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Ensaios-->6. UM DIA ILUMINADO -- 13/02/2004 - 07:28 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Então, Moisés foi atraído pela sarça que ardia mas não se consumia e, de dentro daquele foco luminoso, pareceu-lhe ouvir a voz do Senhor. Naquele dia recebeu a missão de sua vida: deveria partir para o Egito com a finalidade de resgatar o povo judeu do sofrimento para conduzi-lo às terras prometidas. E Deus providenciou fatos miraculosos, transformando a vara em cobra e cobrindo de pústulas a mão sadia para de novo restituir-lhe a primitiva robustez. E mais ainda, prometeu dar força ao seu pensamento e poder de palavra ao irmão.

De tudo isso deu testemunho o próprio Moisés em seu livro inspirado (Êx., 3:1-22; 4:1-17). Mas haverá em seu relato algo de verdadeiro? Poderíamos supor que Deus, despojado de seus atributos, descesse de seu absoluto poder para vigiar os passos hesitantes de pobre ser mal dotado de inteligência e mal formado de caráter? Teria o Senhor abdicado de sua posição suprema no Universo para vigiar o que sucedia tão naturalmente a um povo pervertido pela maldade, tanto que, após ter visto todos os milagres que lhe permitiram sair do cativeiro e que o mantiveram em seu jornadear pelo deserto durante quarenta anos, compôs de ouro ídolo para adorar, esquecido do poderio de seu Senhor? Que Deus é esse que produz tanto sofrimento para muitos no intuito de apaniguar determinada espécie absolutamente não merecedora de especial proteção?

E, no entanto, Moisés, que recebeu as leis da mais profunda moralidade, inscreveu pela eternidade seu carma providencial, como se apaniguado fora miraculosamente pela palavra do Senhor.

Digamos, para argumentar, que Deus tenha deveras comparecido perante Moisés. Que provas concretas deixou impressas na memória humana para que aceitar pudéssemos sua divina presença? Um fogo-fátuo que não consumia a erva? Pois técnicas de laboratório são capazes do efeito, ainda com o acréscimo do calor e da ilusão da fumaça e tudo o mais. O efeito visual, no entanto, pode ser conseguido por prestidigitação mediúnica das mais elementares e a voz direta é fenômeno de imantação bastante vulgar, principalmente se produzido com a ajuda de horda de espíritos de pouca densidade fluídica mas de profundo apego material, ainda adejando por sobre os vícios e maldades, carentes de esclarecimento mas propensos ao auxílio pelo cansaço em que se encontram da prática das vilipendiações. Com sua energia de empréstimo, é possível dar ao fenômeno as cores da realidade mais absoluta, de modo a iludir o mais aferrado espírito pagão. Que se dirá de frágil criatura habituada aos sortilégios e às magias, com a mente fantasiosa plenamente imersa nas telúricas lendas do mais fabuloso país das profundas crenças místicas, qual o Egito, de onde partira para contaminar-se das tradições judaicas mais ortodoxas?! Que outra interpretação poderia dar às misteriosas determinações senão aquela de que sua pessoa havia sido escolhida diretamente pela Divindade?! Que outra palavra deveria levar aos concidadãos que merecessem crédito diante das maravilhas de que fora dotado?!

Difícil deixar de conceber o ponto de vista mosaico diferente daquele que imprimiu ao seu texto.

Mas hoje estamos capacitados a vislumbrar a verdade. Diante da codificação kardeciana conhecida por espiritismo, fica fácil de conceber-se que os espíritos de luz, dotados por Deus do poder de preparar o advento da era cristã, por meio da cristalização dos ingredientes primários da lei e da ordem superior, precisavam preservar o povo escolhido para o nascimento do Redentor, dando-lhe o arcabouço religioso e moral condizente com a futura internação na carne do Cristo—Jesus. Todo esse trabalho de preparação culminou com o episódio da sarça ardente, o qual desencadeou os sucessos temporais seguintes até a fixação definitiva do decálogo, no monte Sinai.

Mas não nos fiemos, crédulos em demasia, nas palavras do enviado que iria resgatar o povo judeu das perversidades egípcias, que não eram tantas e que não molestavam mais do que os males que os hebreus infligiram aos amonitas e cananeus, só para citar dois célebres exemplos. Saibamos discutir a narrativa bíblica à luz da experiência espírita, para não sucumbirmos à tentação de ver em Deus o mesmo fero algoz que determinou a lei de talião, segundo a qual ao inimigo se deve retribuir com a mesma ferocidade. Acreditar nas palavras mosaicas é presumir que tudo que escreveu estivesse realmente de acordo com os ensinos divinos, quando, na verdade, somente o inspirado extrato de leis é que deve ser levado em consideração, evitando-se até julgar como saudáveis as demais instruções legislativas que se contêm no corpo jurídico, as quais prevêem absurdos e incongruências, que só não foram rejeitados à época porque mantinham intocados os interesses dos mais poderosos.

Se estamos dando interpretação “humana” ao discurso bíblico, é preciso considerar o nosso ponto de vista “espiritual”. O nosso interesse é propiciar argumentos válidos ao leitor dos textos sagrados, para fornecer-lhe anteparos que o resguardarão da invectiva de impiedade e de excesso de pieguismo; no primeiro caso, tendo em vista rejeição completa do fenômeno, como se tudo partisse da fértil imaginação do legislador; no segundo, como se a tudo se desse crédito, passando-se a reger o procedimento de hoje pelas normas estatuídas para povos nômades de belicosos e sofridos pastores, para quem o dia de amanhã é tão-só ficção sem sentido e o dia de ontem, amarga recordação.

Se não fora faltar com a caridade, poderíamos referir-nos agora a inúmeros fatos reveladores de certas concepções arcaicas, a gerar procedimentos típicos em certas seitas que ainda hoje contemplam a visão hebréia dos tempos mosaicos, como essencial para a concatenação de vida mais pura no orbe terrestre, quando nem mesmo os judeus atuais sequer se lembram de tais costumes, primando seu comportamento por normas absolutamente consentâneas com a modernidade do existir humano na carne.

Desejosos de cumprir os desígnios de Deus, muitos se deixam envolver por densa névoa de superstições, crentes de que assim estarão aceitando o reino terreno de dor e sofrimento, para fazer jus à promessa das recompensas do após desencarne. Ignoram totalmente as premissas do viver atual e jazem quimericamente na ilusão de distante passado, agindo em dormência absoluta, quanto ao plano espiritual, fazendo prevalecer a dura lei do deserto para suas consciências inermes e inoperantes.

Neste século, em que vicejam as descobertas mais espetaculares e em que as invenções sobrepujam a mais arguta imaginação, comprazem-se em estabelecer para si metas tão pouco evoluídas que repugnariam até mesmo certos coevos de Moisés, mais progressistas e industriosos inclusive nos campos das relações humanas e da visão espiritual da vida como fator moral do progresso.

Eis o que tínhamos para recomendar ao nosso leitor nesta data. Sabemos que a publicação de nosso texto sofrerá ainda a passagem de determinado tempo, mas não nos assusta o fato, pois as idéias que descrevemos estão tão arraigadas na mentalidade desses nossos irmãos, que dificilmente serão alcançados por qualquer motivação exterior, até que haja revolução interna, por meio da força reconstrutora da influenciação espiritual de cunho intuitivo, que os protetores estão improdutivamente injetando-lhes desde há muito tempo. Consideradas impulsos de origem maléfica, as vozes interiores soam e repercutem na alma desses nossos irmãozinhos, para seu desespero, como o reflexo dos intentos demoníacos das criaturas que, na Bíblia, ocasionam as possessões e a loucura. Por isso, protegem-se através de espessa couraça consciencial, tornando infrutíferas as tentativas de fazê-los argüir a verdade dos textos bíblicos. Para eles, portanto, tornando-se sagrada a palavra expressa, tudo o mais é produto da fantasia ou da maldade.

Queira Deus que, aos poucos, possamos nós do plano espiritual ir fornecendo elementos com que os irmãos encarnados vão sedimentando sadia atitude de discernimento do conhecimento bíblico, não para desalojar os livros da peregrinação judaica do lugar de honra que devem ocupar dentre os monumentos literários do planeta, mas para configurar o que de verdadeiramente existe de influenciação espiritual para engrandecimento da alma humana.

Saibamos reconhecer, todos nós, no Salmo 78, a verdadeira história de Israel, onde Deus é reconhecido como Pai que estabelece para todo ser humano as premissas de suas leis imutáveis, sujeitando até mesmo o povo eleito à universalidade de seus desígnios, e saibamos ver em Jeová o Deus de todos os seres, o Criador excelso que construiu o Universo.



Comentário

Salve, amiguinho, que mais um texto se constituiu em glória para o nosso serviço. Receba o nosso agradecido abraço e vigie o seu coração para tornar a sua escrita mais fluente e a sua atenção mais concentrada. De tudo o que escrevemos, pouco se deveu à sua participação, mas você deve ter notado o influxo de nossa vontade a guiar-lhe, por assim dizer, a pontinha da caneta, pois o seu braço apresentou alguma resistência.

Saiba ver em nossas palavras a advertência da contenção do receio atávico de tratar dos temas bíblicos, uma vez que todos nós fomos formados, por força de diversos encarnes mergulhados nas premissas da religiosidade malversada, do mesmo modo que aqueles irmãozinhos que foram alvo de nosso prolongada manifestação. Você também possui restrições sérias à visão crítica do texto bíblico, embora sua razão esteja apresentando rápida evolução. E não estamos referindo-nos tão-só ao escrevente, mas à maioria dos espíritos que, adventícios, iniciam neste encarne a sua peregrinação sob os auspícios da doutrina. Quanto ainda deveremos todos nós aprender para comportarmo-nos segundo a orientação evangélica!

Fique na paz do Senhor e saiba que tudo o que dissermos poderá ir sendo confirmado e remetido ao texto bíblico através de notas elucidativas. Quanto a nós, a indicação far-se-á das maneiras mais diversas, sempre tendo em vista o teor do texto. Assim, a leitura a que remetermos o escrevente poderá ser prévia ou no decorrer da transmissão, havendo ainda a possibilidade de só ser recomendada após o término do ditado. De qualquer forma, esteja sempre munido da competente obra, não importando a origem administrativo-religiosa que a produziu. A que você possui está perfeitamente adequada para a nossa finalidade.

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