Caro irmão Airam
Li seus versos com atenção
Sobre o plantio de eucalipto
Aqui na região
Sou defensor desta cultura
Portanto, preste atenção
Respeito seu ponto de vista
Mas, quero aqui ti lembrar
Que para criar o boi
Primeiro tiveram que derrubar
As matas virgens naturais
E os brejos e rios drenarem
Se o eucalipto é problema
Nessas terras de restôi
O irmão bem conhece a região
Sabe que melhor ela já foi
Hoje, não há florestas naturais
Assoreada pelo pé de boi
A sua degradação
Não foi o eucalipto que fez
Foram as grandes derrubadas
E queimadas por sua vez
Para dar lugar as pastagens
Para o criatório de rês
Falam também do êxodo rural
Que o eucalipto é causador
Desde que entendi por gente
Ouvia este clamor
O povo migrando do campo
Procurando outro labor
E os grandes fazendeiros
Estendendo as suas propriedades
Espremendo os pequenos produtores
Sem dó e sem piedade
Até comprar os pequenos lotes
E os empurrarem pras cidades
Talvez o eucalipto
Não seja bem a solução
Mas como fazer hoje em dia
Para tirar um mourão
E fabricar móveis outros
Sem esta plantação
Pois os campos estão aí
a madeira não há mais
o que fazer sem o produto
que vinha das matas naturais
precisa da madeira em quase tudo
até para gravar nossos anais
A monocultura não é o ideal
Usaremos a inteligência
Uns plantam o eucalipto
Outros cultivam a hortência
Alguém planta a bananeira
Para manter a sobrevivência
Há muitas opções
Para quem quer produzir:
O boi, a cana, a mandioca,
A banana, o mamão e o abacaxi
Não podemos é cruzar os braços
É preciso interagir
Já dizia o meu saudoso pai
Que você conheceu muito bem
As coisas mudam sempre
Umas vão outras vem
O supermercado tomou o espaço
Do chamado armazém
Pra finalizar, meu irmão
Quero aqui ti lembrar
Fazendeiro nenhum nesta terra
Teve o cuidado de replantar
Sequer uma arvore derrubada
E nossas matas preservar.
Altamirando Rodrigues da Silva
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