Diário de um pseudônimo (041) (2005/01/10)
Penfield Espinosa
10/01/2005
Segunda-feira. Acabei de chegar de um um trabalho em um cliente em Recife.
Trabalhei até no sábado e o patrão insistiu que ficasse por lá, com hospedagem paga, também no domingo.
Houve uma moça no aeroporto, quando cheguei, que eu deveria ter namorado.
Não estou casado com quem quer que seja. Namorar com ela teria sido o que os americanos chamam de barely legal -- podemos traduzir por 'quase ilegal', 'beirando o ilegal', algo assim.
Mas esta há de ser uma posição ingênua. Sendo uma moça de porto, de aeroporto, ela deve ter tido muito mais experiências do que eu, relativamente tímido, possa ter.
Não tive nada com ela porque gosto de um dito kantiano: não devemos ser escravos da vontade. Um paradoxo, algo que parece um verso. De Fernando Pessoa, talvez.
Já em S. Paulo, vi um artista que pouco sucesso faz hoje em dia. Ele, suponho eu, é de família rica e não precisa trabalhar.
Estava com namorada muito, muito mais nova, que o olhava como se ele fosse um rei ou um deus. Ele parecia aceitar a veneração: tendo tido muita influência da cultura hindu, ele talvez se veja como o avatar de um deus.
Gosto muito dele e de seu trabalho e ver o que vi não muda esse carinho.
S. Paulo, 10 de janeiro de 2005
(Copyright © 2005-2009 Penfield da Costa Espinosa)
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