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Artigos-->PERFIL: MÁRIO ROBERTO CARABAJAL LOPES -- 04/01/2012 - 21:42 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Por Paccelli José Maracci Zahler



Ao completar um ano de circulação ininterrupta na internet, a Revista Cerrado Cultural (RCC) preparou uma entrevista especial com o Prof. Dr. Mário Roberto Carabajal Lopes (MC), idealizador e fundador da Academia de Letras do Brasil.

A entrevista foi concedida por correio eletrônico, como todas as demais já publicadas pela Revista Cerrado Cultural. Este procedimento permite ao entrevistado refletir sobre as perguntas e dar a resposta que melhor expresse seu pensamento, suas idéias, sem prejuízo de suas atividades laborais, ao mesmo tempo em que é estabelecida uma parceria, uma troca, com o entrevistador.

A entrevista com o Prof. Dr. Mário Roberto Carabajal Lopes (MV) iniciou em novembro de 2011 e somente foi concluída em dezembro do mesmo ano.

Manifestamos o nosso profundo e sincero agradecimento ao entrevistado pela paciência e pela gentileza no envio das respostas.

Temos a certeza que nossos leitores apreciarão muitíssimo conhecer o PERFIL do bajeense Prof. Dr. Mário Roberto Carabajal Lopes.



RCC. Aos três anos de idade o senhor já participava de programas de auditório. Que recordações o senhor traz daquela época?



MC. São dispersas as lembranças de meus três anos: o cachorro, Boca Negra; eu em uma janela, abanando para o irmão que saia para o Colégio Estrela, que ficava na esquina de casa; lembro ainda de meu pai, tomando mate e operando um aparelho de telégrafo; gostava muito das viagens de trem com a mamãe.



RCC. O senhor se lembra se a poesia era tradicionalista ou de outro gênero?



MC. Eram versinhos populares.



RCC. O programa de auditório era da Rádio Cultura ou da Rádio Difusora de Bagé?



MC.Difusora. O programa: “Show de Domingo...”. Não lembro o nome exatamente.



RCC. Durante sua infância, o senhor participou de campeonatos “dente de leite” tanto pelo Grêmio quanto pelo Internacional de Porto Alegre. Intimamente, o senhor é torcedor de qual dos dois times?



MC. Torcia para o Internacional, mas o Grêmio, por muito tempo, deu-me grandes alegrias.



RCC. E em Bagé? O senhor torce pelo Guarany ou pelo Grêmio Esportivo Bagé?



MC. Houve o tempo que torcia para o Guarany. Hoje, ficaria feliz com qualquer um deles, o que saísse bem nos campeonatos regionais. Há muito não tenho notícias de ambos.



RCC. O futebol ainda mexe com o senhor ou, dada a sua intensa atividade intelectual, faz parte do passado?



MC. Quando tem Copa do Mundo assisto até mesmo os jogos onde não está a Seleção Brasileira. Fora disso, não me observo acompanhando os campeonatos Estaduais e Brasileiro. Mas, sei que o Vasco está na liderança em 2011 e o campeonato brasileiro muito complicado.



RCC. Como foi a sua experiência como músico da banda “The Brazilian Band Supremes”?



MC. Interessante. Meu irmão liderava o grupo, só por isso eu tinha espaço.



RCC. Foram seis anos tocando bangô, não é mesmo?



MC. Aproximados. Foi antes de eu ir para o Rio de Janeiro, com 17 anos.



RCC. A banda fazia shows somente em Porto Alegre?



MC. Andava muito pelo interior e litoral gaúcho. Também fez shows em Santa Catarina e uma turnê pelo Uruguai e Argentina, em contrato com a rede de hotéis ‘Parque Hotel’.



RCC. Sua carreira musical foi interrompida para prestar serviço militar?



MC.De fato, o conjunto terminou quando surgiu a oportunidade de um contrato com a Odeon. O conjunto ganhou destaque nas principais revistas há época ‘Sétimo Céu e Amiga’, chegando a ser considerado pela mídia nacional ‘Conjunto Revelação Pop Gaúcha’. Foi quando gravamos pela Sociedade de Autores e Compositores da Música Popular Gaúcha. Quando surgiu a oportunidade de gravação pela Odeon. Mas, o Arilton, vocalista, sofreu grave acidente no viaduto ‘Minhocão’ em São Paulo, falecendo cinco anos depois. Os demais integrantes se desestimularam, o ‘Seleção casou’, o Carlos, meu irmão desestimulou-se por completo e, o Paulo, seguiu carreira solo. Hoje, também o Seleção toca em uma banda no RS, “Destaque”.



RCC. Houve alguma razão para o senhor prestar o serviço militar no Rio de Janeiro?



MC.Eu era, como ainda hoje, apaixonado pelo Rio. Objetivava servir na Brigada de Paraquedistas. Passei em todos os testes mas, por um erro qualquer, fui premiado, servindo na Fortaleza de São João, na Urca. Aproveitei a oportunidade para viver um ano na Cidade Maravilhosa.



RCC. Como foi a sua experiência na Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro?



MC. Muito boa. Praias dentro do complexo da Fortaleza. Também ali ficam a Escola de Educação Física do Exército e Escola Superior de Guerra. Cursei parte do 1º. ano do então segundo grau em Copacabana. Conquistei o primeiro lugar no Curso de formação de cabos, fui o primeiro classificado para o Curso de Sargento e tive a oportunidade de cursar formação de oficiais. Mas optei em dar baixa e seguir a vida civil. Na Fortaleza de São João escrevi meu primeiro Livro, com base na complexidade da vida militar. Desenvolvi conceitos sobre liberdade, comunismo, democracia, segregação social... Pelo fato de organizar a biblioteca da Bateria de Canhões, onde servia, acabei encontrando-me com centenas de títulos e autores. Acordava seguidamente com muito sono, distraia-me lendo até altas horas.



RCC. Após prestar o serviço militar, o senhor optou por morar em Alegrete, RS. Como foi a sua passagem por aquela cidade?



MC.Trabalhei como caixa do Bamerindus e tive minha promoção para sub-gerência assinada, sem contudo assumir a função, pois, aceitei o convite para gerenciar uma loja de móveis em Uruguaiana, de uma grande rede, cuja matriz ficava em Alegrete. O salário e comissões eram atraentes, ganhando algo próximo a 40 salários mínimos de hoje. Comprei meus primeiros carros, casa, casei. Adorava móveis estilo Luís XVI. Separei-me por volta de 1983. Não tive filhos deste casamento.



RCC. O que motivou a sua migração do RS para Roraima, em 1981?



MC. Meu irmão mais velho, hoje falecido, convidou os irmãos para irmos para Roraima, e formarmos uma fazenda. Eu, há época, respondia pela gerência executiva de uma rede de agências de cobranças ‘CECOB’, em sociedade com o mano Carlos, com sede em Alegrete e filiais em Uruguaiana e São Gabriel. Também era sócio do Edgar Hudson, irmão mais velho, em Agência de Publicidade Promoções ‘Êxitus’. Foi quando escrevi meu segundo livro ‘Fonte Secreta’ – um misto de pensamentos ensaios de filosofia empresarial. Mas... acabei indo na frente para Roraima. O mano, que motivou a ida, faleceu e nem mesmo conheceu Roraima.



RCC. Roraima provocou uma revolução na sua atividade intelectual. O senhor incentivou a criação de um Centro de Tradições Gaúchas na região do Apiaú; participou da fundação da Academia Roraimense de Letras; graduou-se em Educação Física; iniciou cursos de pós-graduação. Os ares de Roraima o inspiraram?



MC. Minha ida para Roraima ocorreu em duas etapas. A primeira, por volta de 1981, motivado pelo irmão Edgar Hudson. Lá, fui para a região do Apiaú. Meio a mais absoluta selva, sobrevivendo com os recursos da natureza, cavando o próprio poço para saciar a sede, inspirei-me, escrevendo parte de meu terceiro livro ‘Estado de Espírito’ – poesias de reflexões existenciais, que só viria publicar tempos depois. Desisti dos sonhos de fazenda e retornei para Alegrete, quando separei-me da primeira esposa, casei novamente e retornei para Roraima. Isto,acredito, que foi em 1983. Lá cursei minha primeira faculdade ‘Educação Física’ onde conheci e convivi, entre outros pensadores, com os escritores: Adail Maduro Filho; Daniel Chaves; Francisco Cândido e, por extensões, entre outros, Dorval de Magalhães e o Imortal Mário Linário Leal, hoje falecido, escritor Membro da Academia Brasileira Maçônica de Letras, possuidor de diversos doutorados, cursados no Brasil e exterior. Idealizador da criação da Academia Roraimense de Letras. Cursei na Federal de Roraima também minha primeira especialização, em Pesquisa Científica. Fui pai, assessorei Secretários de Educação e Governadores. Roraima, inequivocamente é parte pulsante em minha vida.



RCC. Como foi seu encontro com Josué Montello, presidente da Academia Brasileira de Letras, em 1994?



MC. Encontrava-me em Roraima, na vice-presidência da Academia Roraimense de Letras, acompanhando o Dorval de Magalhães como presidente. Apresentei um projeto em uma de nossas sessões, propondo realizarmos o I Encontro Brasileiro de Academias de Letras do Brasil. Momento em que iniciei o contato com diversas academias no país, dentre as quais, a Brasileira de Letras, dirigida, na oportunidade pelo Imortal Josué Montello, com quem tive o privilégio de conversar sobre diversos projetos e ideais, sendo por ele aconselhado. Também, exerceu grande influência, sobre minha vida literária, o escritor Lucas de Souza, autor de “O Raiar de Um Novo Mundo”, sociólogo, ex-prefeito de Belém.



RCC.Foi desse encontro que surgiu a idéia da implantação do Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil – CONALB?



MC.Foi uma combinação de idéias, iniciando pelo projeto do Encontro das Academias de Letras do Brasil, evoluindo a uma Organização Nacional de Cultura, de onde surgiu, também, a Academia de Letras do Brasil. O Conalb, por considerar-se a profissão de escritor, livre, como a do jornalista, evolui-se a idéia para Organização das Academias de Letras do Brasil e não mais Conselho.



RCC. Qual a importância da criação das Academias Escolares de Letras para o Brasil?



MC.O sonho é o de conseguirmos que os jovens contem com um ambiente propício também a reflexão, transferindo para o ‘papel’ seus pensamentos profundos, contribuindo à evolução cultural, politizacional e organizacional das sociedades e do país.



RCC. Como foi a receptividade das autoridades governamentais ao tomarem conhecimento do projeto das Academias Escolares de Letras?



MC.O Adido Cultural da França no Brasil, “Jan Pierr L’Afosse” em 1994, deu grande incentivo, ainda quando desenvolvíamos o projeto, antes mesmo da fundação ‘de fato e legal’ da Academia de Letras do Brasil, orientando-nos para conversarmos com o Presidente Fernando Henrique. Depois de algumas tentativas consegui conversar com ele, recebendo do mesmo total apoio e também incentivo. Contudo optamos em retardar um pouco a implantação do projeto, receávamos seu uso com fins político-partidários. Mas, em nenhum momento o Dr. Fernando Henrique manifestou interesses nessa linha. Foi solícito e elegante, colocando-se a nossa inteira disposição.



RCC. Mesmo estando em Roraima, o senhor não se descuidou das suas origens, participando do movimento pela criação da Academia Alegretense de Letras. Que planos o senhor tem para o desenvolvimento da cultura gaúcha?



MC.A Academia Alegretense de Letras não chegou a ser implantada. Fizemos as reuniões necessárias, elaboramos os Estatutos e deixamos uma Comissão em condições de fazê-lo. O Rio Grande do Sul tem uma grande riqueza cultural. Contudo, como nada é acabado, colocamos a Academia de Letras do Brasil para somar a expansão, difusão e integração da Cultura Gaúcha com as demais culturas, das demais regiões nacionais. Se com maiores condições, disponibilizaríamos uma editora e uma gravadora, para apoiar as produções locais, com custos mínimos e até mesmo gratuita se comprovada a falta de recursos dos criadores.



RCC.Em determinado momento da sua vida, o senhor decidiu participar ativamente da política nacional e lutar contra as injustiças sociais. Como foi essa experiência?



MC. De fato, em 1998 fui candidato a Deputado Estadual, depois em 2002 e 2006 a Deputado Federal, sem sucesso. A política partidária é algo muito complexo. Homens se fazem verdadeiros donos dos partidos e mandatos que deveriam pertencer ao povo, sendo os eleitos meros representantes da vontade coletiva. Contudo, a realidade é bem diferente. Não me elegi e fiquei bastante desiludido com o caminho político.



RCC. O senhor voltaria a se candidatar?



MC.Nas eleições de 2010, contava com indicação do Presidente do PDT em Roraima, Mário Rocha para concorrer a uma vaga à Câmara Federal. Contudo, por não concordar com as Políticas de Carlos Lupi, na Presidência Nacional, deixei do partido, migrando para o PRP, o qual também me convidara para defender a sigla como candidato à Câmara Federal. Contudo, acabei priorizando os compromissos da ALB, não saindo candidato. Tenho muita dificuldade em encontrar um partido de verdadeiros propósitos e ideais às mudanças que o Brasil necessita. Quando criança sonhava ser Presidente da República. Mas entre o sonho e a realidade existem inúmeras barreiras. Dos sonhos, construímos a história da Humanidade. O Brasil necessita de grandes reformas, desde o Sistema Judiciário ao Eleitoral. A agricultura perde quase a metade das safras pela falta de infraestrutura portuária e da precariedade da malha rodoviária. As indústrias do fumo e do álcool geram milhares de vítimas, ocupando 80% dos leitos hospitalares, base esta, formadora do déficit na saúde, sem serem contudo responsabilizadas jurídica e economicamente. Segundo a Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, aproximados 1,3 por cento do PIB – Produto interno Bruto do Brasil, são desviados pelos crimes de corrupção. Necessitamos de uma Lei severa sobre crimes de corrupção. Os aproximados 67 a 82 bilhões, fruto da corrupção brasileira, gerariam milhares de novos empregos anuais, além de maiores condições educacionais e de saúde ao país. O sistema de governo parou, nada cria, apenas copia o modelo americano. Nossas escolas necessitam evoluir à Unidades Escolares Executivas, onde cada estabelecimento se transforme em um pólo executivo de desenvolvimento no meio em que atua. Contando com a participação direta e concreta dos professores, alunos e comunidade. Aplicando o conhecimento de forma ativa, de efetiva atuação, sob a expectativa de uma Educação Ativa através de uma Pedagogia Executiva, sistematizando e operacionalizando o progresso a partir do levantamento das realidades. Apontando prioridades a aplicação de recursos públicos. Imagine-se! Uma Escola Executiva, aplicando no real as teorias e conhecimentos acumulados ao longo da história humana civilizatória. Professores com ferramentas reais de possibilidades transformadoras. As Universidades, se executivas, gozarão de maior autonomia à aplicação e execução dos projetos que resultam de teses de mestrado, doutorado, pós-doutorado e livre docência. A justiça, se descentralizado o poder, poderá contar com verdadeiros fóruns de análise e pareceres sobre processos, aproveitando-se o real dos processos ‘parados’, para debates pelos alunos em sala de aula, orientados por professores mestres e doutores. Mas, ao contrário, todo o conhecimento é condicionado a uma realidade telúrica. Nossos juízes, com as modernas tecnologias, podem participar mais ativamente das instâncias superiores da Justiça, abrindo-se os Tribunais Superiores a um maior número de pensadores da área jurídica. Como se encontra a organização da justiça brasileira, difícil se torna a evolução. Necessitamos de um novo modelo gestorial. O atual já comprovou ineficácia, além de tornar seus membros, semi-deuses – veja-se o que fez Gilmar Mendes no caso Daniel Dantas. São milhares de pontos, todos complexos, que necessitam ser pensados, redimensionados e redirecionados em busca de evoluirmos enquanto sistema de governo. Um Sistema de Governo Científico, transformando as escolas, academias, conselhos profissionais e universidades em Extensões Executivas, Técnico-científicas à acertadas tomada de decisões. Sob este título ‘Sistema de Governo Científico’ estamos escrevendo um novo livro. Espero conseguir publicá-lo em 2012.



RCC. O que o aproximou da Psicanálise Clínica?



MC.Escrevíamos sobre psicanálise. Mas, com as modernas tecnologias, através de pesquisas e buscas pessoais, aproximei-me um pouco mais, estudando e habilitando-se à práxis clínica. Chegando a clinicar 6 anos, entre 2001 e 2006.



RCC.Como os princípios da Psicanálise Clínica podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas?



MC.A psicanálise é como uma arte, onde o ser, pela reflexão e análise de seus problemas, identificadas suas origens, pode alterar seu próprio curso, otimizando seu potenciais, livrando-se dos falsos estigmas impostos pelo passado.



RCC. Em 01 de janeiro de 2001, o senhor fundou a Academia de Letras do Brasil, a primeira da ordem de Platão. Sua intenção era resgatar o Platonismo ou criar uma escola nos moldes da academia platônica?



MC. O ideal seria chegar aos moldes da Academia Platônica, onde a oferta de conhecimento fosse diretamente ao encontro dos anseios e buscas dos acadêmicos. Como a verdadeira Academia de Platão. Contudo, isto é muito difícil. Assim, esforçamo-nos em aproximar ao máximo a ALB do Platonismo ‘concreto’, não utópico como considerado por muitos. Digo ao máximo por não validarmos todos os ideais de Platão. Grande parte de suas projeções são bem fundamentadas, merecendo atenção e respeito. Daí nossos esforços, sobretudo no tocante a necessidade de formação e otimização das produções dos Membros. Para tanto, o árduo trabalho atual, em primeiramente reunirmos os escritores em torno de uma entidade ampla e aberta. Imediatamente, multiplicá-la nos municípios de nascença, residência ou mesmo atuação direta dos Membros. Resultando em academias nacionais, estaduais e municipais segmentares: de poesias, contos e crônicas, científicas; de jornalismo, direito, educação, empresarial, história e ficcionistas, entre inúmeras outras propostas de necessidades organizacionais. O que resulta em um conjunto sistêmico, o qual, quanto mais amplo e à medida que avance no passado, idealizado por Platão, melhor localizamo-nos no presente, oportunizando-nos com maior segurança projetarmos o futuro, sob o axioma das Academias da Ordem de Platão, politicamente ativas. Mas tudo isto, com muita dificuldade. Pois, ainda hoje, mesmo alguns presidentes não entenderam os fins da Ordem de Platão. Buscamos, não o ‘verbo telúrico’. Mas, isto sim, ativo, de profundas e profícuas evoluções do sistema, sob o qual, todos somos partes, hoje, reféns.



RCC.Por que o senhor prefere a grafia “Philosophia” em lugar de “Filosofia”, aceita pela comunidade acadêmica? Como o senhor diferencia as duas?



MC.Mero saudosismo.



RCC. O senhor é presidente do Centro Nacional de Formação Superior Ibero-Americano, dedicado ao ensino superior. O objetivo da instituição é a formação de livres pensadores por meio de disciplinas complementares aos das instituições credenciadas pelo MEC?



MC.Inicialmente pretendíamos disponibilizar à população brasileira uma instituição superior, à distância, com práticas de preços compatíveis com a realidade, não superiores a 25 reais mensais. Com o tempo, enfrentamos grandes barreiras. Hoje, oferecemos somente o curso livre de formação de psicanalistas. Mas ainda pretendemos registrar vários cursos junto ao MEC, disponibilizando-os à população.



RCC. O Instituto Pakter, de Porto Alegre, RS, ministra cursos de Filosofia Clínica. A instituição de ensino, da qual o senhor é presidente, ministra cursos de “Philosophia Clínica” e de “Literatura Clínica”. O senhor poderia fazer uma análise comparativa entre as duas?



MC.Como disse anteriormente, O CFSia [Centro Nacional de Formação Superior Ibero-Americano], na atualidade, dedica-se somente a formação de psicanalistas. Não conheço com a profundidade suficiente os conteúdos e propostas do curso de Filosofia Clínica do Instituto Pakter para tecer quaisquer comentários.



RCC. É possível utilizar a Literatura como terapia para as doenças psicossomáticas? Como o paciente faria o tratamento?



MC.A literatura é parte indissociável de quaisquer tratamentos. Direta ou indiretamente ela se faz presente. Mas sempre necessitaremos de profissionais à orientação do que ler e para que fim. Existem, contudo, exceções. Um paciente meu, um jovem de 16 anos, ao vê-lo pela primeira vez, fiquei seu fã. Ele, sem qualquer ajuda, emagreceu 30 quilos, utilizando-se da literatura como fonte de informações. Um auto-tratamento redimensionativo alimentar e comportamental. A psicossomatologia é forma ou via de interiorização, incorporação e assimilação de ‘meias verdades’ as quais acabam por firmarem-se como se ‘verdades plenas’ fossem, resultando em desdobramentos sobre o próprio organismo. A literatura esclarecedora, por vias aferentes, poderá penetrar o ser, confrontando estes valores, com fortes registros arraigados nos neurônios associativos ou interneurônios. Quando os valores novos ou recentemente interiorizados, superem os anteriores, naturalmente inicia-se o processo de mudança, do interior ao exterior do ser.



RCC. Com entusiasmo contagiante, o senhor tem empreendido uma intensa luta contra a corrupção, contra a fome, contra as ameaças à liberdade de imprensa e contra as injustiças sociais. Como isso vem se refletindo na sociedade brasileira e junto às autoridades? É possível encontrar uma solução para tais problemas? De que maneira?



MC.Meu nobre amigo, escritor Paccelli e seus distintos leitores. Não sabemos ou não temos retorno exatamente do resultado de nossos esforços. Apenas preocupamo-nos em priorizar estes temas, por serem aquilo que demais complexo observa-se em nossos dias. Fico feliz com sua pergunta. Soa-me como um retorno, de estarmos no caminho certo. As autoridades brasileiras, por onde temos passado, tem se manifestado positivamente. Ninguém mais suporta a corrupção. Acredito que nem mesmo os corruptos, a exemplo dos fumantes, alcoólatras e viciados em geral, suportam mais suas próprias práticas. Assim, o esforço conjunto, evidenciado, por exemplo, em espaços, como este seu, dedicado ao tema, vão criando uma barreira tal que muito em breve nos levará a redenção sobre estas práticas, instaladas fortemente em nosso modelo governo. Particularmente acredito no fim da corrupção. Observo no desenvolvimento tecnológico informatizacional, o caminho abreviativo a este fim. Não demorará para contarmos com programas inibidores à tais práticas. O desenvolvimento de novos softwares ocorre de forma geométrica. Ao longo da história Humana temos superado grandes desafios e certamente haveremos vencer a este inimigo milenar. Estamos fechando todas as portas aos corruptos. Agora, necessitamos aprovar o projeto do nobre Senador Cristóvão Buarque, o qual enquadra a Corrupção como Crime Hediondo... um pouco mais de esforços conjuntos, algumas trocas decisivas de senadores, Ministros ‘também da Justiça’... o fortalecimento da imprensa e um maior comprometimento pelos profissionais formadores de opinião ‘onde encontram-se os escritores’... uma maior autonomia à Polícia Federal... um melhor aproveitamento ‘executivo’ das Forças Armadas... o fim de votações secretas no Congresso... indisponibilização dos bens daqueles que encontram-se respondendo processos por corrupção... fim de privilégios parlamentares e fóruns especiais, afinal, crime é crime, independentemente de quem os cometa. A Fome e os problemas sociais são desdobramentos ou consequências do estágio maturacional administrativo porque passa o país. Concomitantemente, haveremos de avançar em conquistas sociais. Também a informática tem muito a contribuir. Pois, somente através da localização precisa dos problemas, poder-se-á melhor enfrentá-los. Se contássemos com governos efetivamente eficientes, e os recursos públicos fossem bem aproveitados, não veríamos uma só criança jogada nas ruas ou tudo o que se vê em relação a drogas, criminalidade... De fato, o tripé de toda criminalidade e problemas sociais vividos pela população brasileira encontra-se no Executivo, Legislativo e Judiciário. Não sou petista, mas tenho observado competência e muito boa vontade na Presidente Dilma. Continuando ela neste ritmo e comprometimento, findaremos seu governo com grandes avanços. Observância especial deve-se à dívida externa. Seu crescimento, como vem ocorrendo, poderá remeter-nos à inflação descontrolada como em um passado próximo de nossa história. Aí, fica tudo bem mais complexo.



(Publicado na Revista Cerrado Cultural - www.revistacerradocultural.blogspot.com - edição de janeiro de 2012)
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