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Ensaios-->6. DUPLA RECORDAÇÃO -- 02/06/2002 - 10:36 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O dia está fervendo. Maravilhoso sol se expande em luz, de modo que as pessoas se sentem afogueadas, desejosas de líqüido, procurando matar a sede com copos e copos de refrigerantes e de cerveja. Sinto que meu desejo também é esse, pois a garganta está ardendo, mas não consigo aproximar-me de ninguém que possa oferecer-me o lenitivo de simples copo d água.

Este sofrimento me está “matando”, como se fosse possível sofrer outra morte horrorosa, qual sofri na última peregrinação. Era pequena quando fui mordida por cachorro louco. Não sabia o perigo que estava correndo e o sofrimento foi muito grande.

Quando cheguei a este lado, lamentei bastante a desdita de ter de partir tão cedo e lancei contra Deus as mais horrorosas pragas, infestando a alma de negro ódio e pavoroso descrédito na justiça do Pai. Achava que merecia muito mais da vida, pois, com oito aninhos, não poderia eu oferecer à maldade qualquer obra digna de tão pavorosa pena.

Custei para entender que havia perdido excelente oportunidade de compreensão dos divinos desígnios, pois obstei, com cega atitude, que a memória me valesse para estímulo da descoberta da verdade.

Sei agora de tudo. Sei que perdi a oportunidade de crescimento e também quanto fui perversa e má em encarne anterior. Mas foi preciso muito trabalho de ajuda de amigos e companheiros na espiritualidade, para fazer-me despertar para a realidade.

Ainda agora tremo ao me lembrar de quanta dor causei e quão estúpida fui em não ter aceitado o sofrimento como conseqüência natural dos débitos. O interessante é que, por retrocesso psíquico, consegui reaver a memória do momento em que anuí em ter vida curta e morte penosa. Com que não concordei foi deixarem-me livre para o destino que se abria luminoso para a vida, em felicidade, e, de repente, sem que suspeitasse, eis-me às vascas da morte, pronta para retornar, sem qualquer preparação.

Minha família é católica, de modo que o sofrimento foi computado como resultado da vontade do Criador, sem, entretanto, qualquer consideração de ordem moral. Sendo assim, os meus parentes, que ainda vivem, elevam o pensamento ao Pai e rezam para minha alma, como se fosse anjo de candura, batizada e feliz no reino de Deus. Isso me atormentou durante bom tempo, pois ia visitá-los, para pedir-lhes preces que me aliviassem o sofrimento, e só conseguia lágrimas e vibrações de desespero pela falta que lhes fazia.

Rogo ao Criador que me dê forças para ir amparar os pobres velhos, o que começo a fazer a partir desta manifestação. Quem sabe, um dia, ao se lembrarem de sua Rute, venha a inspirá-los a ler esta comunicação, para o que peço aos orientadores permissão para publicação.

Dizem-me que esse caminho será o mais longo e difícil; que é preferível ir em busca de auxílio das equipes de socorro espiritual afeitas a esse tipo de assistência.

Pois bem, tudo farei para levá-los à compreensão da real destinação de sua filhinha.

Pedem-me para compreender que a violência de minhas atitudes não recomenda que me aproxime de ninguém, sob o risco de tornar as pessoas nervosas, pressentindo só que haja más vibrações. Eu me tornaria obsessora ao invés de alguém desejoso de ajudar a se encontrar a verdade. Faria melhor se orasse por eles, sentidamente, pedindo a Deus que os proteja de ter más impressões da vida.

Farei isso, certamente, agora que estou reconhecendo a verdade das palavras que me são endereçadas.

O escrevente pede-me para relatar algo que possa fazê-lo ciente de minha verdadeira condição, uma vez que lhe parece, às vezes, que sofro muito e, outras, que estou bem e lúcida. É que recebo a magnetização e a influenciação dos irmãos que me acompanharam até a casa, para escrever o que sinto e o que desejo que venham a fazer por mim.

Quando me referi aos meus pais, na verdade, estava querendo aproximar-me deles, porque reconheci as pessoas que me deviam muito do encarne anterior, de modo que não aproveitei o ensejo senão para ver se me livrava das pressões que estão exercendo sobre mim.

Reconheço que minhas tendências não são boas e isto faço coagida pela circunstância de ter de falar a verdade, pois desejo receber o socorro destes irmãos. Se me rebelar, se demonstrar que não estou de acordo com a vontade deles, com o trabalho, conforme me dizem, sei que vou perder a oportunidade de livrar-me de muitos sofrimentos.

Quando consegui internar-me na carne, fiz promessas que não cumpri. Não quero agora passar pelas mesmas crises de consciência por proceder exatamente do mesmo modo. É preciso fazer valer a experiência e transformar o sofrimento em aprendizagem de algo valioso para a personalidade.

Quero agradecer aos amigos que me assistem a facilidade que estou encontrando com o uso das palavras. Quero crer que o escrevente poderia obter ditado melhor conduzido, se fosse qualquer um deles a realizá-lo. Quanto a mim, a pouca instrução que trago da penúltima viagem pela Terra só é suficiente para garatujar algumas imprecações, de maneira que a terminologia não deve ser imputada a meus débeis recursos.

Veja como a frase acima ficou bem redigida e como a desenvoltura que demonstro possuir pode levar qualquer leitor a enganar-se quanto às minhas possibilidades intelectuais.

Pedem-me para não ser falsamente modesta, pois a minha educação remonta a vidas anteriores, pessoa de muitas leituras que fui um dia. Dizem-me para não me fazer de “coitadinha”, que não haverá ninguém para se condoer por uma fantasia e que já basta a péssima pessoa que sou, para provocar as preces mais emocionadas.

Realmente, a minha luta tem sido essa: dizer mentiras sobre mentiras, de modo que até eu mesma acabo não sabendo mais onde começa a verdade e onde está o intuito de disfarçar a realidade.

De coração, peço perdão por ter ocupado tão mal o tempo dos amigos. Sinto-me aliviada e pronta para receber as ordens que me forem dadas, na intenção de me ser proporcionado algum lenitivo. Como gostaria de obter permissão para escapar de todo este mal-estar e de voltar à carne, para brincar com as bonecas, alheada dos problemas que submergiram no esquecimento de minha infância! Essa é a recordação que me servia de muleta, para conseguir afastar um pouco a dor das vibrações horríveis que lançava contra a Divindade, nas crises em que a cabeça se confundia, durante as quais parecia enlouquecer.

Agora estou sentindo-me bem e peço a Deus que providencie o melhor de suas bênçãos aos irmãos que me atenderam.

Não fique o médium penalizado por não lhe ter oferecido algo bom para sua pena tão operosa. Certamente, os instrutores comparecerão para complementar a minha fala, já que estão a me garantir que as orientações esclarecerão os pontos que tiverem ficado obscuros.

Grata a todos. Espero que me perdoem.


Comentário

Em verdade, a irmãzinha obteve a intervenção de diversos amigos da espiritualidade, para que pudesse prestar o depoimento. Pelo retrospecto que nos foi permitido realizar, pudemos perceber que todo o grupo vem lutando tenazmente por conseguir melhorar, pois, por diversos séculos, estão juntos em vidas de expiação e confronto, de sorte que, atualmente, podem contar com o conhecimento da intimidade consciencial uns dos outros. Longe da perfeição, percebem, contudo, de que fraquezas têm de se livrar, para o que estão despertando celeremente. Há alguns, entretanto, que se encontram mais atrasados, largados no báratro ou internados no mundo. O que mais os atemoriza, neste período, é que a liderança está em mãos menos hábeis, já que o chefe do grupo se encontra peregrinando na carne, sendo, justamente, aquele que se tornou pai de nossa amiga.

Este preâmbulo deve satisfazer a curiosidade dos leitores para as explicações que se seguirão e que, sucintas, irão desvendar alguns segredos da loucura da depoente.

É que Rute não conseguia reconhecer os amigos que desejavam levá-la à compreensão da necessidade de sujeição ao destino que lhe foi traçado e com o qual havia concordado. Revestidos de autoridade, determinaram-lhe saudar os pais, para avaliar quanto estavam sofrendo por ela, razão do muito amor que lhe dedicam. Ao invés disso, lastimou tão-só a incompreensão de sua condição inferior e abusou do poder de vergastar a divina justiça, increpando-a pelos males que sofria.

Não iremos apontar falhas de caráter, analisando o que de malícia se contém no longo texto. Cremos que os leitores sejam capazes de realizar tal façanha. O que, reiteradamente, enfatizamos é a necessidade de ver na manifestação não a pessoa que a produziu, mas os fatos e condições que a levaram a isso, para rogar ao Senhor que o esclarecimento se transforme em lição de vida, a ponto de tornar-se em sinal de alerta para não se cair nas mesmas armadilhas.

Quanto à pobre irmã, já se sabe: é orar muito por ela, com sincera intenção de ajuda. Vamos fazê-lo em nome dos ensinos de Jesus, que nos pediu que fôssemos bons samaritanos a acudir aos assaltados pelas vicissitudes da vida.

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