O nosso desejo de participar de mesas receptoras das mensagens necessitou estampar-se em plano de ação minuciosamente elaborado e eficazmente conduzido, segundo rigorosas instruções emanadas do Alto. Por isso é que, sempre que nos oferecemos para o trabalho, são necessárias certas atividades preliminares concernentes ao ritual da imantação do aparelho, bem como, ao término, há absoluta necessidade de se invocar o poder do Senhor, para restauro das forças energéticas despendidas durante a sessão.
Entretanto, é no período ativo dos trabalhos do dia que se exigem providências mais particularizadas nos diversos tópicos que constituem o roteiro. Por exemplo, dentre outros que poderemos considerar vedados aos mortais, devido ao aparato técnico de que lançamos mão ser totalmente desconhecido da mente humana e, mesmo se revelado fosse, não significaria nada, por não haver correlação possível com o mundo dos encarnados, que, de resto, é o nosso mesmo quando temos necessidade de nos livrar de pesos de consciência e que, por isso, conhecemos muito bem, existe um que deve ser levado à conta de muita consideração, pois há necessidade de várias entidades em estado de profunda concentração mental, em perfeito equilíbrio emocional, para liberar energia acumulada do prana, para que se torne possível a magnetização do ambiente.
Tal poder não é discricionário, ou seja, não está na mão de cada membro do grupo realizar concentração do modo que melhor lhe pareça ou apeteça. Existem regras formuladas com muito rigor, dentre as quais a mais importante é o estado moral das criaturas, que devem estar livres de perseguições íntimas quanto à culpabilidade dos crimes que cometeram, para o que devem compenetrar-se de que Deus é pai misericordioso e que de sua vontade brotará a força de que necessitam para o desempenho de sua parte do trabalho.
Agora mesmo, os amigos que estão a realizar essa função não atinam sequer que estejamos a referir-nos ao seu mister, concentrados que estão a emitir raios vibratórios de esplêndida magnitude, para que este ato mediúnico se perpetre com correção exemplar.
Bem, para a concentração, a maior necessidade é de elevação do pensamento em preces e todas as preces devem ser rigorosamente compreendidas em suas expressões formais e de conteúdo, ou seja, nenhuma palavra pode deixar de ser bem entendida e sua acepção deve encaixar-se rigorosamente no contexto da mensagem sagrada, havendo, para isso, a necessidade de se conhecer, na intimidade, o valor vibratório de cada reflexo vocabular, o que corresponde, na linguagem humana, ao significado específico de cada termo adequado ao conjunto das idéias que vão configurar o pensamento, segundo maior ou menor intensidade emotiva que se deseje inocular no arcabouço textual.
Outras características técnicas poderíamos aduzir à explicação do teor das preces e da meditação dos sustentadores energéticos da comunicação, mas o que acima referimos é suficiente para que se estabeleça o paralelo que desejávamos consignar com o mundo dos mortais, qual seja o de que, durante as sessões de recebimento mediúnico nos centros espíritas, todos devam igualmente estar imbuídos do valor de sua contribuição, pelo simples fato de estarem presentes. Se a pessoa não agir com o devido respeito moral em relação ao fenômeno da manifestação espiritual, formará círculo vibratório contrário à boa “performance” do grupo socorrista a quem se deu a responsabilidade dos trabalhos.
Sendo assim, bom amigo, se você participa de alguma mesa de assistência espiritual, vá para lá devidamente preparado, com as “baterias” morais carregadas, pronto para a concentração mental e emocional necessária para que sua participação possa dar-se de modo bem consentâneo com os objetivos de tais trabalhos.
Saiba como proceder lendo, atentamente, as diversas obras técnicas a respeito dessa atividade espiritista mas, principalmente, envolva o coração de muito amor, de fé, de inspirada confiança em que sua parte, mesmo que nada faça que repercuta no campo exterior, é de suprema importância para a realização com êxito do empreendimento. É com essa certeza que nos aproximamos do cantinho reservado à nossa meditação, quando cabe a nós o apoio vibratório para a realização dos trabalhos, porque, nesta esfera, a ninguém do grupo é dado o direito de se ausentar de tão importante setor.
Do mesmo modo que rapidíssimo aspecto do trabalho mediúnico nos deu azo para tão longamente discorrer a respeito, todos os outros itens poderiam merecer comentários de igual ou maior extensão, tal é a minudência com que devemos traçar o plano.
Dada essa responsabilidade é que lamentamos, muita vez, que as pessoas, ao tomarem conhecimento do resultado dos trabalhos, especialmente quando ficam gravados, quer por meio de aparelhos de fixação da voz, quer quando escreventes anotam ditados, particularmente no primeiro caso, se deixam embair por falsos argumentos, suspeitando que a manifestação possa ser apócrifa, anímica, mistificada ou inverossímil.
A aceitação dos trabalhos é parte importante na previsão das atividades, pois precisamos elaborar longo rol de recursos a serem empregados para prevenirem-se reações contrárias à revelação do mundo espiritual por meio das manifestações mediúnicas. São tão exigentes os orientadores que, à vista da possibilidade de publicação ou de divulgação do teor da mensagem, impõem aos requerentes a inclusão nos planos de tópicos em que se demonstrem, cabalmente, todos os meios persuasórios que se empregarão nas dissertações de caráter didático, com o intuito de convencimento do leitor-alvo, para aderir, com espontaneidade, aos argumentos utilizados, como é o caso, afinal, desta mesma longa apreciação, que, de modo obrigatório, deve constar no roteiro apresentado.
Outro ponto importante é o convencimento dos médiuns de que seu serviço não é só útil, necessário e imprescindível, como ainda representará para si o cumprimento de sagrada missão oferecida e aceita por ocasião do planejamento do encarne. É por isso que repetidamente, por toda parte, muitas vezes incompreendidas, outras vezes suspeitadas, são disseminadas palavras de agradecimento e de elogios para quantos se dedicam ao mister de colaborar com os grupos socorristas. Tais incentivos têm o duplo objetivo de garantir a manutenção da abertura do canal de comunicação entre os planos, como também o de favorecer a compreensão do mediador da seriedade do trabalho que se realiza por meio de sua cooperação e dedicação. Este é outro tópico tão extenso que levaríamos várias sessões para esmiuçar-lhe só os aspectos compreensíveis ao intelecto dos encarnados.
Outro ponto imprescindível ao plano é a necessidade de se deixar claramente estabelecido o limite derradeiro em que se vão encerrar as atividades, preparando convenientemente o mediador para a recepção do grupo que se sucederá. Essa preparação requer cuidados especiais, pois pode parecer aos companheiros médiuns que sua participação esteja sendo relegada a segundo plano ou que o grupo o está preterindo em favor de alguém mais apto para o trabalho.
Se, às vezes, pode ocorrer o fato, por descuido do médium ao se deixar levar por viciações insufladas no espírito pelas extravagâncias de que é capaz sua imaginação fustigada pelos mais diferentes impulsos carnais ou espirituais de baixa categoria, o que acontece mais freqüentemente, em noventa e nove por cento dos casos, é que o plano de ação previa o término dos trabalhos, para que se dê curso a outras atividades correlacionadas com o desenvolvimento dos espíritos que formam a equipe. Exemplo vívido disso é quando se promove nova encarnação do espírito responsável pelas transmissões, ficando o médium disponível para outras entidades.
Há, portanto, que se cuidar para que o mediador não se afeiçoe demasiadamente àquele guia, aos mensageiros habituais, ao grupo que o incentivou nos inícios da atividade, principalmente por desconfiar que o grupo seguinte possa não oferecer o mesmo nível de segurança ou o mesmo brilho intelectual ou moral. Caso mais sério se dá quando o medo de ficar à disposição de entidades muito imperfeitas dos planos umbráticos inibe a ação do médium, indispondo-o emocionalmente para prosseguir na intermediação.
Sendo assim, é preciso deixar bem claro, e isto está consignado no plano, que haverá substituição necessária de espíritos comunicantes, devendo, se possível, efetuarem a transição em conjunto as duas equipes, despedindo-se uma e possibilitando à ingressante que determine as linhas mestras de seu plano de ação.
Tudo o que dissemos, esperamos, deve servir para que o amigo se instrua a respeito dos métodos aplicados no plano espiritual para resguardo da integridade moral, emocional e, até mesmo, física dos encarnados engajados nos planos de ação, que prevêem à minúcia as características do mediador, inclusive.
Fique, pois, bom amigo, bem tranqüilo quanto à categoria dos trabalhos de que participa. Faça a sua parte, ou seja, resumindo o mais possível: leia, estude, pratique o bem e ame o próximo, revelando-lhe a sua afeição por meio do mais puro e desinteressado desejo de auxiliar em tudo que lhe seja possível; vigie para não ser assaltado por dúvidas inverossímeis, mas, se se sentir fraquejar, não hesite em recorrer aos amigos dos dois planos; principalmente, ore com muito fervor, oferecendo-se integralmente a Deus, esquecendo-se de si mesmo e das contingências materiais que o obrigam à prisão na carne; e respeite a vida como dádiva superior, tudo fazendo para preservá-la de acordo com os ditames das leis divinas e os ensinamentos cristãos do evangelho de Jesus.
Tudo bem medido, segundo os padrões estabelecidos pelos irmãos responsáveis por este setor do humano serviço e que assistem nos círculos superiores, recebida a devida permissão, damos início aos trabalhos, levados pela euforia do momento da aquiescência, prenhes de responsabilidades pelas repercussões que advirão do empreendimento e confiantes em que, tendo sido tudo rigorosamente previsto, o cumprimento das diretrizes é mera concatenação inviolável dos princípios ali inseridos.
Gostaríamos que o leitor também adquirisse a mesma confiança neste relacionamento espiritual e pudesse franquear o coração aos amigos do espaço, crente de que só pelo seu benefício e proveito trabalhamos, na esperança de podermos, um dia, estar todos juntos, palmilhando as sendas do Senhor, em amparo mútuo, na busca da eterna bem-aventurança.
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