Diário de um pseudônimo (027) (2004/09/06)
Penfield Espinosa
06/09/2004
Interessante a cidade vazia. Mais bonita, mais agradável, mais ampla.Tanto vazio grita de saudade das multidões que quase sempre o ocupam.Todos foram passear, viajar. Ou simplesmente curtem o vazio em suas casas.
Não pude -- talvez não quisesse -- parar de trabalhar. Agora, no horário de almoço, está fechado o restaurante a quilo que normalmente uso. Tenho que ir para o habitual misto de padaria, lanchonete, restaurante e supermercado da vizinhança. Habitual para os paulistanos. Em outros sonhos felizes de cidade não é assim.
Quando vou pagar a refeição, noto a pouca idade da moça no caixa. Provavelmente filha do dono da padaria, ela é uma adolescente com o rosto cheio de espinhas. Algumas por madurar, vermelhas. Outras, já maduras, têm a cobertura amarela que indica pus.
Presto mais atenção no rosto dela e vejo que próximo do nariz ela tem um piercing com cobertura dourada. Talvez de ouro ? Penso por um momento se essa confusão foi uma desatenção minha ou uma atenta tentativa de chocar, um humor adolescente.
Afasto a idéia, por nojenta, e me congratulo por ter evitado mostarda e maionese em meu sanduíche.
S. Paulo, 06 de setembro de 2004
(Copyright © 2004-2009 Penfield da Costa Espinosa)
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