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Ensaios-->34. 19.o Relato — INVALIDANDO O TEMA -- 13/01/2004 - 06:08 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Quando aqui estive no ano passado, deixei mensagem de que muito me envergonhei. Não sabia, então, quais eram os desideratos da equipe e mostrei-me tremendamente arredio. Apesar de tudo, fui muito bem tratado por todos, embora tenha saído amordaçado e inteiramente amarrado. Somente bem mais tarde é que pude compreender a causa de não ter podido soltar-me: é que estava sob o amparo de poderoso influxo de minha mãe, que me sustentava vibratoriamente, tendo-me acompanhado, sem que eu tivesse sequer desconfiado de sua companhia.

Após demorado tratamento em determinada instituição hospitalar, pude ser liberado para certas visitas à face da Terra, para elucidar série de pequenos problemas que me aborreciam deveras. Não sei por que razão me deram tantas demonstrações de carinho, tendo em vista que tais oportunidades tiveram o ensejo de me proporcionar descanso mental de caráter superior.

Vou agora tentar resumir o meu problema e as condições em que me encontrava por ocasião dessas visitas.

Tendo sido despertado no hospital para os problemas e as dores que havia provocado, acenderam em mim o desejo de verificar “in loco” quais tinham sido os resultados de minhas estrepolias. Não encontro termo melhor para esconder a vergonha que sinto para não dizer “maldades”. Se venci agora certa preocupação de caracterizar minha perversidade, imagine, bom leitor, qual não foi a sensação de angústia ao contemplar a família toda desmembrada, esfacelada mesmo pela imprevidência com que a tratei, abandonando a todos na rua da amargura, por ter-me matado por absoluta ignorância do que fazia. Acredito que, se Jesus me conhecesse, no supremo instante da crucificação ainda mais se teria empenhado em clamar perdão ao Pai.

E, no entanto, tivera todas as condições para me inteirar, para me compenetrar das verdades evangélicas: estava bem de vida, tinha certa cultura proveniente de extensa educação escolar, convivia com pessoas inteligentes e sábias, freqüentei até templos religiosos, tendo variado muito de seitas por motivos meramente materiais etc. Em determinado momento da vida, tive até contacto com a doutrina espírita, mas tudo perdi porque fui espoliado por malfeitores na estrada da vida, tendo tido a infelicidade de deixar tudo que possuía nas mesas de jogos.

Esta parte das memórias são absolutamente prescindíveis para a finalidade desta mensagem. Serve apenas para ressaltar que não precisaria ter passado pelas agruras por que passei, uma vez que me deixei dominar por sentimentos da mais baixa categoria.

Ao visitar meus irmãos na carne, filhos, esposa, netos e demais componentes do grupo familiar, pude perceber, no coração de cada um, profunda mágoa por me ter feito de vítima das circunstâncias e por tê-los abandonado em momento crucial de suas vidas. O meu exemplo frutificou, no sentido de dar aos mais novos a exata noção de que o que importa na vida são os valores materiais. Ao suicidar-me, inoculei-lhes nas jovens mentes o temor do inferno e o desejo de aproveitarem a vida até o fim, só que, ao invés disto ocorrer no sentido da benevolência, do amor, da benignidade, ocorreu ao contrário, incentivando-os para a usura, a insegurança espiritual, o acre desejo de manterem-se acima de qualquer circunstância em que pudessem ser explorados por qualquer pessoa, de sorte que se tornaram, eles mesmos, exploradores dos semelhantes. Das leis de Deus, nem sombra em nenhum deles.

Voltei em desespero para a companhia dos amigos socorristas e, sob sua influenciação, matriculei-me na “Escolinha de Evangelização”, nas turmas iniciantes, para quem são ministrados os cursos mais elementares a respeito da moral cristã, como se fosse verdadeira aula de catecismo.

Não demorei para entender os princípios do evangelho de Jesus e, tendo chegado ao ponto em que se desenvolvem os aspectos relativos ao livre-arbítrio, pude compreender que minha responsabilidade pelas catástrofes morais da parentela não devia ser considerada tão elevada como, em minha angústia, entrevi que fosse.

Mais tranqüilo relativamente à culpabilidade, passei a refletir a respeito dos longos anos no báratro infernal a que fui arremessado tão logo cheguei a este plano. Ali sofri realmente a perseguição física mais premente e poderosa. Tendo causado transtornos em diversos aspectos da vida material a muitos seres, culminando com a morte através de suicídio, não me perdoavam os perseguidores, da mesma forma que não me perdoava eu por ter-me feito o que fiz. Aceitava a perseguição e incrementava-a alucinadamente, como se dementado estivera por largos anos durante o encarne.

Bendito foi o dia em que me trouxeram até a luz, para que pudesse perceber que o reinado das trevas havia terminado. Tão apegado estava com a maldade, que ensaiei até diante do escrevente patética situação em que me via perseguido por espíritos furiosos, que não me deixavam sossegar. Reconheci, à força dos argumentos persuasórios dos socorristas, que meu procedimento não era digno, tendo, finalmente, concordado, da boca para fora, em seguir para a supra-referida casa de repouso.

Hoje venho penitenciar-me dos males que pratiquei e informar que posso desempenhar algumas atividades socorristas em agrupamento destinado a auxiliar a vida dos seres encarnados. É parte do pagamento que tenho de efetuar para o resgate de alguns dos débitos. O mais importante, aquele relativo ao suicídio, para esse terei de encarar outro encarne, em condições de inferioridade material; mas essa expiação não se dará tão logo. Antes tenho muito de peregrinar em busca de socorrer as pessoas, tendo estabelecido para mim mesmo o índice de conseguir dez vezes mais ajuda do que os prejuízos que carreei para as infelizes criaturas com as quais convivi. Aliás, essa meta pareceu ambiciosa a meus confrades orientadores, mas, diante da argumentação de que seria mais fácil de suportar a angústia da provação maior, se mais asperamente tratasse o “ego”, acederam ao desejo e hoje me apresto para esse tipo de realização.

Não sei bem o que se espera de mim. De qualquer forma, principiei por comparecer a este maravilhoso local de despertar para a cura, para defrontar-me com os amigos que um dia insultei com atitude de arrogância e rebeldia. Poucos daqueles se encontram presentes, mas o escrevente que me acompanha o ditado é o mesmo. Acredito que, se deixar firmados nestas páginas pedido de desculpa e rogativa de que me sejam aceitos os agradecimentos pelo inolvidável tratamento que recebi, as vibrações atingirão a quantos se esforçaram por atender-me naquela oportunidade.

Ao bom médium, o mais penhorado agradecimento. Acanha-se ele em receber esta palavra súplice e me diz para aceitar fraterno abraço de amigo, mesmo porque não se recorda exatamente de quem seja eu, já que, afirma, são muitos os irmãos que comparecem para o trabalho e todos são igualmente recebidos com respeito e consideração.

Pois bem, eu sou um dos que atormentavam a pessoa do pintor que trabalhou em sua residência, tendo feito menção ao progenitor dele e ao fato de que cobrava sempre mais dos contratantes, infernando-lhes a vida. Saí enfatizando o fato de que me havia compenetrado de que tudo estava bem, mas mentia descaradamente. Por isso, estou a penitenciar-me.

Deixo agora esta lépida pena ao encargo dos orientadores, que, certamente, terão algo mais a acrescentar devido ao fato de que o relato se concentrou em mim mesmo, egoisticamente, eu o reconheço, tendo em vista as inúmeras explicações que tenho recebido.

Adeus, amigo. Fique com Deus!

Ernesto.



Comentário

Ao ser preparado o texto mencionado pelo caro Ernesto, defrontou-se o escrevente com a informação de que seriam fornecidos outros elementos a respeito do caso. Ao não se recordar de ter recebido notícia alguma, embora quase um ano tivesse decorrido desde a mensagem aludida (“Falsa Ingenuidade”, de 28.12.90, in: “Trabalhando com Marcelo e sua Equipe”), o médium vibrou favoravelmente, ensejando-nos a oportunidade dos presentes esclarecimentos. Resolvemos, então, reconduzir o irmãozinho à psicografia para, de viva voz, narrar seus avanços, elucidando certos aspectos da vida pregressa que absolutamente não foram cogitados na transmissão anterior.

Ao cumprir o dever de resguardar a palavra empenhada do instrutor que atendeu à doutrinação naquela oportunidade, o caro irmão Manuel, queremos enfatizar o fato de que cada mensagem tem seu valor intrínseco, não se constituindo compromisso irrevogável qualquer citação de possível nova informação a respeito dos casos que se sucedem nas sessões de mediunismo.

Importa saber que o trabalho realizado o foi na mais rigorosa vigilância dos espíritos mentores, que velam para que tudo se dê em harmonia com as diretrizes do socorrismo evangélico, e isso deve bastar para satisfazer o leitor. Mais que isso poderá constituir-se em mera curiosidade mórbida, que não avançará um centímetro sequer na direção do crescimento em virtudes de quem quer que seja.

Pede-nos o bom senso que reconheçamos que não nos enseja este tipo de advertência a atitude do escrevente ao ter tido a lembrança de nos cobrar a promessa feita há um ano atrás. Sabe bem ele que não nos acometeríamos a vir trazer por escrito qualquer recriminação a ato falho seu. Jamais. Com ele temos tido longas conversas pessoais, quase informais, de sorte que as palavras endereçadas a ele, sejam quais forem, sempre terão o cunho da intimidade e nunca exporão sua formação moral à visitação da curiosidade pública.

Este escorço visa a esclarecer ao leitor que, se se atrever a apanhar ditados psicografados, poderá confiar em que jamais qualquer espírito “legalmente” admitido como roteirista mediúnico irá intentar algo que seja menos digno ou recomendável em relação à pessoa do mediador. Pode ficar bem sossegado.

Mesmo no que tange à exposição das condições dos sofredores, que para aqui são conduzidos com a finalidade de os auxiliarmos, também eles são resguardados ao máximo e, se, porventura, narram os acontecimentos mais escabrosos em que se envolveram, o fazem no mais puro intento instrutivo, para salvaguarda dos leitores que se encontram sob a tentação de perpetrar os mesmos abusos e males.

Veja, bom amigo, que o nosso Ernesto não solicitou que se arremessasse ao fogo a comunicação anterior. Veio com o intuito de apagar a impressão maldosa que deixou na primeira visita, mas, embora “invalidando o tema” de seu relato anterior, fez questão de manter a mensagem tal qual se deu, para demonstrar seu crescimento relativamente àquela manifestação.

Nem todos os que passaram por aqui estariam em condições de reagir com o mesmo discernimento, havendo até quem solicitasse encarecidamente que a escrita fosse destruída. Mas esses não atingiram ainda o grau de adiantamento do irmãozinho, de sorte que é preciso aguardar mais um pouco para que se obtenham os alvarás necessários.

Sob este prisma, portanto, pode-se concluir que as mensagens valem por si mesmas e não como relatos ou denúncias de que se aproveitariam eventuais inimigos para lançar imprecações contra quem quer que seja. As manifestações resultam inócuas neste sentido e se mantêm neutras quanto a possíveis indícios de culpabilidades a serem acirradas.

Quando o relato é feito, é porque a situação está definida e as conseqüências não serão incrementadas em seus pontos negativos. A transmissão mediúnica é sempre, neste aspecto, algo que se acrescenta de bom e nunca representa ônus ao sofredor, ao doutrinador ou ao médium. Se qualquer deles agir mal, despertado pelo teor da mensagem ou pela maneira pela qual se deu a transmissão, cometerá ação perniciosa nova, a partir do ponto de vista livremente assumido diante do fato, o que pode ocorrer com qualquer pessoa, seja qual for o estímulo que a impulsione ao ato falho. Não são poucos os que deslizam diante das mais puras ações de Jesus, só para citar exemplo clássico de que o efeito não teve como causa real o fato a que se relaciona, mas algo que está inserto na personalidade do “pecador”.

Quanto ao teor da mensagem nova de amigo Ernesto, é bom não aceitar tudo como sendo exatamente a expressão da mais profunda realidade. Dentre os fatos que narrou, nem todos lhe estão inteiramente sob domínio da consciência, de sorte que algumas informações poderão estar distorcidas, necessitando de comentários mais aprofundados. Trata-se de criatura com grandes débitos, devendo, portanto, merecer toda consideração e respeito, mas seus conhecimentos carecem de aprofundamento em todas as áreas.

Esse é o estudo que propomos ao leitor fazer para ver se chega a discernir quais as falhas que precisarão ser sanadas, para que o missivista consiga bem compreender as reais condições em que se encontra. Por exemplo, como encara o leitor o fato de que nenhuma referência fez no sentido da necessidade e do proveito da prece compungida para obtenção de créditos a seu favor? Como reage ao fato de não se ter arrependido quanto às perseguições que empreendeu durante a estada nas trevas? Como vê as imprecisões diante das virtudes a serem adquiridas em confronto com os defeitos do caráter que fez questão de revelar? Com que cuidado observou o fato de se ter envergonhado por revelar a maldade anterior? Enfim, diante da vida denunciada, acha você que irá ele conseguir cumprir o desiderato de enfrentar com denodo o decuplicar das tarefas socorristas? Que parece significar essa vontade de sobrepujar a dor e o sofrimento por meio da iniciativa da flagelação?

Se você, bom amigo, estiver disposto a responder a todas as questões, é porque acredita em que as comunicações podem surtir benéficos efeitos em sua vida. Por essa confiança nestas considerações, ficamos-lhe imensamente gratos, mas insistimos em que o nosso descortino é bem limitado, à vista de que nunca deixaremos de remetê-lo às obras fundamentais do kardecismo e aos Evangelhos, onde a luz nasce e de onde se expande para favorecer-nos a salvação.

Fique com Deus, bom amigo, e assegure-se da intenção de um dia vir a manifestar-se mediunicamente, sem necessidade de invalidar o tema da vida!

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