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Ensaios-->54. 29.o Relato — ESPÍRITO JOVEM -- 03/02/2004 - 07:47 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Aguardei todo o fim de semana e o começo desta outra para ser recebido. Pois aqui estou necessitado de ajuda e esclarecimento.

Não tinha mais que vinte anos de idade quando aportei deste lado da última encarnação. A custo compreendi que tinha morrido e foi bom perceber que nada perdi. Sei que muitos lamentam o fato de não terem constituído família, de não terem gozado de todas as regalias materiais, mas eu não.

É que tive tudo do bom e do melhor em minha curta passagem pela Terra. As meninas caíam em minhas mãos com extrema facilidade e muitas prantearam sinceramente o meu trespasse.

Aprendi esta palavra e acho melhor que “passamento”, “morte”, “defecção final” e outras expressões do mesmo tipo. O médium está restringindo minha liberdade de expressão, mas devo dizer-lhe que fique sossegado, pois sei controlar-me perfeitamente e não irei desandar o vocabulário. Por outro lado, fique firme que as palavras que lhe parecerem demais, para mim não o são, pois tive alguma ilustração e cultura enquanto permaneci encarnado.

Era estudante e dos bons, até que fui enviado para cá por terrível desastre automobilístico. O meu curso era o superior de Agronomia e cursava o terceiro ano, quando ocorreu o acidente fatídico. Estou dizendo tudo isto não para me vangloriar, mas para determinar com clareza a minha possibilidade lingüística.

Não tive tempo de fazer muita coisa errada, mas o que me disseram é que eu, compulsivamente, era suicida, pois dirigia como louco pelas estradas e não via quanto poderia estar afetado pelas bebidas, que comecei a ingerir desde cedo. Sabia-me inteligente e isso me bastava.

Quando fui atacado pela cegueira do egoísmo, pois me considerava superior a todos os colegas, pus-me a fantasiar vida de aventuras e de façanhas. Via nos filmes e na televisão as proezas dos que arriscavam a vida e desejei ingressar na carreira dos que enfrentavam a morte a todo momento. Por isso, não via a hora de me livrar da faculdade, que cursava por força das pressões familiais mas com o que não me conformava. Coragem para desperdiçar as mesadas e para perder a herança que partilharia com diversos irmãos, eu não tinha, de modo que tudo não passava de sonhos.

Agora verifico quão errado estava em não pensar com mais seriedade a respeito da vida. Eu bem poderia ter-me integrado em alguns grupos de rapazes e moças que participavam das campanhas de arrecadação de comida e de agasalho para doar aos necessitados, mas preferia ficar pelos barzinhos, discutindo a moda aventureira mais atual, enquanto bebericava aperitivos e tomava, em largos tragos, copázios imensos de cerveja. Vida inútil!

Hoje estou recebendo as orientações dos amigos, que me dizem que fiz abortar vários planos de vida, inclusive, talvez, o de dar a possibilidade a alguns espíritos de encarnarem e de serem orientados por mim. Dizem também que o aparato intelectual que possuía não adquirira por acaso, devendo estar nos planos alguma descoberta ou invenção importante para a humanidade. Dada a arrogância e a declaração de egoísmo, por certo deveria vencer alguma deformação de caráter que me impedia de absorver a competente virtude respectiva. Enfim, afirmam que soneguei à vida oportunidade preciosa de crescimento e que deveria ter lamentado a morte precoce ao invés de ficar gloriando-me dos pequenos sucessos físicos.

Que plantei? Devo reconhecer que nada, a não ser algumas lembranças em coraçõezinhos de jovens que comprometi sentimentalmente e a quem dei curso a alguma infelicidade.

Lamento ter cometido tais males e peço humildemente me perdoem pela irreverência inicial. Gostaria, então, reiterando o pedido que fiz, de receber esclarecimentos a respeito do que irá ocorrer comigo e o que deverei fazer para conseguir progredir, sem o risco de insucesso.

Dizem-me que terei de mudar o pensamento, a forma de agir, pois, mesmo pensando em melhorar, utilizo as expressões de meu desatino: “sem o risco de insucesso”. Pois esse hábito, reconheço, deverei sofrer muito para extirpar da consciência.

Dizem-me, também, para reintegrar-me em meu núcleo familiar, que me aguarda há bem mais que um fim e um começo de semanas. Agradeço a referência ao disparate e resigno-me a encarar as falhas para compreender-lhes a extensão e a profundidade. Peço com humildade, de novo, que me perdoem, agradeço comovido a atenção da acolhida e solicito que me encaminhem para os meus.

Bendito seja Deus e todos os que trabalham em seu nome!

Horácio.



Comentário

O irmãozinho Horácio veio até nós com a recomendação de ser atendido em sua ânsia de esclarecimento, pois os mentores da família desejam que possa contatar os encarnados, para fazer referência ao fato de que está bem. No estado de euforia em que se encontrava, aliás, euforia como camuflagem de profunda decepção, não lhe seria possível levar qualquer mensagem otimista aos seus, que facilmente perceberiam a perturbação. O trabalho inicial está feito e ele pode receber o influxo de amor dos que lhe têm afeto e pretendem fazer dele o porta-voz do grupo, dados seus recursos inatos de fluência verbal e de capacidade de assimilação intelectiva.

Quando estiver bem preparado, será encaminhado para médium especialista em obter mensagens de cunho pessoal, dadas as garantias de autenticidade que o cercam, por injunções próprias de espíritos altamente especializados nesse tipo de informação. Fique, portanto, sossegado o nosso escrevente, que dessa pressão está livre, pelo menos por enquanto.

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