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Ensaios-->3. TREMORES -- 30/05/2002 - 07:26 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Eu não queria apresentar-me diante dos encarnados. Não sei como foram encontrar-me, pois estava bem escondida. Agora que aqui estou, não sei como me desvencilhar desta loucura que me propõem de ver o irmão escrevendo o que vou pensando.

Sei que a turma tem a intenção de me ajudar, pois é fácil perceber que as vibrações são boas e me tranqüilizam. Agora que vim até aqui, peço para me libertarem, pois sinto-me envergonhada por não poder retribuir as gentilezas.

Pedem-me para não atrair os meus inimigos através de pensamentos baixos. Pois estou aqui e tremo de medo de vê-los por perto. Sei que não fui boa pessoa e sei que estou bastante atrapalhada, impedida de me locomover e de tomar decisões.

Vejo que as palavras vão assumindo corpo no branco do papel e que só estabeleci pequeno relacionamento com o médium. Há tanto que gostaria de expor a quem pudesse revelar-me o segredo da libertação, da liberdade.

Hoje, só um pouquinho já demonstrou a minha fraqueza e foi suficiente para deixar indelével a minha marca.

Na última encarnação, a minha letra era assim esparramada, só que não escrevia muito, apenas algumas cartas a minhas irmãs e a meus pais, pois viajei obrigada pelo compromisso matrimonial de acompanhar meu marido. Mas a vida com ele não durou. Eu é quem fui culpada por tê-lo afastado. Não posso negar que agi muito mal e que mereci o castigo que sofri depois da morte.

O bom amigo que apanha as vibrações está sentindo necessidade de interrupção? Não! Pois pensei que estivesse cansado.

Mas eu dizia que fui culpada pela separação de meu marido, de modo que representei a ele a própria desgraça, uma vez que tudo terminou em tragédia. Fui atacada numa praça e lá deixei meu corpo. Agonizei durante muito tempo e me vi depois alijada do direito de permanecer junto de meus dois filhinhos.

Pensava que a justiça na Terra era terrível, pois impediu-me de ficar com as crianças, dizendo que tinha maus hábitos, que bebia e consumia drogas. Era verdade, mas bem que podiam ter deixado ficar com eles, de quem gostava muito.

Deste lado, depois que me inteirei de minha verdadeira condição, bem que eu quis ir ver os meus filhos, mas não consegui encontrá-los. Sabia o caminho, mas sempre me deparava com pessoas amáveis que me faziam correr para outro lado, de modo que jamais cheguei até onde estavam. Eles eram bem pequenos; por isso, nunca senti que me chamavam ou que precisavam ver-me.

Os meus assassinos eram profissionais e, durante muito tempo, pensei que o que tinham feito comigo fosse por ordem ou pagamento de alguém. Desconfiava de meu marido e de meu amante, mas soube, depois, que só se haviam enganado de pessoa. Em todo caso, mataram também a pessoa certa, a moça que estava comigo na praça.

Sei agora que, no dia em que isso aconteceu, houve forte tiroteio e que várias pessoas caíram sem vida. Na hora, não pude perceber nada, porque fui a primeira a ser atingida. Quando vim para este lado, não tive nenhuma luz e sentia-me perto de um corpo frio, que tocava como se pudesse reentrar nele. Era uma confusão muito grande na cabeça. Achava que estava viva e que bastava reentrar naquele corpo, porque me apalpava e não conseguia sentir nada. Hoje é diferente, porque sei onde estou e sou capaz de sentir toda a minha pessoa. Vejo que a natureza não mudou muito e que as coisas continuam no lugar.

Agora que descrevi alguma coisa da minha vida e das impressões que estou sentindo, peço para me livrarem deste peso enorme que carrego na alma. Será que meu marido me perdoou? Será que meu amante ainda gosta de mim? Será que meus pais e meus irmãos já se esqueceram de quem me tornei no finzinho da vida? Será que meus filhos sentiram a minha falta e ainda se lembram de perguntar pela mãe que os gerou e lhes deu os primeiros beijos?

Querem saber quem eram os meus inimigos. Pois eu mesma não os reconheci. Parecia que eram pessoas conhecidas, mas ninguém conseguiu demonstrar por que me perseguiam. Só diziam que eu havia afastado o filho do caminho do bem. Mas acho que estavam atrás de outra pessoa e se confundiram.

Dizem-me que pode ter havido perseguição por causas provocadas em outra vida. É possível, pois nunca me veio à cabeça nenhuma lembrança boa, só de crimes e vícios. Na última encarnação, contudo, não fui má para ninguém e me arrependi muito por ter perdido a felicidade no lar. Parecia que era arrastada para o vício. Meu marido costumava beber um pouco e aprendi com ele. Mas fui muito além e comecei a beber até sem ele saber. Será que fui influenciada por esses mesmos que querem pegar-me? Sinto que possa ser isso mesmo, porque aprendi que os espíritos maus conseguem fazer as pessoas agirem conforme é de seu desejo.

Eu era pessoa fraca, que tinha muita saudade de casa e de minhas irmãs. Não ligava muito para meus pais, que eram muito severos e que me obrigaram a manter a virgindade até o casamento. Mas depois eu me desforrei. Foi a minha desgraça. Agora vejo que estavam certos em impedir-me de fazer o que ia na cabeça, senão nem teria casado, nem teria tido os meus dois filhinhos.

Era capaz de estar viva ainda, pois não estaria na praça, na hora dos disparos, mas era bem possível que pudesse sofrer algum outro atentado, atropelamento ou envenenamento alcoólico.

Já deixei o escrevente escrever bastante e penso ter dito o suficiente para me libertarem. Já disse que não fui boa peste e que tive muito do que me arrepender.

Depois que fui atropelada e que me escondi naqueles buracos escuros, nunca mais fiz nada que pudesse prejudicar ninguém. No começo, ainda xinguei os bandidos que me acertaram e os que me haviam escorraçado do lugar em que estavam meus filhos, mas depois vi que não adiantava nada e que me sentia melhor quando não desejava mal para ninguém. Se disser que enxuguei muitas lágrimas, podem acreditar, mas não foram sinceras: é que me via decepcionada e carente de afeto e de carinho. Sentia falta e sinto ainda de um bom gole de aguardente ou de uma picada, mas isso é mais suportável que o desejo impossível de retornar atrás e restabelecer o meu lar, a minha família, antes do momento em que me entreguei ao patrão.

Era incrível a facilidade com que os homens conseguiam levar-me com eles. Era só dizer que tinham algo para mim e lá ia atrás do prazer. Que pena! Agora vejo que estava muito enganada e que devia ter respeitado mais as orientações de meus pais.

Peço perdão a todos pelas minhas palavras e idéias chochas, mas espero ter dado, com meu exemplo, a idéia para que se afastem dos vícios e do sexo impuro.

Peço aos que me trouxeram até aqui que me confortem com a permissão de ver os meus filhos, mesmo que não se lembrem mais de mim, mesmo que o pai lhes tenha dito quem realmente fui. Será que poderei dar-lhes a sensação de que sempre os amei, apesar de tão irresponsável? Façam-me acreditar que ainda existem esses laços, pelo amor de Deus, senão vou ficar completamente louca!

Desculpem-me as emoções que estou sentindo. Sei rezar o pai-nosso e a ave-maria e foi o que vim fazendo desde algum tempo. Será que essas orações me fizeram bem? Pois vou acompanhá-los para onde quiserem levar-me, pois me encontro sem medo e amparada.

Graças a Deus!

Ia saindo sem agradecer ao amigo que está escrevendo e me fizeram voltar para esta manifestação de apreço. Devo dizer que não conhecia este senhor e que fiquei muito grata com sua dedicação. Se é isso que vem fazendo, pode estar certo de que muito está ajudando à gente sofredora. Fique em paz!



Comentário

O grupo não deseja estender-se em comentários, a que está muito acostumado o escrevente. O objetivo é levar as entidades assistidas a compenetrarem-se de que as mudanças de procedimentos que lhes propomos são para o bem. Se aceitarem as sugestões, ótimo! Serão encaminhadas para as instituições adequadas para seu tratamento. Se não aceitarem, serão conduzidas para câmaras de espera, onde são reconstituídas por suas mentes as condições em que se encontravam antes do ato socorrista, de modo que sentirão, por mais algum tempo, exatamente as mesmas sensações que lhes davam a contextura de sua condição, com a diferença de que estarão protegidas de ataques exteriores. Futuramente, novas oportunidades lhes serão oferecidas para a reflexão a respeito do socorro que lhes está sendo manifestado.

Tudo o que fazemos é com muito amor e consideração pelo estado de deterioração moral dos irmãos imersos no sofrimento atroz do arrependimento. De resto, se não se arrependeram, aí os conduzimos à meditação da necessidade de se verem às voltas com as acusações conscienciais.

Eis que desvendamos algumas das atividades para que o amigo possa entrever o tipo de serviço que prestamos. É só uma fase das atribuições, que abandonaremos no momento em que tivermos acrescido mais méritos ao ativo e fizermos jus a algo mais importante. Para nós, portanto, a mediunização e a psicografia são absolutamente secundárias, pois as diretrizes do trabalho são bem outras. Só estamos insistindo na ajuda do escrevente, para o aperfeiçoamento necessário para o nosso desenvolvimento nesse campo do conhecimento.

Para finalizar, devemos dizer que o apoio que solicitamos dos amigos encarnados será o da prece em favor dos socorridos, o que pedimos também ao irmão médium.

Fiquemos todos nas mãos do Pai!



EM TEMPO. Atendendo à vibração da irmã socorrida, iremos avaliar a possibilidade de levá-la até os filhos, principalmente porque podem estar desejando-lhe o bem na espiritualidade, ao influxo benéfico da saudade que se sente espargida no ar, em torno da data destinada à recordação dos finados. Esperemos em Deus que algo de bom esteja no coração dos familiares, o que é bem possível que esteja ocorrendo, dada a forte impregnação magnética que percebemos na aura da irmã.

Para quem “não se estende em comentários”, até que demos alguma trela à curiosidade sadia do amigo.

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