Diário de um pseudônimo (091)(2006/01/17)
Penfield Espinosa
17/01/2006
Ontem assisti à entrevista de um grande baiano, Jacob Gorender, no Roda Viva da TV Cultura.
Grande como eram os comunistas da velha guarda, Gorender teve alguns comportamentos nobres, quase heróicos. Tendo um nome e uma tradição estrangeira, frisou sua brasilidade e, mais do que isso, sua baianidade. E disse isso para os entrevistadores, gente do eixo Rio-S. Paulo, que valoriza nomes e tradições estrangeiras.
Tendo visto nazismo destruir uma tradição que lhe era cara, a cultura e língua ídiche, ainda assim manteve-se do lado de uma humanidade ainda maior, da humanidade proletária de todas as línguas.
Ainda, quando hoje Israel e a cultura judaica são valores importantes entre nós, mal conseguiu responder a uma pergunta que relacionava vários combatentes judaico-brasileiros da 2a Guerra Mundial. Apenas disse que, se fosse pego pelos nazistas, estaria morto, pois seu nomve, gravado na placa de metal que acompanha cada soldado, era inequivocamente judeu.
Enfim, por todas essas boas características, somadas a modéstia e afabilidade, Jacob Gorender é uma pessoa cativante.
Tomando-o por amostra, não é tão difícil entender porque essa geração de velhos e valorosos comunistas teve um peso tão forte na história do mundo.
S. Paulo, 17 de janeiro de 2006
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