A idéia de felicidade na crosta terrestre passa, quase sempre, pela constituição de família equilibrada, onde pais e filhos interajam em harmonia e paz, todos saudáveis, estudiosos e progressistas, principalmente no que se refere aos bens materiais. Quanto aos aparatos espirituais, se existirem e se estiverem em constante crescimento, tanto melhor, mas o que realmente importa aos encarnados é a segurança do trato afável, o convívio honesto e a benquerença mútua.
Claro está que tais desejos são os mais corriqueiros e encontradiços, no entanto, famílias existem que contrariam inteiramente tais perspectivas de vida. Muitos visitam os pais como se se desincumbissem de meros compromissos sociais, levando-lhes presentes e instando para que ajam desta ou daquela maneira mais propícia para favorecer os próprios interesses. Tudo não passa de jogo, de comédia, de disfarce das intenções ocultas de se levar vantagem de alguma forma. Fuja, caro leitor, de se encontrar em tal situação.
Há ainda outro tipo de relacionamento familiar, pouco comum mas não tão raro, extravagante do ponto de vista do senso comum, em que os integrantes das famílias se dispersaram pelo mundo no desejo de exclusivamente conseguir crescer materialmente ou artisticamente, sem promover ou requerer o amparo de uns para com os outros. São pessoas egoístas e que, muito tarde, despertam para os problemas morais ocasionados pelo descaso, quase sempre acicatadas pelos descendentes, que vêm à sua companhia com a missão de fazê-las refletir a respeito de sua maneira de encarar a vida.
Raríssimos casos existem de seres congregados ao derredor de valores puramente morais e espirituais, cujas reuniões se constituem em verdadeiros seminários de temas de elevado teor metafísico e cuja alegria advém do fato de se saberem partícipes de confraria espiritual de nível superior. São equipes que se reúnem sem data marcada e que se procuram durante a vigília e mesmo em estado sonambúlico. Em datas festivas como a de ontem (Dia dos Pais), o motivo da festa é elevado a níveis muito altos, de sorte que os congraçamentos se tornam motivo para empolgações de ordem superior, no que diz respeito às vibrações que, em conjunto, o grupo familiar consegue enviar às esferas em que se situam os demais parentes retirados das lides carnais.
Se você, bom amigo, estiver em condições de avaliar a família e se chegar à conclusão de que pertence a esta última categoria, sinta-se muito feliz, mas saiba que as responsabilidades estão acrescentadas de compromissos muito mais rígidos e abrangentes. Qualquer, no entanto, seja o tipo de relacionamento entre os seres, busque fazer que as reuniões tenham cunho mais espiritual, dirigindo as palestras e discussões para temas de indiscutível valor moral, para o que você deve preparar-se convenientemente, estudando antes os assuntos que deverão fazer parte do roteiro a ser apresentado.
Se o conjunto das pessoas aceita espontaneamente os ditames da doutrina espírita por você esposada, não se acanhe em apresentar as idéias mais recentes provindas das reflexões e leituras. Se a turma contiver elementos ainda não enfronhados nos temas do Espiritismo, tome cuidado para não oferecer motivos de insegurança ou desconfiança de que possa haver alguma espécie de desequilíbrio mental, pois as pessoas não afeitas aos pontos de vista dos espíritas costumam ficar arraigadas em teses contrárias, firmando ainda mais suas opiniões e conceitos, de modo que muito mais difícil se torna levar-lhes a luz do conhecimento espiritual revelado pela doutrina de Kardec. Nesse caso, os temas devem ser de caráter mais geral, principalmente voltados para a valorização do procedimento moralmente superior fundamentado nos preceitos evangélicos, o que aliviará prováveis tensões e evitará discussões estéreis e desnecessárias.
Finalmente, se, de todos os que se reunirem, só o caro leitor tiver conhecimentos hauridos diretamente da luz da Terceira Revelação, então, a conduta deve pautar-se por integração com os demais envolvida pelos sentimentos da compreensão e do amor, de sorte que, de sua serenidade, de seu elevado entendimento do devir humano, possa brotar, na alma dos companheiros, espírito de solidariedade e de respeito, para que, ensejada oportunidade, você possa oferecer-se para trazer palavra ponderada e esperançosa. Enfim, pautar o procedimento pelo mais puro e harmonioso espírito de caridade, aquele afeto íntimo que faz as criaturas se unirem em derredor do amor ao Criador.
Que você, caro amigo, tenha também passado o domingo bem feliz, longe dos tormentos das incompreensões e do desejo de ser superior, sem que, para isso, em nada se tenha esforçado. Outros domingos virão, cheios de significados afetivos. Que possa usufruí-los na paz do Senhor, na convivência mais pacífica e harmônica com aqueles que constituem o seu grupo familiar!
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