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Contos-->O morador do 205 -- 28/10/2002 - 18:38 ( Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todo dia ele faz quase tudo sempre igual, abre os olhos e pensa que aquele dia será o melhor de sua vida, talvez fossem mesmo, vai até o banheiro, toma seu banho e prepara o corpo para mais uma jornada.
Tudo que eu escrevo aqui faz parte da minha imaginação, mas bem que poderia ser verdade, são fatos baseados na minha observação de tal pessoa durante muitos anos, somos vizinhos de porta, sei todas as musicas que ele escuta quando está triste( a julgar por essas diria que ele sempre está triste), as visitas que ele recebe, a hora que ele chega ou sai, enfim quase tudo, não que eu seja uma pessoa dessas que bisbilhota a vida das outras pessoas esgueirando-se pelas janelas ou escutando encostando os meus ouvidos na porta ou na parede, é que tem certas coisas que mesmo se fechando os olhos não se pode deixar de se enxergar e certas sons que mesmo que não se queira ouvir se tornam parte de nossa vida.
Nunca soube o nome dele, sempre pensei ou me referi a ele como o morador do 205, durante anos se quer sabia qual era seu rosto, mas um dia quando eu saia para trabalhar mais cedo acabei encontrando com ele na porta, primeiro trocamos um olhar de surpresa e depois nos cumprimentamos como se já nos conhecêssemos há muitos anos e cada um tomou seu rumo.
Um dia um fato estranho aconteceu, havia chegado em casa faziam poucos minutos, ouvi uma foz abafada pedir ajuda, no começo pensei ter sido imaginação minha, talvez a tevê do vizinho estivesse alta demais, mas não ouvi de novo e de novo, logo percebi que a voz era do meu vizinho, o morador do 205.
Bati na porta e ouvi os seus passos se aproximando lentamente, quando a porta se abriu me dei conta que meu vizinho estava passando mal, o carreguei apoiado em meus ombros até o sofá e perguntei se ele estava passando mal, ele assentiu com a cabeça, chamei uma ambulância pelo telefone e em minutos eles chegaram, durante esse tempo lhe dei água e medi sua pulsação, não parecia ter nada de anormal ou muito grave, talvez fosse um mal súbito, não trocamos uma palavra ,os para-médicos chegaram e o levaram para o hospital.
Quando me dei conta percebi que estava sozinho no apartamento dele, pensei então em voltar para o meu, mas algo me chamou a atenção e comecei a olhar a minha volta com maior minúcia, havia algo de muito familiar naquele lugar, tudo parecia tão semelhante ao meu apartamento, os quadros eram muito parecidos, o sofá tinha a mesma cor, a televisão era da mesma marca, eu ia me assustando cada vez mais, a cozinha tinha as mesmas coisas, o quarto, tudo era tão igual, me sentia como se tivesse no meu próprio apartamento, não era possível, eu devia estar meio fora de si, talvez o choque pela emoção de ajudar o homem em apuros tenha me atordoado as idéias, voltei para o meu apartamento.
Fiquei com aquilo na cabeça, pensei em voltar mais uma vez lá, abri minha porta e quando ia abrir a porta dele, resolvi desistir, afinal não seria correto ficar bisbilhotando a casa do pobre homem que estava no hospital, tranquei seu apartamento e deixei as chaves na portaria, era melhor eu tirar aquela besteira da cabeça, pensei comigo mesmo:
‘Devo estar pensando demais, trabalhando demais, preciso de umas boas férias!’
Segui minha rotina daquela noite, preparei-me um jantar simples, salada de tomate com cebolas e alface e filé de frango com batatas cozidas, era o melhor que eu sabia fazer.
Deitei no sofá e assisti a uma novela, da mesma forma que fazia todos os dias, me deu sono e fui para o meu quarto, liguei o som, adoro um cd de musicas de Celine Dion, elas são tristes, mas para mim não tem esse significado, músicas tristes me trazem felicidade, enquanto o verdadeiro sono não vinha fiquei pensando no morador do 205, como nos parecíamos mesmo, nunca tinha pensado nisso, gostávamos das mesmas musicas, tínhamos gostos muito parecidos para os moveis e quadros, ele também gostava de filé de frango, sempre sentia o cheiro dele fritando....Que estranho, adormeci.
Acordei com uma sensação estranha, tinha tido sonhos esquisitos , sonhava que me olhava no espelho e a imagem refletida nele não era eu, que medo!
‘ Meu Deus como aquele homem era igual a mim, tudo naquele apartamento era exatamente igual ao meu, não, não pode ser, devo ter sonhado isso’-pensava com meus botões.
Levantei-me e fui tomar um banho, tinha que preparar o corpo para uma nova jornada, engraçado hoje não tinha ouvido barulho algum do vizinho, talvez ele estivesse ainda no hospital, pensei em visitá-lo, talvez os porteiros soubessem em que hospital ele estava.
Girei a chave para trancar meu apartamento e afastei aqueles estranhos pensamentos, afinal eu não morava no 205, ou morava ? Levantei os olhos para a minha porta, era 205!..Não, o cara deve morar no 204 e eu 205, confundi tudo, devia ser o stress mesmo, eu ia pedir férias ao meu chefe.
Eu devo ter imaginado tudo aquilo, afinal eu tenho uma mente tão fértil, talvez eu tenha criado alguém que não existisse, eu até já me imaginei de outras forma...Será que tinha ficado louco?


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