Diário de um pseudônimo (049) (2002/02/16)
Penfield Espinosa
16/02/2005
Donna mi priega.
Será de Arnaut Daniel ? Ou daquele que dizemos il meglior fabbro ? Ambos são o mesmo ?
Bem, o fato é que uma moça, uma senhora como na epígrafe me perguntou: sobre o que você gosta de falar pela Internet ?
Bem, a triste resposta é que não vejo a Internet como um lugar para se falar, no sentido de trocar idéias, compartilhar. Mas sim uma experiência extraordinariamente egocêntrica, ególatra e solitária.
Sempre me impresionou a facilidade de se forjar uma identidade na Internet. Antes mesmo d´Ela existir, já existia o programa Elisa, que fingia ser uma psicóloga em uma rede universitária de computadores.
Elisa, vida mia, disse Carlos Saura, mesmo sem ser um Internet junkie.
Talvez por não crer na existência de pessoas na Internet, fiz poucos amigos nela. Ou pouco confiei neles como pessoas de fato, mas apenas como personagens literárias.
Até mesmo eu já fui chamado de inexistente. Já disseram que Penfield Espinosa era um pseudônimo! Aliás, por isso essa série de textos: Diário de um pseudônimo.
Enfim, vejo a Internet como um lugar para escrever minhas literatices pseudo-intelectuais que nem amigos muitos muito menos namoradas têm paciência de escutar.
E, por outro lado, fico com muita vontade de conversar com algumas pessoas. Como se fossem reais, como se não fossem estrangeiras, como se não fossem pálidas imagens do outro lado de uma rede
S. Paulo, 16 de fevereiro de 2005
(Copyright © 2005-2009 Penfield da Costa Espinosa)
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