Os caminheiros se encontram indecisos na encruzilhada. Têm diante de si três desvios de caminho, sem qualquer indicação para onde conduzem. Sendo três, prefeririam não desafiar a sorte individualmente, mas, por via das dúvidas, põem-se a discutir a respeito da melhor solução para a crise.
Imediatamente, surge a idéia de que devam seguir juntos por um deles, pois a divisão das forças poderá pôr a perder o que até aquele instante tinham conquistado. De acordo nesse ponto, passam a decidir qual via tomar e não demora muito para se chegar a acordo: seguirão pela estrada da direita que parece mais conveniente. Dois deles imediatamente se põem a caminho, mas o terceiro recalcitra, achando conveniente discutir as razões da escolha. Talvez lhe pareça que outro caminho seja preferível.
Unidos na opinião, os dois que se tinham determinado a seguir avante retrocedem e expõem claramente os seus motivos. O terceiro, não achando as justificativas plausíveis, resolve optar por outra estrada e assim fica deliberado: dois seguiriam pela direita e o terceiro, pelo centro. Logo que se inicia a caminhada, este último põe-se a clamar pela presença dos outros dois, que, pacientemente, voltam ao ponto do cruzamento para nova conferência.
Se o texto está parecendo enfadonho e repetitivo, podemos abreviar a narrativa dizendo que, até hoje, passados vinte anos da chegada à encruzilhada, lá estão a decidir os três pelo melhor caminho.
Eis o defeito da indecisão: é capaz de obstar o progresso, mesmo quando há boa vontade em se realizar os atos que nos parecem os mais importantes da vida. É preciso vencer as barreiras, mesmo que as soluções sejam paliativas. Onde quer que nos encontremos, façamos algo em favor do cumprimento dos compromissos. Desobriguemo-nos das atribuições, mesmo que tenhamos mais tarde de retornar ao ponto inicial: pelo menos teremos a certeza de que a escolha infeliz não se repetirá. O que é preciso, realmente, é não nos deixarmos influenciar por falsos argumentos nem pela ilusão de que tudo podemos fazer com perfeição. Antes e acima de tudo, o que é mais importante é que tenhamos consciência de que não estamos prejudicando ninguém nem sacrificando-nos inutilmente. Para isso, devemos rogar aos amigos que nos amparem. Vejam bem: não estamos referindo-nos tão-só aos amigos da espiritualidade, guias e protetores, mas também àqueles que conosco usufruem a possibilidade de trilhar os caminhos da carne para melhoria das condições espirituais. O irmão, talvez, não nos ofereça a solução definitiva, mas certamente nos propiciará a indicação de novos rumos e de novas atitudes. Se não estacarmos indecisos diante dos caminhos, poderemos palmilhar, um dia, a estrada que nos conduzirá à salvação.
Façamos por cumprir os objetivos da vida, para o que teremos de desbravar corajosamente a mata cerrada e desconhecida que nos antepõe o destino. Façamo-lo com Jesus no coração e armemo-nos de fé e de confiança na benignidade superior espargida por Deus por todas as esferas. Onde quer que nos encontremos, saibamos compreender que o caminho, a verdade e a vida se encontram presentes na excelsa figura do Mestre, o qual nos deixou seu evangelho de luz. Saibamos distinguir o joio do trigo mas se, porventura, nos enganarmos, ainda assim tenhamos a certeza do divino perdão e da eterna misericórdia de Deus.
Não hesitemos, pois, diante das bifurcações das estradas. Caminhemos plenos de confiança, na certeza de que receberemos o amparo do Pai, na presença inconfundível dos filhos mais preeminentes, os quais nos estimularão a prosseguir sem receios e sem hesitações, dando-nos o necessário socorro diante das vicissitudes naturais do caminho. Saibamos respeitar os desígnios do Senhor e atrevamo-nos a caminhar direito para o seu reino de amor.
|