sonhos
maria da graça almeida
são doces, açucarados,
levemente recheados,
os sonhos que coloridos
conduzem-me ao infinito.
sonhos que sonho acordada,
à tarde ou nas madrugadas,
quando construo castelos,
criando contos singelos.
as fantasias me assistem
e eu eufórica ou triste
deixo-as aqui anotadas,
ou na lembrança guardadas!
reportam-me a bruxas, fadas,
a princesas encantadas.
a certos bichos ferozes,
ou a gigantes algozes!
lembram-me de certos palhaços,
do aconchego do abraço,
da algazarra das crianças,
dos noivos com aliança.
Trazem-me da infância, encantos
e da adolescência, o pranto,
falam de tantos enganos,
recuperam-me os doze anos!
esses sonhos retratados,
são os sonhos resgatados
do baú desta minh alma,
cheios de hortênsia e palma!
e quando então levantado
o véu do meu passado,
sinto que todos meus mitos,
causam-me certos conflitos!
é algo como respirar
da flor o aroma no ar,
sem, nem por um momento,
poder sua cor contemplar.
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