Muito embora haja pessoas lúcidas na crosta, o mais comum é encontrarem-se indivíduos imersos na mais penumbrosa ignorância. Se os piores cegos são os que não querem ver, assim deve ser considerada a maior parte das pessoas a quem chegam as revelações espirituais provindas do Alto por meio da mediunidade, as quais insistem em não atender aos reclamos de maior harmonia vivencial.
Outrora, a humanidade clamava por sinais do etéreo que confirmassem as intuições da existência de “vida” no além. Hoje, com todas as manifestações, ainda assim as pessoas hesitam em aceitar, desejando demonstrações cabais que raiam pelos feitos miraculosos. O milagre da vida deveria ser suficiente para a crença em um criador supremo, um deus de poder absoluto. Pois bem, nem isso atemoriza a maior parte dos encarnados, que se regem pelas certezas da carne e renegam qualquer aspecto espiritual. Ou por outra, quando aceitam a permanência do homem em forma espiritual, querem para eles o usufruto de pleno direito de todos os prazeres carnais quintessenciados. Os aspectos da moralidade superior, os ensinamentos cristãos ficam relegados a segundo plano e só vale para a pequenez de sua visão aquilo que puderem arquitetar como máxima felicidade carnal.
O caminho da redenção está aberto para quantos queiram trilhá-lo, mas podem-se contar nos dedos os homens que, realmente, efetivamente, se esmeram por merecer as dádivas das divinas bênçãos.
Sem esta condição de espiritualidade, deixam o plano da matéria e adentram o espiritual, prontos para receberem o “visto” de entrada no paraíso que imaginaram. Pobres coitados! Criaturas em desespero, julgam-se totalmente frustrados na expectativa de descanso, inconscientes de que o sono reconfortante que esperavam gozar já o tiveram na existência desperdiçada. A perspectiva de prosseguir na luta pela conquista dos bens julgados perdidos se torna obsessiva e os desavisados ensandecem diante da própria desídia.
Não se pense, porém, que a dor, o sofrimento, a angústia dessa decepção cumprem o papel de despertadores da consciência. De modo algum. A só passagem pelo desespero não é suficiente para acender qualquer luz que possa significar a percepção dos reais valores da existência. Se nenhuma virtude foi adquirida, como admitir-se qualquer mérito nesse desespero?! E assim retornam mais outra vez à face da Terra, para ver se conseguem despertar para os mandamentos supremos do Criador, através da luminosidade das palavras de Jesus ou de qualquer outro benfeitor da humanidade, encaminhado por Deus com a tarefa de auxiliar o homem comum a vencer as barreiras das perversidade, do egoísmo, dos crimes, das vilipendiações. De novo na carne, porém, reacendem-lhes os desejos de usufruto das benesses e das regalias do comodismo e esquecem-se de que têm de trabalhar duro para lograrem algum progresso. E dormem a sono solto outra vez.
Essa espécie de círculo vicioso é que pedimos para que os irmãos rompam, quer para si, quer para o semelhante necessitado. Há precisão de se pregar a palavra do Cristo e a revelação kardeciana. Se a ignorância de seu amigo for muito grande, não haverá necessidade inicial de se evocarem os conceitos abstratos muito sutis das leis e mandamentos cármicos. Bastará que se lhes chame a atenção para a exigência de se dar bem com o semelhante, através da obediência dos conceitos de igualdade consignados nas leis humanas. O que importa é que se peça isso seriamente, exemplificando o amor com amor, a justiça com justiça, invectivando a falsidade, a ganância e estimulando o trabalho e a fé no divino poder.
Impedir o crescimento em crimes já será de grande importância para o resgate dos débitos iniciar seu processo. Se o irmão tiver sido educado na escola da vida, saberá reconhecer a valia das palavras de muito amor, pois saberá compreender a lei de causa e efeito. A partir daí o incremento dos conhecimentos poderá dar-se mais velozmente, de sorte que, em breve, teremos alguém acordado para a própria salvação.
Amigos, se vocês estiverem dispostos a colaborar conosco nessa sagrada missão do despertar dos que jazem dormindo em suas vidas improfícuas, basta que orem fervorosamente que receberão do Alto o apoio espiritual necessário para que se encham os corações de coragem e virtudes. Vamos todos em conjunto iniciar já este ministério de amor que adquiriremos, em tempo oportuno, o direito de gozar do sono reconfortante, pois teremos assegurado o despertar em ventura.
