Eu tinha um amor de talhe elegante,
Alto, rosto de deus grego, lábios de mel,
Mãos finas, macias como as de uma bacante,
E, no anular da esquerda, trazia um anel...
Não foste um óbice, isto um dia eu te direi,
Só deixaste marcas oásicas que guardo como penhor.
Falar-te-ei da peleja que venci com honor,
Do segredo e de quanto sangue nela derramei...
O segredo do meu coração só será conhecido,
Quando tu, homem querido,
Leres os poemas de minha vida,
E nas entrelinhas descobrires a mensagem escondida...
Ficarás surpreso com o trabalho,
Das nove musas, que operaste em mim...
No meu desértico interior brotou um jardim,
E, em suas árvores, minhas estrofes entalho...
Saberás que a tua presença me fez bem,
E que o sofrer, com a tua longa ausência,
Inspirou-me versos, com a força que eles têm,
De tornar-te um Apolo em minha existência...
Virá o dia que, do segredo, serás inteirado,
Pois chegaste para ser, por mim, mui amado,
Mudar meu destino... Fazer-me pitonisa?
Não! Apenas poetisa....
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