Norberto Bobbio é um dos autores de pensamento político mais publicados e lidos no Brasil. Além do Dicionário de Política , traduzido e publicado pela Universidade de Brasília e que já vendeu mais de 100.000 exemplares em 16 edições, até esta data, Bobbio circula pelo Brasil através das Ideologias e o Poder em crise, um livro que discute a terceira via política, e que, entre outras coisas interessantes, fala sobre os meandros do poder e sobre o poder político invisível. É também uma tradução e edição da Universidade de Brasília. Mas há muitos outros livros do autor traduzidos em português. A Editora da UNESP e outras editoras nacionais e estrangeiras participam desta divulgação. Entre os livros já circulando em tradução em Língua Portuguesa apresentamos aos leitores que ainda não o conhecem o volume Direita e Esquerda. Razões e significados der uma distinção Política.
Como há pessoas interessadas em informação sobre esta dicotomia político-ideológica, deixamos aqui o índice da obra para julgamento dos interessados. 1. A distinção contestada. 2. Extremistas e moderados. 3. A díade sobrevive. 4.à procura de um critério distintivo. 5. Outros critérios.; Igualdade e Desigualdade. VII. Liberdade e autoridade. 8. A estrela polar. A edição em Língua Portuguesa é acrescida de um Anexo intitulado “Repensar a Esquerda. Primeiras orientações bibliográficas (1980-1994), da autoria de Pietro Polito.
PEQUENO TRECHO ANTOLÓGICO
“Direita e esquerda são dois termos antitéticos que há mais de dois séculos costumam ser utilizados para exprimir a oposição das ideologias e dos movimentos em que o Universo, eminentemente conflituoso, está dividido no seu pensamento e em suas ações políticas. Como termos antitéticos são, quanto ao universo a que se referem, reciprocamente exclusivos e conjuntamente exaustivos. Exclusivos, no sentido de que nenhuma doutrina ou movimento podem ser simultaneamente de direita e de esquerda. Exaustivos, no sentido de que pelo menos na acepção forte dos dois termos, uma doutrina ou um movimento só podem ser de direito ou de esquerda.”
[...] Dos dois termos antitéticos -direita e esquerda- se pode fazer uma utilização descritiva, uma utilização axiológica e uma utilização histórica. Descritiva, para representar sinteticamente duas partes em conflito. Axiológica ou valorativa para a exprimir um juízo de valor positivo ou negativo acerca de uma parte ou de outra. Histórica, para assinalar a passagem de uma fase da vida política de uma nação para outra fase, podendo essa utilização ser por sua vez, descritiva ou valorativa.
A oposição entre direita e esquerda constitui um modo típico de pensar por díades, que já teve as mais diversas explicações: psicológicas, sociológicas, históricas e mesmo biológicas. Conhecem-se exemplos desse modo de pensar em todos os domínios do saber. Não há disciplina que não seja dominada por uma qualquer díade oniabrangente. Na Sociologia, sociedade-comunidade; na Economia, mercado-planejamento; no Direto, privado-público; na Estética, clássico-romântico; na Filosofia, transcendência-imanência. Na esfera política, a díade direita-esquerda não é a única, mas encontra-se em toda a parte.
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“Apesar de a díade ou dicotomia ser constantemente contestada de vários lados e com argumentos vários e com maior frequência mas sempre com os mesmos argumentos, nestes últimos tempos de confusão geral, os termos direita e esquerda continuam a ser utilizados na linguagem política. E todos os que os utilizam não parecem falar à toa porque se entendem muito bem entre eles”.
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“Como se sabe o uso destes dois termos remonta à Revolução Francesa[1789], pelo menos no que diz respeito à política interna[...]
NORBERTO BOBBIO
Cientista político italiano
