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Ensaios-->5. “O GATO DE MADAME” -- 06/11/2003 - 06:33 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quem não gostaria de ser “gato de madame” no regaço do Senhor?!

Pois muitos assim se consideram e se sentem apaniguados e protegidos, porque têm de tudo: boas casas, muito dinheiro, prosperidade nos negócios, amizades à farta, intelecto privilegiado, conhecimento desenvolvido em alguma área do saber material, projeção social, relevância política. São verdadeiros “gatos de madame”.

Como você, caro amigo, se sente? Tem esses privilégios do bem viver ou curte alguma situação de inferioridade social? Possui emprego vitalício ou pula de galho em galho, mal sustentando-se com os parcos salários que recebe? Tem família numerosa para alimentar ou se deixa levar pelas idéias da limitação de filhos do famigerado planejamento familiar? Como você encara a vida?

Eis o busílis da questão: como recebe a sua carga de trabalho físico e moral? Sendo “gato de madame” é fácil de se desincumbir das tarefas materiais, mas será que o mesmo ocorre com aqueles relativos ao espírito? E sendo “pé-rapado”, fica simplificado resgatar os pregressos deslizes e enfrentar as atuais condições morais?

Como você, caro amigo, responde a cada uma das inquirições? Com os Evangelhos na mão? Com displicência, negligenciando a necessidade de análise íntima da consciência, a qual determina toda forma de procedimento?

Eis que é chegada a hora do enfrentamento. Diante de nós está a encruzilhada da vida: são duas estradas tradicionalmente descritas como sendo a primeira larga avenida, pavimentada, cercada de frondosas árvores, à sombra das quais o viandante pode refrescar-se e descansar das labutas e do cansaço de leve jornadear; a outra, áspero e pedregoso caminho, ínvia estradinha cheia de obstáculos, onde a árvore mais benfazeja se apresenta espinhosa, servindo de moradia para ameaçadores e venenosos insetos, sob a qual repousar é impossível.

“Gatos de madame” escolheriam a primeira e seriam tantos que entupiriam a avenida em toda a largura. Aos pés-rapados, o ínvio caminho espinhento.

Já está o esperto leitor a contradizer:

— Se são tantos os miseráveis do mundo e tão poucos os ricaços, donos das fortunas e do poder, como aceitar o fato de que os “pés-rapados” caberiam na estrada das dificuldades?

É que nem só de milionários se compõe a multidão que perlustra a avenida dos sonhos; por ali transitam também os pobres de bolso e, ao mesmo tempo, desprovidos de qualquer riqueza espiritual. Estes também são “gatos de madame”, à sua maneira.

— Como definir, então — perguntarão os suspeitosos — o “pé-rapado”?

“Pé-rapado” é todo aquele que, ao assumir o compromisso com a vida, se dispõe a encará-la de modo simples, modesto e humilde, mas da simplicidade, modéstia e humildade dos santos e apóstolos. São “pés-rapados” no sentido de que não têm de si mais que suas realizações no campo da moralidade, do altruísmo, do verdadeiro e sadio desprendimento de tudo, para que sobeje ao irmão desavisado. Por isso são poucos mas, ao invés de se empurrarem uns aos outros na caminhada, estendem-se as mãos e conseguem amenizar as dores e sofrimentos que a vida de sacrifícios lhes impõe. São aqueles que chegam ao “lado de cá” prontos para receber os louros da vitória.

Os demais, adormecidos no regaço da madame, adentram a espiritualidade prontinhos para recomeçarem a luta nas cavernas, essa sim agoniada, infeliz. Empavonados à luz do Sol, gemem agora na amargura das trevas. Mas não aprendem. Basta que oportunidade lhes seja acenada de se internarem novamente no veículo carnal, já principiam a ronronar amorosos e dóceis, aspirando pelas comodidades traiçoeiras dos encarnes irresponsáveis e imprevidentes. Nascem e renascem, como se a própria vida na Terra representasse o paraíso a que devessem aspirar, surdos às prédicas mais sonorosas, cegos às palavras mais luminosas, ignorantes e inconscientes.

Bom amigo, esperamos que você não esteja tomando como de espinhos a sua alameda florida e perfumada. Pequenos percalços na vida não querem significar escolha perfeita do caminho. A própria natureza da condição de encarnado pressupõe alguma dor, algum sofrimento. O que indicará com segurança que seu caminho é o que leva à redenção é sua capacidade de amar e de doar-se. Mesmo que se julgue “gato de madame”, mesmo que as suas messes materiais tenham sido abundantes, mesmo que sua vida seja farta, mesmo que seja abonado física e intelectualmente, não quer dizer que não mereça receber do Alto a justa comenda por trabalhos prestados.

Aceitar a própria condição de vida sem reclamar pode ser o indício de que as coisas estejam caminhando bem. Lutar por progredir na compreensão e aplicação dos ensinamentos de Jesus será certamente o mais seguro roteiro para a ascensão moral e espiritual. Crer-se que já se tenham conquistado todos os méritos por conhecer os princípios da doutrina espírita, por ter tido a capacidade, a paciência ou a curiosidade de ler os Evangelhos e as obras de Kardec, pode ser perigoso obstáculo à concretização dos ideais de reencarnação. Vigiar os sentimentos, sufocando os que indicam grandeza, orgulho e egoísmo, é imprescindível para os querem ascender na escala da espiritualidade. Obrar com fé na recuperação do irmão desvalido é condição para essa ascensão. Orar fervorosamente pelo amparo de luz dos irmãos maiores é gesto de profundo respeito pela constituição, pela organização impressa no universo pelo Criador. Amar a vida e estender esse amor a todos os semelhantes é prova cabal de merecimento da beatitude eterna. Agir em consonância com os ditames das leis de Deus é assegurar-se do paraíso celeste.

Por isso, irmãos de fé, nós os abraçamos neste momento em que, sob o influxo das vibrações de mútua compreensão, somos capazes de bem reconhecer no ato da criação todo o amor de Deus. Congracemo-nos, pois, em prece de profundo agradecimento e oremos para que um dia, todos reunidos no regaço do Senhor, tenhamos alcançado os méritos necessários para sermos verdadeiros “gatos de madame”.

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