Estamos de volta ao trabalho, depois de um feriado alongado. Pensei em trabalhar na sexta-feira, mas a empresa estaria fechada. Chegaram à conclusão de que nenhum negócio seria feito. Além disso, outro técnico estaria de plantão no final de semana, com o celular ligado.
Assim, pude viajar sem rumo pelas estâncias paulistas, mineiras e cariocas. Uma caminhada variada, na qual dirigir o carro deveria ter me cansado. Mas dirigir me diverte. De qualquer modo, parei bastante, pouco fiquei ao volante.
De certo modo, teria ficado cansado de folhear as páginas de um guia. E de falar ao celular para conseguir vaga.
Um capricho -- ou um cuidado me moveu nessas ligações: procurava hotéis que não aceitassem cachorros. Isso mesmo: onde cachorros não fossem aceitos. Já tive uma má experiência de tentar dormir quando no quarto ao lado um poodle latia, por nada, a madrugada inteira.
Bem, é claro que que isso foi apenas uma madrugada em muitas e eu não deveria estar realmente traumatizado. Mas, como dizem, o ócio nos torna mais exigentes. De qualquer modo, é fato que em hotéis em região rural são mais tolerantes a cachorros -- o que aumenta a chance de encontrar um poodle saindo de sua casa. De qualquer modo, é fato que me divertia fingindo ser um dono de cachorro, pai de família que de fato procurava hotéis onde fossem permitidos cachorros. Dizia que a patroa e o caçulinha não sairiam de casa sem Toby, nosso schnauzer. Insistia que ele é silencioso etc.
E prometia telefonar depois de conseguir a aprovação.
Foi um final de semana muito quente. Terminei a maior parte do tempo em uma estância do Rio de Janeiro, onde conheci -- finalmente -- o costume dos mais novos, de 'ficar' com uma moça de seus 18 anos. Ela era o que os americanos chamam de barely legal -- tão nova que era quase ilegal. Estava sozinha -- estranhamente --, pois uma das alegrias da adolescência é a turma. Disse que havia brigado com seu pessoal e que eles haviam se agrupado em casais.
Não perguntei muito e nem -- de certo modo -- recebi muito. Confesso que estou curioso, que já fui muito flirty, flerteiro, paquerador. Mas minha impressão é de que hoje sou sentimental.
Estou curioso de saber se vou me envolver com a moça com metade de minha idade. Penso que ela não procura envolvimento, de fato. Penso que ela tenha deixado claro que estava apenas 'ficando'.
Mas também penso que me surpreendi com minha disponibilidade. Também, é claro, com a dela. Mas ela tem essa coisa da idade, talvez o costume. E penso que, a rigor, ninguém realmente planeja o que sente.