LITERATURA PIAUIENSE PARA ESTUDANTES
Paulo Monteiro (*)
País continente e dos mais populosos, o Brasil tem uma literatura que é a soma das literaturas regionais, sendo a sua história a daqueles escritores que ultrapassaram os limites da província, em termos de reconhecimento. Tal constatação não é recente e já no início do Século XX assim o expressava José Veríssimo ao escrever sua “História da Literatura Brasileira” (1906), tanto que ele via na história da literatura brasileira “a história do que da nossa atividade literária sobrevive na nossa memória coletiva de nação”. (Op. cit., p. 30, Editora Record, Rio de Janeiro, 1998).
O piauiense Adrião Neto é divulgador incansável de uma dessas literaturas regionais. Seja através do “Dicionário Biográfico Escritores Piauienses de Todos os Tempos” (1993 e 1995), seja mediante “Literatura Piauiense para Estudantes”, ora em sétima edição, as letras do Piauí têm sido intensamente difundidas por esse pesquisador conscencioso.
“Literatura Piauiense para Estudantes” não é uma história da literatura propriamente dita. E a obra vem sendo reeditada seguidamente. Não é reimpressa, apenas. Tenho às mãos a 2ª edição, 1997, 218 páginas, a 4ª edição - revista e melhorada, 1999, 165 páginas e a 7ª edição - revista e melhorada, 2000, 176 páginas, todas pela Edições Geração 70, de Teresina.
Entre a segunda edição e a mais recente, a obra sofreu profundas modificações. O número de autores foi reduzido de 102 para 57 e 40 em cada uma das edições analisadas. Com isso, Adrião Neto se aproxima do ideal preconizado pelo clássico historiador e crítico paraense, estando cada vez mais perto de escrever uma verdadeira história literária piauiense.
Se a primeira das versões impressas, por mim examinadas, tem um estilo mais laudatório, este vai-se apurando cada vez mais até apresentar-se quase impessoal na mais recente. A periodização da literatura também sofreu alterações, já na quarta edição. Se antes se iniciava em 1779, com a publicação do “Diário dos mais notáveis acontecimentos da Guerra dos Pimenteiras”, de João do Rego Castelo Branco, passa a começar em 1808, com a edição do livro Poemas, do bocageano Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva.
Outras duas alterações significativas dizem respeito à fixação de períodos mais de acordo com a divisão já consagrada da literatura brasileira nos manuais escolares, e a limitação do número de autores, recolhendo aqueles mais preocupados como os elementos estéticos da literariedade.
A soma de todo esse labor demonstrado por Adrião Neto em “Literatura Piauiense para Estudantes” demonstra a seriedade do estudioso, fazendo dele não o simples autor de um livro, mas o edificador de uma obra. Isso dá solidez ao trabalho, justificando as sucessivas tiragens e recomendando o seu uso nas escolas e a leitura por tantos quantos queiram iniciar-se no conhecimento da literatura do Piauí.
Paulo Monteiro conceituado escritor, crítico e jornalista gaúcho.
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