Diário de um pseudônimo (016) (2004/05/15)
Penfield Espinosa
15/05/2004
Sou um branco de alma negra. Ou: sou um negro vestido de pele de branco. Ou...
Na verdade, sei que minha herança africana é bem marcada, talvez mais do que a de origem européia ou índia.
Mas, feliz ou infelizmente, o que aparece no meu rosto, em minha pele, é o ser branco.
Sempre pensei que isto não tem importância no Brasil, mas depois que passei a frequentar sozinho amigos de classe média em SSA (sigla usada em aeroportos para S. Salvador), e depois vim a estudar em SP, vi que existe racismo no Brasil.
Como eu não me manifestava negro e eles não me indentificavam assim, eu não era discriminado.
Mas não gostava nem um pouco de ouvir piadas e remoques racistas. Uma vez que não me convencia de que era branco.
Apesar de não dizer que era negro.
Como se vê, São Pedro e sua covardia têm seguidores...
Hoje, muito mais velho e cético, não me identifico com nenhuma raça.
Sei que não sou totalmente branco ou índio, não sou totalmente negro, e que todas raças devem conviver por igual. Inclusive dentro de mim.
Quando posso e me ouvem, defendo a igualdade de todas as raças. Outras vezes, quando não posso e não me ouvem, faço o mesmo.
S. Paulo, 15 de maio de 2004
(Copyright © 2004-2009 Penfield da Costa Espinosa)
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