Pouco grão
maria da graça almeida
Terra seca,
ventre oco,
pobre chão.
Magros sonhos,
muita boca,
pouco grão.
O rei -que não sente
a seca inclemente-
só finge não ver
a gente que sofre,
morrendo carente,
no chão sem semente,
sem pão pra comer.
A água que falta
no colo do solo
e mata o grão,
renasce, então, farta,
nos olhos do homem,
que teme a fome
nascida do chão.
Terra seca,
ventre oco,
pobre chão.
Magros sonhos,
muita boca,
pouco grão.
maria da graça almeida
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