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Ensaios-->27. SACRATÍSSIMAS BÊNÇÃOS -- 28/11/2003 - 06:15 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

— “Senhor, fazei com que sejamos dignos de receber as vossas sacratíssimas bênçãos.” Eis pequenina prece de grande poder evocativo e, no entanto, as bênçãos do Senhor descaem continuamente e nem sempre estamos em condições de condignamente recebê-las. Quão fracos somos! Que pequeninas criaturas, sem pejo de representar comédia de vida, disfarçando atitudes de profundo respeito pelo Criador e, no entanto, tudo fazendo para eludir o trabalho maior de aquisição das virtudes evangélicas necessárias para o cumprimento dos compromissos do encarne! E quantas vezes se repetem estas mesmas idéias e estas mesmas solicitações, e o homem hesita em enfrentar o destino!

Vamos, irmãos, representar cena bem corriqueira. Imaginemos que alguém se sente junto ao alpendre e exija dos subordinados o cumprimento de todas as suas vontades, até mesmo as da mais absoluta contingência fisiológica. Certamente, não demoraria muito para encontrar-se em estado enfermiço pela só inatividade e total disfunção muscular. Cairia em molambos e o coração não agüentaria sequer o esforço de prosseguir batendo. Sem estar em inanição, ainda assim não se sentiria nutrido. Totalmente imóvel, os músculos não receberiam alimento em quantidade suficiente; ficaria gordo e depauperado a um tempo. No entanto, não morreria, pois os mecanismos de defesa se ativariam de per si e lhe contrariariam a vontade, ensejando aos membros e demais elementos orgânicos a possibilidade de movimentos mecânicos de extensão e distensão muscular, que fariam com que o corpo não permanecesse por muito tempo na imobilidade imaginada pelo cérebro.

Pois é justamente assim que procede, em geral, o ser humano no campo espiritual. Não se movimenta, não se agita, não se perturba, quedando na mais rígida postura moral de que é capaz. Muitas vezes, até mesmo diante das provocações da própria conjuntura dos fatos, consegue imobilizar-se, sem qualquer reação aparente e interna. Depois reclama de não ter tido suficientes esclarecimentos e amparo dos amigos da espiritualidade, quando do reingresso no campo etéreo. Nada fizeram, mas exigem que se lhes dê o que só poderia ser dado como resultado de devida aplicação no setor da aquisição das virtudes. E exigem, batendo pé, esfalfando-se, muitas vezes até mediante a argumentação de que perpassaram pela carne, como se isso representasse qualquer sofrimento, para espíritos tão distantes da angelitude. E querem que querem, principalmente quando freqüentaram regularmente alguma instituição religiosa, contribuindo com o dízimo para os eventos eclesiásticos. Se, além destes, os sacerdotes mantiveram qualquer tipo de instituição benemerente, aí os argumentos se tornam candentes e a alocução dos direitos atinge níveis de profunda altiloqüência.

— “Senhor, fazei-nos dignos de receber as vossas sacratíssimas bênçãos!” é a prece comovida que mais se ouve, entretanto, é urgente considerar os meios através dos quais o Senhor poderá tornar alguém “digno” das bênçãos. Sentar-se no alpendre e esperar que chovam do céu as benemerências divinas, por certo, não está nas cogitações do Senhor. Parece-nos evidente que o recurso mais à mão está no cumprimento das determinações que encerram as leis de Deus — o decálogo mosaico —, e os ensinos de Jesus, fundamentalmente à luz do princípio básico do Espiritismo: “Fora da caridade não existe salvação”. E todos esses preceitos, leis e princípios morais e vitais exigem, forçam, chegam mesmo a condenar o indivíduo a se mexer em prol da concretização do mínimo que seja para merecer qualquer consideração.

Não fique, pois, amigo, aí parado. Faça alguma coisa para tornar-se digno das sacratíssimas bênçãos do Senhor, aja por amor dele em amor do próximo e, principalmente, considere, por meio da melhor meditação que lhe seja possível, que só você será o fautor de seu destino e que só a você cabe, definitivamente, desbravar esse matagal de vícios que o está imobilizando através do temor de enfrentar os espinheiros, de se ver apanhado pelos carrapichos, de se ver enleado pelos cipós ou contaminado pelos eflúvios venenosos. Se você temer desbastar essa mata que o cerca, certamente perecerá da mais profunda inanição moral, será carcomido pelos vermes da devassidão e será tragado pelo báratro, onde curtirá os atrozes sofrimentos que lhe serão inexoravelmente administrados pela consciência arrependida.

Não queira, amigo, chegar a tal situação de penúria; aja o quanto antes, agora, já, iniciando pela compreensão exata destas palavras, dando-lhes valor real, como se seres viventes fossem a sacudi-lo, a empurrá-lo, a acicatá-lo com ferretes pontiagudos, fazendo com que o temor da inércia lhe penetre fundo no coração; e aí, em pleno trabalho, convide-nos para que juntos elevemos aos céus a curtíssima prece:

— “Senhor, fazei-nos dignos de receber as vossas sacratíssimas bênçãos!”

E se, realmente formos dignos, com toda a certeza receberemos muito mais do que almejávamos e teremos bem desperta a mente para a necessidade do cumprimento dos deveres.

Que assim seja, para honra e glória de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso mestre e nosso guia, a quem devemos a felicidade de poder compreender, finalmente, o objetivo da vida na carne e a quem, com toda a certeza, iremos ficar devendo também o discernimento das atitudes que nos farão progredir na pátria espiritual.

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