Diário de um pseudônimo (088)(2006/01/09)
Penfield Espinosa
09/01/2006
A arte é expressão da vida tanto quanto o ferro em brasa é
expressão do fogo.
Ezra Pound
Quando penso no que escrevi neste diário, como expressão de minha vida. Ou melhor: quando penso no que melhor eu escrevi -- se é que escrevi algo melhor --, fico pensando se a confissão explícita nestes textos é mesmo uma confissão, ou se o procedimento artístico transfigurou esses tema para além de qualquer reconhecimento.
Fouled up beyond all recognition, ou foobar, era uma expressão que o pessoal do exército americano usava para designar coisas ou pessoas verdadeiramente destruídas.
E hoje li um provérbio de porta de banheiro -- ah, a sabedoria que defecar provoca -- que dizia que quem se sente solitário na verdade tem um vazio interno.
Deve ser a tal necessidade do outro para validar a existência, de que falam os filósofos e psicólogos -- talvez a partir de Jean-Paul Sartre.
Quando estou bem, posso passar largos períodos lendo, escrevendo ou apenas pensando esparsamente.
Mas quando não estou, apenas a companhia de meus pares faz surgir de novo o sorriso em meus lábios, dentes, lábios, músculos faciais e olhos.
S. Paulo, 09 de janeiro de 2006
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