Quando o indivíduo resolve entrar no mundo da política ele já é um político. Só que sem votos. O passo seguinte é informar a Justiça e aos amigos que terá uma nova profissão, novos afazeres e que acabou-se a privacidade dele e da família.
O segundo passo é comunicar à comunidade que ele estará na disputa das próximas eleições e aguardar a decisão do partido para qual cargo será indicado.
Família e eleitor, nessa ordem, são os dois pilares para qualquer político. A família para cobrir as falcatruas que o indivíduo tenha aprontado quando era adolescente, as faltas que cometera na juventude e o compromisso de só falar bem do sujeito. A família tem de vender a imagem de um pai carinhoso, um marido fiel, o melhor irmão do mundo e o cunhado mais legal do mundo. Esse é o papel da família.
Aos eleitores cabe acreditar no que a família está dizendo, e no que o candidato está prometendo. Para convencer o eleitor não basta só a fala do político, a família dele tem que subir no palanque e vender a idéia de que trata-se do melhor sujeito do mundo: compreensivo, inteligente, honesto e bonito.
Uma vez eleito, o agora parlamentar, precisa do apoio da família (principalmente cônjuge e filhos) para as suas ausências semanais rumo a Brasília e algumas outras viagens a trabalho. Se optar por mudar-se, a família também terá que se adaptar à nova capital. Trazer a escola dos filhos, o emprego da esposa (ou esposo) – às vezes até ficar desempregado(a). Além da família, o parlamentar divide seu tempo entre autoridades, jornalistas, eleitores e amigos.
A imprensa é outro ente que não deve ser menosprezado. É ela quem divulga ou esconde as idéias do parlamentar; ela ajuda a derrotar ou eleger. A decisão da imprensa depende da afinidade com os adversários políticos, poder de influência ou financeiro.
A inabilidade em lidar com imprensa, eleitores e família significa dificuldades ou fracasso na próxima eleição.