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Ensaios-->33. PERFURANDO O SOLO -- 12/01/2004 - 07:31 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Cavei profundo poço em busca de água. Nada encontrei. Perfurei ainda mais. Inutilmente. Sondei a profundidade com aparelhagens eletrônicas. Senti que havia líqüido mais ao fundo. Instalei equipamento especial em busca de gás liqüefeito ou até de petróleo. Busca infrutífera. E, no entanto, todos os registros apontavam para a existência de matéria liqüefeita. Mudei os processos de perfuração. Consultei a tecnologia estrangeira. Importei equipamentos mais sofisticados. E nada.

Estava começando a desesperar com os enormes gastos, quando apareceu um velhinho que, com pequeno galho de árvore, apontou para outro local próximo e me recomendou que perfurasse ali. Achei ridículo, mas, à vista dos anteriores insucessos, pus-me ao trabalho. Não cavei mais que três metros e encontrei o lençol d água que procurava de início.

De que me valeram, então, os recursos mais modernos e mais caros, se, com mísera varinha, alguém produzia efeito muito superior? Esta a pergunta que me fiz, mas que respondida foi, como se a ele tivesse sido dirigida, pelo bondoso senhor:

— Cavalheiro, queira perdoar, mas os “modernos recursos” a que V.Sa. se refere teriam surtido seus efeitos se aplicados tivessem sido de forma correta, no local ideal. Não queira comprometer os avanços científicos da humanidade, quando a falha se deu no âmbito da ânsia humana em fazer prevalecer sua competência sobre a tecnologia.

E mais não disse, afastando-se tardo, envolto em longos trajos brancos.

Fiquei a meditar a respeito das palavras e pude constatar terem sido inteiramente verdadeiras. Se não, vejamos. Realmente, eu me acometera de soberba quando determinei o local a ser perfurado. Não me controlei a ponto de refazer a decisão precipitada e aspirei conseguir maior descoberta, perfurando para além dos limites da necessidade. Fui arrastado pela ambição. Em seguida, dada a frustração, recorri a elementos estranhos, quando poderia ter admitido a imperfeita deliberação. Fui prepotente e orgulhoso. Desacreditei de que alguém melhor do que eu pudesse atingir o objetivo. Caracterizou-se o egoísmo e espírito de superioridade. Ao caçoar da tentativa do amigo, demonstrei falta de confiança, revelando que tinha perdido a fé. Ao saber que existia o que procurava, à vista das tentativas frustradas, ponderei erroneamente que tudo não passava de ilusão. Desacreditei da vida. Finalmente, permiti ao bom velhinho que intentasse a descoberta. Foi a salvação, pois admiti a possibilidade do conhecimento, mesmo que à revelia de meu interesse e boa vontade.

Agradeço o discernimento que possuo para efetuar a análise do procedimento. Como gostaria de poder auxiliar o meu irmão a proceder igualmente, sempre que se vir frustrado na tentativa de encontrar água, ou seja, o amor, a ventura, a felicidade de se saber na trilha exata que dá na casa do Senhor.

Veja, bom amigo, como, de simples ato comum, se podem tirar conclusões maravilhosas, absolutamente perfeitas para a compreensão da vida e de nossos objetivos. Precisou você hoje perfurar algum poço, ou seja, desejou realizar algo que envolvesse deliberação de caráter moral? Fez aquisição em loja? Concluiu transação em banco? Realizou matrícula escolar ou se inscreveu para algum concurso? Dirigiu-se para o local de trabalho, utilizando-se de veículo coletivo? Entrou em contacto com qualquer pessoa para se servir de seu auxílio para finalidade socialmente digna? Como recebeu você o amigo ou amiga que o atendeu? Achou que cumpria, simplesmente, obrigações para fazer jus ao salário? Encontrou alguém prestimoso que lhe endereçou sorriso especial? Devolveu o sorriso por meio de agradecimento oportuno? Revelou-se cordato e amigável? Demonstrou afabilidade no trato? Retirou-se com o coração aliviado por ter obtido sucesso em empreendimento tão simples? Ou, por outra, estabeleceu frio contacto meramente formal, emitindo vibrações negativas de mau humor? Enfim, como foi que você se pôs a cavar seu pequenino poço?

Podem parecer estas perquirições muito superficiais, mas, bom amigo, como se atingir a água dos profundos mananciais, se não dermos a primeira pazada na areia sobre a qual pisamos? Como ordinariamente se diz, para se cozer a omelete, é preciso romper a casca ao ovo. Desse mesmo modo, se você não proceder ao descasque da arrogância, da estroinice, dos maus bofes, da soberba, dos caprichos e demais mazelas psicológicas, com que se ornamentam quantos consideram os semelhantes obrigados a lhes aturarem as idiossincrasias, como poderá conseguir as primeiras vitórias no campo do socorrismo? É socorrendo-se a si mesmo que se dá início ao trabalho de recomposição perispiritual para comprometimento possível da pessoa com as forças do bem. Desarme a mente e o coração e terão os amigos da espiritualidade condições de aproximação, para efetuarem os serviços de prospeção do solo para avaliação da profundidade em que se situa a linfa sagrada de sua capacidade de amar.

Não nos queira mal por supor que sua fonte esteja seca ou que seu solo se encontre ressequido. Se do coração lhe jorra vertente de muito amor e se o seu manancial propicia a muitos companheiros com que mitigar a sede, você não se negará a oferecer-nos o copo d água do perdão que irá saciar-nos. Neste caso, permita-nos avaliar-lhe a produção, para que nossos conselhos se enriqueçam com o exemplo sagrado de quem ultrapassou as espessas camadas dos defeitos e dos vícios e agora viceja à luz do Sol, derramando bênçãos às catadupas.

A nossa voz é para os pequeninos, aqueles humildes servidores do Senhor que não tiveram oportunidade de grandes feitos espirituais. E isto por razão meramente técnica: nós também não estamos preparados para incursões em terrenos sagrados. Temos os apetrechos para escavação, é verdade, mas são rústicos, primitivos e imperfeitos. Fazemos o máximo que podemos para conservá-los em estado de uso, mas pouco conseguimos com a aplicação deles, principalmente quando o solo que enfrentamos é duro como pedra, impenetrável até mesmo para a luminescência do evangelho. Outras vezes, sentimos alguma umidade na superfície e constatamos ser possível encontrar amor. Nesse caso, cavamos com denodo, encorajados pelas evidências, conseguindo, quase sempre, obter sucesso em nosso objetivo. Aí ficamos imensamente felizes, acrescentando alguns pontos mais nas anotações a respeito da maneira de como avaliar, programar e realizar o trabalho. E, com isso, vamos caminhando lenta e seguramente, na busca da concretização de nossos ideais.

Esta dissertação nada mais é do que outra tentativa de perfurar mais um poço. Tentativa feita a distância, sem a certeza da realização do objetivo maior, com a só verificação de que tudo se fez para se lograr êxito. É possível que haja algum solo favorável e aí colhamos o fruto do trabalho. É possível que haja naquele solo outro poço produtivo e aí nossa satisfação redobrará. É possível que sejamos acolhidos com benevolência em algum áspero terreno, de sorte a possibilitar o início da obra, caso em que nos empenharemos ainda mais, oferecendo tecnologia e cedendo todos os petrechos, indo até à busca de alguém melhor dotado para que venha a auxiliar na perfuração, mesmo que seja bom velhinho com sua varinha de vime flexível.

Amigo leitor, aceite nossa carinhosa manifestação de apreço e releia o texto com espírito renovado. Esqueça a figura do poço e veja se consegue retratar-se sob o enfoque das leis de Deus e dos ensinos de Jesus. Procure na fotografia assim revelada decifrar sua fisionomia. Veja se reconhece nela alguma das personagens que aqui e ali buscamos descrever. Aceite as sugestões de correção e arremesse fora este escrito, envidando todos os esforços para perfurar o seu próprio poço. E se ele estiver fornecendo grande cópia do divino líqüido, erga o pensamento a Deus e, após agradecer-lhe toda a benemerência, lembre-se de nós, pequeninos seres do etéreo espiritual ou da face rugosa da Terra, rogando por nós para que nossa escavação possa também dar certo. Muito obrigado.



Comentário

Compareceu para o ditado um dos membros da “Equipe da Luz”, recém-admitido no grupo, com pouca experiência no uso da palavra e do instrumento mediúnico, conforme parece ter ficado claro. No desejo de falar por mim mesmo, iniciei o discurso na primeira pessoa do singular. Queira, bom amigo, retificar, corrigindo para “nós” onde estiver “eu”, por recomendação da modéstia que todos devemos aparentar diante do leitor, embora, muitas vezes, nesse aspecto, não passemos de presunçosos. É que não se deve contaminar o leitor com nossas falhas. Ele que seja arguto o suficiente para bem caracterizar o nosso nível de adiantamento no quadro evolutivo universal, caso em que terá todo o aparato das virtudes e dos conhecimentos, estando apto para o perdão e para a compreensão.

No mais, se você, caro escrevente, achar que houve excessivas repetições da figura, suprima o que lhe parecer mais oneroso para a fluidez necessária, para que o texto seja recebido com agrado. Desbloqueie o que julgar estar atravancando e demonstre por nós um pouquinho de afeto, realizando trabalho de restauração textual de importância para a consecução dos objetivos de quantos se apresentam para o ditado. Faça-o por nós como tem feito para com as mensagens dos outros grupos, conforme temos acompanhado há algum tempo, para apreender as técnicas da boa composição moral, sob os auspícios de sagaz observação intelectual.

Este adendo se fez necessário para dar ao público a exata noção de nossos recursos, de nossos problemas e de nossa capacidade. Sentimos que possam alguns achar o trabalho muito evoluído, enquanto outros demonstrarão indiferença ou descaso. Nosso objetivo, no entanto, é fazer ver a todos que deste lado existem todas as possibilidades, do mesmo modo que ocorre na Terra.

A força do discernimento não está na razão direta de nossa capacitação nem na manifestação que produzimos, mas na coerência com que o leitor seja capaz de julgar igualmente o texto produzido por espírito de luz ou aquele pelo modesto servidor das equipes de socorristas, atribuindo, com absoluta precisão, a cada um o seu real valor.

Faça por demonstrar tal clarividência, bom amigo, para o que sugerimos que releia os textos básicos da codificação, se possível fazendo acompanhar a leitura pela compulsação dos Evangelhos, sempre que a eles se fizerem referências. Não se contente em limitar as incursões doutrinais às obras menores, mesmo que assinadas por espíritos de escol. O retorno às origens é absolutamente necessário, para quem objetiva jamais afastar-se de seu caminho.

A par disso, no recesso do lar, só consigo mesmo, atreva-se a escrever, psicografando ou não, para sentir as dificuldades da elaboração das mensagens, de sorte a configurar em profundidade os possíveis méritos dos autores a que se tem dedicado. Faça esse exercício, mesmo que tenha de pôr fora todos os seus tentamens. Você adquirirá maior capacidade de avaliação e sentirá com precisão quais os temas e assuntos que deverá elucidar para eliminação das dúvidas e dolorosas falhas. Vá com muita calma, mas não deixe de ir. Esse é o poço que lhe recomendamos cavar.

Roberto.

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