Diário de um pseudônimo (093)(2006/01/23)
Penfield Espinosa
23/01/2006
Sempre o tema da solidão.
Hoje vi, pela janela do carro, vários mendigos falando sozinhos -- alguns discutindo furiosamente !
Às vezes ecoa sobre mim a sabedoria popular de velhos, meus pais, avós e tios. Ao saberem que eu não tinha lá grandes vontades de casar, eles insistiam que era importante ter alguém para fazer companhia durante a velhice.
Naquele tempo eu não era irônico -- tambem não sou hoje -- e não havia a fartura de opções de serviço que hoje há. Por isso, não devo ter respondido que, se me sentisse sozinho quando velho, talvez contratasse uma enfermeira...
Não, nas sacadas e sobrados da velha S. Salvador de meu tempo, enfermeiras eram apenas para hospitais e pessoas ricas. Muito ricas.
Não, nem em mim.
Não sei o que significa esse verso neste contexto, mas no contexto do poema onde foi concebido me parece muito chique. Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando pessoa, creio eu. Tabacaria, tenho certeza.
Bem, quanto a minha solidão ? Às vezes me sinto culpado por não sentir solidão estando desacompanhando.
S. Paulo, 23 de janeiro de 2006
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