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Ensaios-->29. GRATA FRUSTRAÇÃO -- 25/06/2002 - 06:03 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ouso dizer que não me convém ficar aqui à disposição dos amigos, uma vez que, com certeza, irei ser inconveniente e, portanto, prejudicial a mim mesmo, se não for ainda grosseiro o suficiente para magoar as pessoas que entrarem em contacto com esta comunicação mediunicamente transmitida.

Vou ser sincero e espero igual demonstração de franqueza de todos. Não estou disposto a ouvir “ais-coitadinhos” de ninguém, pois, se disser que fui mau, que despertei a fúria incontida de muitos desafetos, foi porque tinha em mim vermezinho ruim que me corroía o fígado e me inundava de bílis todo o organismo. Era supremamente vaidoso, tanto que, até agora, tenho a presunção como norma de procedimento.

Insistem para que fique. Caso o texto não possa ser aproveitado como reflexo desse problema sério que tanto me desandou a personalidade, será jogado ao fogo, que o consumirá, restando só cinzas do papel ora manchado por estas palavras mal dispostas.

Podem ter a certeza de que, em vida, teria rejeitado “in limine” este “trabalho” como tendo origem espiritual. Não admitia a possibilidade da vinculação entre os mundos espiritual e carnal. Só aceitava como plausível o ato de vontade do Senhor ou a manifestação pegajosa e maligna dos dominadores do inferno. Hoje, o que escarnecia com rudeza parece a salvação para os que se encontram enganados, até mesmo neste lado das sombras.

Não fui mau quanto ao relacionamento com as pessoas, quando tratadas de igual para igual. Mas fui soberbo, orgulhoso e despótico para aqueles que rastejavam socialmente diante de mim. Da mesma forma que rejeitava a teoria espírita, também abominava os seres das classes inferiores. Não tinha comiseração para com os sofredores e reiteradas vezes determinei que se escorraçassem os miseráveis que se postavam nas redondezas de minhas propriedades.

Como gostaria de esquecer aqueles dias de “glória” terrestre! Se me fosse dado transformar o passado em pasta para converter em algo disforme, irreconhecível, amoldável e transferível, eu o faria imediatamente. Nem por isso, no entanto, irei mentir, para não deixar escapar esta oportunidade de restauração dos laços que me unirão aos bons. Sei que não devo transgredir as normas de relacionamento entre nós para não ter de voltar a vagar sem destino pelos campos imensos da erraticidade.

Aos poucos, as forças vão faltando-me e me sinto esvair. Não estou conseguindo imprimir vibrações ao cérebro do bondoso escrevente, pois não encontro energia para suplantar as dores que se avizinham rapidamente. Sei que vou desmaiar. Prendam-me, por favor, fortemente a vocês, já que estou...


Comentário

Este exercício de reencontro com a verdade fez muito bem ao amigo. Antes de mais nada, é preciso rogar para ele a misericórdia divina, para que possa criar coragem para enfrentar o verdadeiro monstro em que se tornou, por causa dos inúmeros crimes que promoveu.

Em vida, foi o que realmente tentou passar e nenhuma de suas palavras refletiu algo que não tivesse sido verdade. Contudo, as lembranças foram demasiado fortes para que pudesse retratá-las, pois ainda não se desvinculou realmente do sofrimento que o arrastava pelo etéreo.

Há quem compareça à sessão com a mente desanuviada das pressões morais, de forma que se conduzem exteriormente em consonância com as diretrizes gerais do procedimento ético entre os seres. Há aqueles que nos chegam em desespero absoluto. Os primeiros conseguem administrar a vontade, dando-nos ensejo de conduzi-los à psicografia, momento em que dão vazão aos sentimentos e pendores intelectuais, demonstrando, através de seu relato — direta ou indiretamente — quem são e o que os levou a moldarem as personalidades. Os últimos, simplesmente, estão impedidos de se comunicarem, pois não saberiam o que fazer, produzindo vibrações sem nexo, impossíveis de serem traduzidas com proveito. Para se ter idéia, teríamos algo assim:

'Por favor... eu me enganei... estou sofrendo... rezem por mim... salvem meu filho... não fui bom... estou doente... sinto-me...'

O amigo de hoje, tudo indicava, iria proporcionar-nos tarde de intenso trabalho psicográfico, pois veio dotado de aparente segurança e seu cabedal de conhecimentos incluía até noções seguras da doutrina que rejeitara durante o encarne. No entanto, o rigor excessivo contra si mesmo, o acérrimo sentimento de culpa e o remorso incrível provocado pela angústia da vaidade exacerbada culminaram por obrigá-lo a largar o posto em estado de depressão aguda.

Isto não foi bom para o desenvolvimento do relato e para a exata compreensão da extensão dos problemas, na elaboração do processo de causa e efeito para a produção de suas reações e de sua personalidade, o que exigiu de nós este prolongado comentário. Mas para o tratamento das afecções morais, a reação nos ensejou a melhor oportunidade, pois no-lo colocou nas mãos, para que efetuássemos o socorro oportuno, sem resistências descabidas.

Eis em que deu esta tarde de psicografia. Esperamos que não tenha gerado decepção. Antes, aproveitamos para incentivar as preces em favor destas desgraçadas criaturas. Oremos, irmãos, e façamos pelos semelhantes como gostaríamos que se fizesse conosco. Lembremo-nos de Jesus em seu calvário de dor e saibamos dar aos acontecimentos o justo valor, para se reconhecer neles o dedo de Deus.

Fiquem na paz do Senhor!

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