CABO BRANCO ( À Querida PARAIBA)
Ana Zélia
Cá estou sentada na praia frente ao mar.
Um mar revolto, ondas amedrontadoras. É maré alta.
É lua cheia.
Adoro o mar. É Cabo Branco na Paraiba.
Junto à saudade, vem a vontade de te enfrentar,
sentir o bater de tuas águas salgadas em meu corpo.
O calor do sol a me queimar a pele.
Não temo as ondas, elas só amedrontam à distância.
Tal qual o amor. Mas vira espuma, um nada, ao quebrar nas margens.
Devagar, passo a passo vou adentrando.
Peço licença à YEMANJÁ, Rainha do Mar,
a São Benedito, meu Padrinho e Rei do Mar.
Ao Povo das Águas e vou deixando passar por cima a primeira,
A segunda, quantas ondas...
Esta é braba! Amedrontadora!
A técnica é flutuar, pular como os sapos e deixá-la passar.
Cada vez que uma quebra, acho graça...
São como os poderosos. Detentores do poder, provocam a
Síndrome do medo.
TUDO É PASSAGEIRO...
As ondas, o homem, o poder...
Começo a sentir teu bater suave como a brisa em meu corpo
Sedento de ti sentir...
Mergulho e vou ao teu encontro, lá fora onde as ondas
Não possam me atingir.
Só nós dois e o céu por testemunha...
Sei que breve partirei... Saio a esmo, chutando as águas,
Chutando as ondas. É TAMBAU... MEU QUERIDO TAMBAU...
As ondas aqui não fazem marolas. São brandas...
O sargaço é que perturba. Uma vegetação que flora
como se plantado fosse dentro da água.
Em minha cidade, Manaus, o Mar é Dulce, explicando a ousadia
quando em tuas águas derramo açúcar para atrair felicidade.
Logo partirei, o tempo voa, a saudade aperta.
Se me escutas querido mar, ouve minha prece.
__ Não me esqueças! Não deixe que a distância mate o que há
De mais belo nesta conspiração entre tu e eu.
Amo você, deves me amar...
Tua carícia em meu corpo está a demonstrar.
Por favor, quero breve, muito breve retornar para juntinhos,
Você e eu sentirmos o prazer de amar, amar.
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Cabo Branco na Paraiba (12 de agosto de 1992) Ana Zélia
Nota da autora- Sou apaixonada por João Pessoa, minha querida Amiga D. Ercina e toda a sua família, Dra. Magali, que me levou pela primeira vez a esta maravilha da natureza.
Quando ligo a Dona Ercina, canto sempre “Embalar na rede, a esta areia vou deitar,
Sabiá cantando, sapoti maduro, um saborear, jambo maravilha,
Pedra sabão vou deslizar, vou correr nos campos, livres onde as flores
Cobrem um pomar.
TAMBAÚ! Ai TAMBAÚ, chora saudades, chora viola ai céu azul.
Quem nunca viu fica a imaginar, mas quem partiu
Para bem longe
E QUER VOLTAR... Ah! Saudade que dói, que mata. Manaus, 02 de junho de 2011. Ana Zélia
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