Trabalhando e vivendo em S. Paulo, finalmente consegui viver aquela doença tipicamente paulistana, a insônia.
Às vezes me pergunto se é a preocupação com a humanidade que me faz perder o sono. A humanidade sofredora, como dizia D. Paulo Evaristo Arns, referindo-se aos pobres, os desassistidos economicamente.
Realmente penso neles quando perco o sono e leio jornais e revistas. Mas o fato é que o que me preocupa é o trabalho. Durante o downsizing da empresa onde trabalho -- quase escrevi 'minha empresa', mas não sou acionista ainda --, passei a asumir responsabilidades antes divididas como outros colegas e até a responsabilidades que gerentes eliminados tomavam por nós.
Esse acúmulo de preocupações me faz perder o sono. Claro está que os sempre presentes amigos me diziam que se tivesse um relacionamento mais duradouro com namorada ou esposa, seria capaz de dividir essas preocupações e seria mais feliz.
Enquanto a felicidade de encontrar esposa ou namorada firme não vem, eu, o solteiro Penfield Espinosa tenta combater a insônia com exercícios físicos à noite que me deixam fisicamente cansado e melhoram o sono. Já me perguntei se o que realmente me faz dormir é o banho quente antes da cama, pois vários especialistas em educação física me garantiram em seus livros que o esporte serve para despertar, não para fazer dormir.
Já li em um deles, Nuno Cobra, que algumas pessoas têm esse ritmo diferente e realmente conseguem relaxar com atividade física à noite.
Penso que quando faço atividade física (em academia no passado, hoje em longas caminhadas), faço o que algum autor americano deve ter chamado de to walk your troubles away, andar para resolver problemas. Isto é: quando ando realmente penso melhor em alguns problemas.
Não que me force a pensar de modo sistemático, mas o fato é que eles estão me acompanhando -- tanto que fico insone. E durante caminhadas, enquanto deixo a atenção passear -- não é à toa que to wander em inglês possa significar tanto 'passear a esmo' quanto 'divagar' -- algumas soluções me vêm.