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Artigos-->DISFARCE POLÍTICO DE UM FRACASSO -- 28/03/2012 - 12:38 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Disfarce político de um fracasso

João Ferreira

28 de março de 2012





É melancólica e injusta a situação política da revolução cubana. Fidel está doente e os representantes do regime optaram por um inconcebível compasso de espera. A falência e o desencanto revolucionário não passam despercebidos nem a cientistas políticos nem a simples turistas do mundo democrático ocidental.

A recente visita do papa Bento XVI  põe em relevo dramático os problemas da Ilha. De um lado, o povinho sofredor e subjugado agarrado a suas tradições religiosas e, de outro, a inanição, a dormência e a teimosia de um regime morto para a renovação e para a esperança. O Pontífice romano depois de ter declarado antes da chegada à Ilha o fracasso do comunismo em Cuba, conseguiu com habilidade e sucesso, sob a forma de uma oração sussurrada diante da imagem de Nossa Senhora conhecida pelo nome popular de Cachita, em Santiago de Cuba, encomendar à proteção da Mãe de Deus "o futuro de Cuba" com base na "renovação" e na "esperança", para "maior bem de todos os cubanos". Como chefe de Estado e como líder religioso de uma avultada legião de católicos espalhados pelo mundo inteiro, Bento XVI não podia descumprir, na visita, as normas diplomáticas da cortesia, partindo para a denúncia direta, em linguagem crua. Por outro lado, seus fiéis no mundo não lhe iriam perdoar se aceitasse visitar Cuba simplesmente para "compactuar" ou para "calar". Bento XVI não calou inteiramente. Taticamente serviu-se de um murmúrio religioso para se expressar. Era um murmúrio com asas de comunicação que rapidamente se espalhou pelo mundo. Muito simbolicamente e com bastante habilidade - prevendo que haveria larga repercussão de seus gestos e de suas palavras-, o Papa optou pelos murmúrios da oração no altar da Cachita cubana, em Santiago, para dar o recado que deveria ser dado. E o recado profundo era essencialmente este: que os governantes soubessem e o mundo escutasse que na ilha "era preciso renovar" e fazer mudanças em favor do "bem comum" do povo cubano abrindo a esperança para um futuro melhor. A sibilina oração de Bento XVI na igreja da Cachita incarnava de uma forma ou de outra os anseios contidos do mundo democrático inteiro.

De acordo com a imprensa internacional, a resposta e a reação governamental cubana não se fez esperar. E quem se encarregou de elaborar a resposta foi o chamado czar econômico de Cuba atual, que é vice-Presidente do Conselho de ministros do governo de Raul Castro. O nome do czar é Marino Murillo. O recado foi dado diretamente na sala de imprensa diante dos jornalistas do mundo inteiro ali presentes para cobrir a visita do Papa. Murillo disse, que "enquanto o país estiver realizando reformas em sua economia, em Cuba não haverá reformas políticas". Um recado com muitas reticências políticas. Já se vai sabendo que revolução e ditadura vão sendo palavras sinônimas na realidade cubana, se interpretarmos neste sentido o grito de um manifestante preso em El Cobre antes de Bento XVI rezar missa para uma multidão de fieis ali concentrados.

Segundo os analistas políticos, há um impasse grande em Cuba tentando encobrir um fracasso. Os senhores do regime continuam cerceando a liberdade de expressão e de ação política cidadã. O veterano Fidel está doente. No momento falta-lhe a coragem que teve ao iniciar a Revolução quando depôs Fulgencio Batista em nome da libertação do povo cubano. Seria o momento de decidir o mesmo em nome da libertação do seu povo atado a uma inércia política que só vai agravando o atraso.Honestamente e eticamente, dadas as condições de saúde que o impedem de governar, seria bonito e muito positivo que tivesse a humildade de reunir as forças políticas do país e com elas acordasse elaborar em conjunto um estatuto que tivesse como fim a convocação de eleições gerais livres colocando Cuba no caminho das nações democráticas e livres, e aberta para o desenvolvimento social e econômico.

Contrariamente ao que pensa Marino Murillo. Cuba precisa antes de mais nada de uma ampla reforma política para dar lugar, em seguida, a uma ampla reforma econômica.

Estes parecem ser os ecos mais salientes da oração de Bento XVI no altar de Nossa Senhora Cachita, em Santiago de Cuba, numa visita onde a franqueza não era permitida por via diplomática, mas onde os murmúrios foram possíveis diante dos olhares da imagem da Cachita, como se estivéssemos em Jerusalém, e víssemos alguém modernizando as coisas ultrapassando o simples muro das lamentações. Simbolicamente, o Papa driblava assim o disfarce político da Ilha e tentava apontar um caminho para a renovação.

 


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