I
Cá no etéreo, os problemas lá da Terra
Têm, por si, sua própria solução,
A não ser sérios casos de opinião,
Em que a maldade, n’alma, mais se aferra.
Quando a causa de tal preocupação
Provocou, na matéria, forte guerra,
O relacionamento, então, emperra
E os entreveros cá prosseguirão.
Procure, caro amigo, deixar tudo
De maneira que possa resolver,
Quanto à forma e também ao conteúdo.
P’ra conseguir, no etéreo, mais poder,
Dedique muito tempo ao bom estudo
De como realizar cada dever.
II
Eu sei porquanto lá também estive
E trouxe para cá tantos enganos
Que me fizeram ver que são humanos
Os desesperos tristes de quem vive.
Não sei dizer, agora, quantos anos
Passei nas trevas, quando encarar tive
Os preconceitos, pois não há quem prive,
Em boa paz e amor, com tantos danos.
Hei de recomendar aos bons amigos
Que, a todo custo, fujam dos perigos
Das glórias, na ilusão da vil matéria.
Procurem ser fiéis aos companheiros.;
Dediquem os seus dias quase inteiros
A aliviar as dores da miséria.
III
Se lhe faltar a luz desta Doutrina,
Que as trevas são pesadas, hoje em dia,
Se não quiser os bens desta poesia,
Ao menos siga as leis que o Mestre ensina.
O que melhor alguém aí faria
Do que determinar a sua sina
No etéreo, pois a morte não declina
O gosto de existir em alegria?!
A condição, no entanto, é sempre o bem
Que se possa fazer, sem ver a quem,
Estando o coração pleno de amor.
Quem sabe o sofrimento pese um pouco,
Mas, nem por isso, faça ouvido mouco,
Pois sempre um gesto amigo há de dispor.
IV
Incompetência gera sofrimento,
Pois tudo a consciência há de julgar.
Qualquer lamento irá prejudicar,
Já que o progresso fica muito lento.
Assim, respire, com sossego, o ar
E faça, devagar, o julgamento.
Se a incompetência produzir tormento,
Coloque a consciência a trabalhar.
Com calma, a mente tudo estabelece,
Segundo a lei de causa e conseqüência,
Enquanto a decisão se fortalece
De sempre agir em paz e com prudência.
Se for difícil, diga a melhor prece,
Para alcançar do Pai benemerência.
V
As luzes que trouxermos para o etéreo
Somente poderão servir ao bem
E, em nossa ajuda, há de chegar também
Quem tenha a vida aí levado a sério.
Se aqui aportar, no bolso sem vintém,
Dizendo que deixou no cemitério
Os lucros, sem saber por que mistério
Não pôde despertar o amor de alguém,
Nas trevas vai ficar, até que aprenda,
Como palmilhar do Mestre a senda,
Examinando a alma atentamente.
Simples faísca que a consciência alcance
Há de gerar, no jogo, um novo lance,
Para deixar o gajo mais contente.
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