe um dia ele me perdoa.
Essa na verdade não é só a história de João, é a história de João e Clara, Clara e João um casal simpático, mas que viveu muitos mais desencontros que encontros na vida, há quem diga que eles foram feitos um para o outro e se foram feitos acho que nunca perceberiam, vou contar a história de uma forma mais resumida porque daria para escrever um romance se eu fosse contar tudo, bem na verdade é sobre romance mesmo que eu vou falar.
Voltando um pouco os ponteiros do tempo encontramos João perdido em pensamento, no meio dos seus devaneios era onde ele era mais feliz, sonhava em um dia fazer uma viagem pelo mundo todo, quem sabe um ‘endless sumer’ acompanhando a trilha do verão ao redor pelo planeta, mas o que ela não sabe é que iria viver mesmo era um ‘endless love’.
Encontramos também a Clara, ela era uma dessas garotas que tem brilho próprio, estava sempre sorrindo mesmo que por dentro estivesse chorando, era a amiga de suas amigas de todas as horas, mas apesar disso não gostava muito de falar de si mesma e nem dos seus sentimentos para outras pessoas.
João e Clara se conheceram numa viagem de excursão que fizeram a Ouro Preto quando tinham 18 anos, era aquela fase de cursinho onde tudo a gente acha que pode e tudo a gente quer, aqueles casarões antigos e ladeiras serviram de cenário para o inicio do amor dos dois, o clima barroco da cidade contagiou o coração dos pombinhos que nunca tinham se visto antes, não foi amor a primeira vista, mas sim de segunda vista.
No ônibus eles ficaram sabendo o nome um do outro através daqueles rituais chatos e brincadeiras ridículas de excursão de ficar se levantando e dizendo o próprio nome, e meio que simpatizaram um com outro, aquela coisa da gente sentir uma simpatia por alguém simplesmente pelo jeito dela falar o nome dela ou então pelo forma como o rosto dele fica vermelho.
Sentaram bem longe um do outro no ônibus e só voltaram a se ver já na cidade e no meio de tanta gente só se encontraram uma vez, no museu da inconfidência acabaram ficando para trás do resto do pessoal porque ficaram admirando um quadro que retratava uma fazenda com escravos sendo castigados, foi um encontro casual, ou a mão do destino, vai saber.
Percorreram o resto do museu juntos e se conheceram melhor, a simpatia a essa altura já estava virando atração e acabaram se perdendo do resto do seu grupo, mas nem ficaram preocupados saíram pela cidade a fora conhecendo seus becos e suas ruas além de conhecerem as nuances da personalidade um do outro, era o tempo de descoberta.
Acabaram encontrando o resto do grupo numa das esquinas da cidade e foram para a pousada, iriam ficar muito longe um do outro, ela no quarto 102 ele no 501, mas mesmo assim ficam conversando depois do jantar até o ultimo segundo quando foram obrigados a ir dormir pelos monitores da excursão.
Já no seu quarto, João teve que agüentar aquelas brincadeirinhas dos colegas do tipo’ E ai já tá pegando a mina?’ ou ‘Olha o cara! Nem perde tempo heim! É isso ai vai fundo!’, mas João nem ouvia as gozações dos colegas estava pensando na viagem de sonhos dele, já tinha até um roteiro pronto em casa, num velho mapa uma rota traçada, Maranhão, Peru, Porto Rico, Cuba, México, Califórnia, Austrália...Eram tantos lugares que ele calculava que iria passar muito tempo viajando, quem sabe a vida inteira...Mas aquela garota tinha mexido com ele, a atração já estava virando ansiedade.
Clara no seu quarto teve que responder um monte de perguntas das colegas, elas queria saber o que tinha rolado: ‘ E ai, você ficaram?’,’ Mas nem um beijinho?’,’ele é legal, assim do tipo que dá vontade de beijar?’ e Clara só se limitava a falar que ele era um amigo, um cara legal e só, mas lá no fundo ela estava curiosa para conhecer o rapaz.
E no dia seguinte eles se reencontraram e dessa vez a proximidade fez com que eles não resistissem e acabaram se beijando num mirante ao pôr-do-sol, com aquele cenário foi difícil não se apaixonarem, nascia ali mais um amor e todas as promessas de amor eterno foram juradas.
A viagem logo acabou e no caminho de volta para casa eles já sofriam com as duvidas do que iria acontecer, se conseguiriam manter aquele amor em uma rotina diferente, em outro contexto, as incertezas não eram maiores que as certezas que pulsavam em seus corações, mas davam medo e o medo é o maior inimigo de qualquer sentimento.
João voltou para o seu trabalho, ainda começava a trabalhar no banco e as aulas do cursinho estavam tão chatas, só clara era que valia a pena ver, Clara voltou para suas aulas de francês e natação, era muito estudiosa e queria passar bem no vestibular.
O final do ano chegou e Clara passou no vestibular para veterinária muito bem, só que teria que morar em outra cidade, João não passou e ficou desolado, Clara ia embora para outra cidade.
Clara dizia que eles iam se ver sempre, mas João não conseguia ficar tranqüilo, já sofria por antecipação de ciúmes, acabaram decidindo terminar para não sofrer tanto, mas foi pior, doeu muito, melhor é sofrer junto do que chorar separados.
Clara mergulhou nos estudos e João no trabalho, virou caixa do banco e desistiu de fazer faculdade, nos fins de semana viajava para praia para esquecer de Clara, mas cada vez que via o mar sentia uma coisa esquisita no coração, um frio na barriga, pensava em Clara.
Clara gostava de ir a um mirante que tinha na beira de uma montanha na cidade onde ela estudava, gostava de ver o pôr-do-sol, lembrava sempre de João e chorava de saudades.
Nas férias Clara voltou para casa e resolveu ligar para João, mas nunca o encontrava em casa, João estava trabalhando muito e gostava de sair a maior parte do tempo mantinha a cabeça bem ocupada, acabou começando a gostar de Karina uma mulher que trabalhava com ele no banco, ela era mais velha que ele 5 anos.
João acabou começando a namorar Karina e já estava esquecendo de Clara, mas ainda sentia aquele frio na barriga quando via o mar, Clara conheceu Bruno um colega de faculdade, tiveram um caso, mas nunca virou namoro ela não queria se envolver de verdade com alguém para não se machucar mais.
Dois anos se passaram era carnaval e num baile de um clube, João e Karina dançavam no meio do salão, Clara e Bruno estavam no mesmo baile, João viu Clara e Clara viu João, as pernas dos dois tremeram e o coração bateu muito forte, eles se olharam por alguns segundos e depois desviaram o olhar, quiseram ir embora do baile, cada um para um lado, cada um com o seu par.
João sentiu que alguma coisa mudou e pediu um tempo para Karina, Clara tinha marcado de viajar com Bruno, mas desistiu da viagem, disse para ele que queria ficar um pouco sozinha, alguma coisa aconteceu naquele olhar que eles não sabiam explicar.
Clara sabia muito bem o que sentia por Bruno, era um carinho grande, quase amor, mas nada mais do que isso,gostava da companhia dele, mas não era aquela coisa forte que sentiu com João, uma coisa marcante, talvez algo para vida toda, uma lembrança, ou uma realidade.
João sempre se apaixonou facilmente pelas pessoas, e se apaixonou por Karina, ela tinha um bom papo era carinhosa, tinha muita coisa nela que o agradava, mas João sabia muito bem que Clara era algo indelével de sua vida, por mais que ele quisesse a esquecer não seria capaz de apagar aquelas marcas de seu coração.
Clara se formou e virou veterinária de cavalos de raça de um famoso Haras do interior, acabou terminando com Bruno, esse foi morar no Texas nos Estados Unidos, seduzido pelos rodeios americanos e por uma jovem chamada Diana que o tirou da depressão depois que Clara o deixou.
João prestou concurso para a receita federal e virou fiscal do governo, tomou posse em Brasília e por lá ficou, Karina não foi e o tempo desgastou a relação deles, hoje ainda são grandes amigos, nunca mais se viram e Karina se casou com um homem também mais novo que ela, Carlos e hoje eles tem uma filha muito bonita.
O final de mais um ano se aproximava e Clara voltou para casa para passar as festas com sua família, essa volta era sempre muito boa para ela, ela sentia muita falta de seu quarto e de sua casa e tomada por esse clima de nostalgia mais uma vez resolveu ligar para João.
João se deu muito bem no planalto central, se adaptou muito bem ao clima da cidade e fez bons amigos, mas nunca mais namorou ninguém, não levava mais a sério o amor.
Viajou de carro para casa no final do ano apara passar as festas com toda família veio conhecendo muito lugares, como companhia o rádio, foi uma das suas melhores viagens na vida.
O telefone tocou na casa de João, todos tinham saído para fazer as compras para a ceia e comprar os presentes, mas João ficou em casa para descansar da longa viagem, ouviu o telefone tocar, mas não estava muito afim de atender, mas com toda aquela insistência acabou cedendo e atendeu...
Do outro lado da linha Clara já estava quase desistindo de ligar, estava nervosa,pensava:’Talvez eu esteja me precipitando, acho que não tem mais nada haver, essa saudade pode ser algo normal, afinal acho que ele nem se lembra mais de mim, deve ter casado com aquela garota...’, ela já estava quase desligando mesmo quando ouviu a voz sonolenta de João dizer alô do outro lado...
João dizia alô e ninguém respondia, ainda estava meio zonzo de sono, estava sonhando que estava voando, ele sempre tinha esses sonhos e adorava,mas morria de medo de altura na vida real, já ia desligar quando ouviu um ‘oi’ familiar, na mesma hora seus neurônios lhe informaram que aquela voz era mesmo de alguém muito importante, alguém que ele achava que nunca mais iria escutar lhe dizer algo...
Clara falou oi e tentou disfarçar seu nervosismo, tentou desfazer aquele clima de incerteza, não sabia se estava fazendo a coisa certa, mas agora já estava feito.
João não sabia se estava ainda sonhando ou se aquilo era de verdade, tratou também de mostrar que estava feliz por saber que Clara ainda se lembrava dele e fez aquelas perguntas básicas para saber como ela estava, o que ela estava fazendo se já tinha casado.
Clara aos poucos foi dominando seus ímpetos e suas emoções, bateram um longo papo e falara muito mais do que achavam que tinham para falar, foram horas, João andava pela casda com o telefone, tomou café da manhã com o telefone, tomou banho, almoçou, deitou na cama, no sofá, foram muitas horas...
Clara também andou pela casa, ligou a teve e nem percebeu que colocou num canal fora do ar, tomou banho, almoçou e deitou numa rede que ficava na sua varanda...
Resolveram marcar um encontro, só para se conversar mais, quem sabe um jantar num lugar legal, Clara achou muito legal e João ficou ansioso para saber como ela estava, se ainda seu coração ia disparar e suas pernas tremerem, Clara foi para o cabelereiro, queria estar bem bonita, para impressionar João, coisas de mulher vaidosa, não que ela quisesse alguma coisa, só queria se sentir bonita.
No dia seguinte João do outro lado da cidade estava muito ansioso não via a hora de encontrar logo Clara, tinha comprado uma camisa novo, azul, da cor que ele mais gostava, se arrumou umas duas horas antes e a cada minuto se olhava no espelho, não era que ele quisesse alguma coisa, só queria estar bonito para ele mesmo.
Marcaram o encontro num restaurante que ficava de frente para uma praça, sim um lugar especial para os dois no passado, palco de suas brigas e reconciliações.
Quando João viu Clara e Clara viu João algo aconteceu dentro dos dois, algo inexplicável pelas palavras mas muito plausível pelos sentimentos...mas sobre o que aconteceu de verdade outro dia eu te conto.
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