Diário de um pseudônimo (013) (2004/05/12)
Penfield Espinosa
12/05/04
'E lá vou eu mundo afora
Montado em meu próprio dorso'
A canção descreve quem faz um diário: cavalga a si mesmo, dá voltas ao mundo sem sair de seu quarto.
Havia prometido não ser confidencial e alguns amigos insistem que o fui na página de diário que escrevi no Dia das Mães.
Reli o texto várias vezes e discordo.
É impossível fazer um diário ou uma crônica poética (à la Rubem Braga) sem falar de si mesmo.
Neste ponto, diàrio e crônica poética são confessionais.
Contudo, quando uso a palavra confessional não penso em lírico -- que é necessariamente pessoal -- mas no tipo de confissão que se faz a um psicólogo ou então a um amigo confidente, em noite de bebedeira.
Bem, no texto do Dia das Mães, em 09/05/04, admito que fui confessional em apenas um adjetivo: quando disse 'suposta namorada'. Neste ponto,, não tenho como negar que abri um tanto a intimidade, dizendo que nosso namoro talvez não esteja tão claro ou firme. Mas não disse em que ponto estamos: se no começo ainda indefinido mas esperançoso, ou no final frágil e triste. Não disse também o que faz com que nosso namoro ainda esteja indefinido: pode ser que ela não me queira com clareza, pode ser que eu queira mais liberdade, pode ser que ambos queiram uma coisa ou outra, pode ser que ela pense em ir para Londres a trabalho por um ano, pode ser que já esteja lá.
Enfim, mesmo dizendo algo, não disse muito.
E ganhei mais tempo, com uma nova meta-discussão, na qual não deixei claras minhas preferências e opiniões.
Feliz terça-feira quase fria e paulistana a todos.
S. Paulo, 12 de maio de 2004
(Copyright © 2004-2009 Penfield da Costa Espinosa)
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