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Ensaios-->21. A PALAVRA DO SENHOR -- 28/02/2004 - 06:30 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Pode parecer estranho o nosso título àqueles que se acostumaram à leitura dos textos mediúnicos. É preceito básico do espiritismo duvidar sempre da entidade que se apresente arvorando denominação que possa remeter a imaginação do leitor aos píncaros da espiritualidade. Que se dirá, então, se o mensageiro anunciar-se como sendo a própria voz de Deus? Certamente, rejeitaremos a presença da entidade como falsa e não lhe prestaremos outra atenção que aquela que dedicaríamos a qualquer espírito sofredor, imperfeito, ou seja, trataríamos de suas afecções morais e o remeteríamos às instituições de socorrismo espiritual.

Pois bem, em “Isaías”, capítulos 65 e 66, há longo discurso que o profeta hebreu atribui ao Senhor, segundo o qual se promete aos bons a felicidade da permanência na Jerusalém dos beatificados pelas virtudes e aos maus os castigos mais desagradáveis e perenes. Na verdade, o Senhor estabelece determinadas regras de bem viver para conseguir a harmonia espiritual conveniente para se fazer jus aos benefícios de seu beneplácito. E não há ali intermediários que falariam pelo Pai mas sim é a própria Divindade que se apresenta para o ditado.

Como devemos reagir diante de tal passagem bíblica, aliás de profundo conhecimento dos limites conscienciais dos encarnados, de suas ânsias e desejos, de seus atributos e paixões?

Devemos rejeitar inteiramente a idéia de que Deus se tenha apresentado pessoalmente. Isto nos parece totalmente fora de propósito e não nos cabe agora reavaliar os argumentos em apoio ao nosso ponto de vista. Do mesmo modo, exaustivamente, temos propugnado a tese de que só espíritos superiores podem estabelecer normas de conduta que apresentem a possibilidade do restauro moral e do adiantamento espiritual capazes de propiciar aos mortais crescimento evolutivo para fazê-los progredir na escala da perfeição.

Vamos, por isso, ater-nos a trecho expressivo, para que possamos tecer alguns comentários a aspecto que nos parece relevante. Leiamos o texto bíblico:

Antes que estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, nasceu-lhe um menino. (Is., 66:7.)

Se o estimado leitor já percorreu a mensagem anterior (“O Livro de Rute”), deve ter observado nossas considerações a respeito do nascimento de Jesus e das condições em que se deu seu parto à luz dos registros evangélicos. Pois agora estamos diante de texto muito anterior, em que o autor põe na própria voz de Deus as palavras proféticas do nascimento sob condições especiais de seres de extração superior na escala da espiritualidade. Não nos interessa julgar aqui o entrecho em que se insere a assertiva, mas ressaltar o fato da necessidade psíquica do povo judeu de se liberar dos aspectos dolorosos do nascimento, como se todas as pessoas guardassem, em suas memórias, traumáticas experiências ao momento de adentrar o mundo da carne.

Se perquirirmos as tradições de outros povos igualmente antigos, encontramos passagens do mesmo modo santificadas de narrativas semelhantes. Isto quer significar que algo existe de universal nesse anseio de se unir a pureza da entidade a encarnar-se com a imaculabilidade do ato de nascer, de modo a caracterizar a nova criatura como isenta da opressão do encarne. Evidentemente, tudo isto se dá no campo do inconsciente coletivo da humanidade, pois, se o fato fosse corpóreo, material, quem nascesse através de operação cesariana não carregaria consigo tal estigma cármico.

Pois está aí algo para a reflexão de nosso caro leitor. Sobre a virgindade e pureza de Maria, discorremos na mensagem acima citada. A respeito da profecia do Senhor e de sua manifestação através dos recursos da mediunidade, comentamos anteriormente. Sobre a presença do mito e de suas conseqüências na educação e na contenção dos impulsos maléficos dos humanos, também fizemos referência. No que trata da ilusão da verdade para impor ao leitor a autoridade do mensageiro, também nos estendemos. Como se vê, pouco resta à imaginação do amigo para observar algo mais no trecho citado.

Pois bem, ali vemos outro aspecto de fundamental importância: o roteiro que se estabeleceu aos humanos para o cumprimento por Deus de suas promessas.

Leiamos:

Pode, acaso, nascer uma terra num só dia? (Is., 66:8.)

A idéia do nascimento sem dor e sem seqüelas é prematura para o homem imerso em vida de crimes e viciações. A dor faz parte da vida na carne, assim como a luz é inerente aos espíritos superiores. É como se à lagarta se destinassem asas, só que elas somente iriam aparecer quando não fosse mais lagarta mas borboleta. Se a lagarta não cumprir todos os seus passos evolutivos, definhará e morrerá na condição de ser terrestre. Ao contrário, se perfizer todas as etapas de sua constituição biológica, sofrerá a metamorfose.

Assim também os humanos. Enquanto não se libertarem de seus pesos materiais, imantar-se-ão à superfície da terra e não poderão alçar o seu vôo, nascendo e renascendo em dor. Um dia, aprenderão a sua lição, buscarão cumprir os desígnios do Senhor, florescerão para a espiritualidade e farão jus ao ingresso em círculo mais elevado. Aí se despojarão de seu invólucro perispiritual concernente à densidade própria da natureza deste mundo e se vestirão de outra mais sutil, como se nascessem para outra existência mais gloriosa. Esse o parto sem dor e sem mácula.

— Então, perguntará o estarrecido leitor, quer dizer que o texto bíblico pode ter sido inspirado por espíritos superiormente dotados, uma vez que, despojado do aparato mítico e da roupagem mística, verdadeiramente expressa conhecimento de caráter elevadíssimo, em nada discorde do que lemos nas mensagens consagradas da codificação kardequiana?

Certamente, bom amigo. Se você foi capaz de expor a nossa citação ao crivo da análise acima sugerida, conseguiu extirpar do texto aquilo que representava a humana ansiedade, revigorando os aspectos profundos dos conhecimentos espirituais. Claro está que, para o leitor médio dos tempos anteriores ao advento do cristianismo, a ilusão de que o mensageiro falava de eventos materiais deveria prevalecer, pois o poder de abstração moral em favor da concepção de vida realizada sob a égide do amor somente com o Cristo é que se estabeleceu definitivamente para a mente encarnada. Que se dizer, então, dos princípios evangélicos aplicados ao progresso espiritual que se estabeleceram para a civilização ocidental há apenas pouco mais de um século?! Hoje estamos capacitados a leituras mais acuradas desses textos sagrados, por termos tido o auxílio constante das entidades que presidem o humano devir.

Gostaríamos, neste ponto, de oferecer o nosso testemunho de integrantes da humana organização, temporariamente em estágio no etéreo, senão fica o leitor pensando que nós é que estamos estabelecendo as revelações a respeito do conteúdo superior dos ensinamentos bíblicos e evangélicos. Nada disso. Os nossos irmãos do Alto é que nos ensinam como devemos proceder para aproveitamento máximo de um dos maiores monumentos que a mente humana já foi capaz de construir; e aqui cabe a observação de que estamos referindo-nos à humanidade como um todo, absolutamente integrada nestes dois planos de nossa realidade.

Se de pequenino trecho pudemos extrair tão amplos conhecimentos, o que não nos reservará a leitura igualmente atenta de todos os livros? Eis que retornamos ao objetivo das dissertações, para não deixar o leitor esquecer-se de que o nosso intuito é restaurar para seu espírito os profundos méritos dessa maravilhosa obra.

Sejamos argutos, sem ser astuciosos; sejamos sensatos, sem demonstrar ingenuidade; sejamos honestos, sem apresentar pieguismo; sejamos serenos, sem nos deixar envolver por qualquer resquício de lassidão moral. Apliquemos a nossa inteligência despertada pelas luzes do espiritismo e façamos da Bíblia manancial de orientações para perlustrarmos a vida com proveito, segundo os preceitos de superior conduta. Atendamos aos princípios morais que ali se contêm e ergamos ao Céu o testemunho de nosso aproveitamento, agradecendo ao Senhor a nossa compreensão da vida e da existência, para ascendermos em paz ao seu regaço acolhedor. Façamos por merecer as promessas de Deus.

Regozijai-vos juntamente com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; exultai com ela, todos os que por ela pranteastes; para que mameis e vos farteis dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis com a abundância da sua glória. (Is., 66:10-11.)

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