“A taça do mundo é nossa. Com brasileiro, não há quem possa...”
"A taça do mundo é nossa/ Com brasileiro, não há quem possa / Êh eta esquadrão de ouro / É bom no samba, é bom no couro / A taça do mundo é nossa / Com brasileiro, não há quem possa / Êh eta esquadrão de ouro / É bom no samba, é bom no couro / O brasileiro lá no estrangeiro / Mostrou o futebol como é que é / Ganhou a taça do mundo / Sambando com a bola no pé / Goool!"
Há pouco tempo a Presidente Dilma Roussef determinou investigar a morte de Duvalier Ferreira, Secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento. Ele faleceu em Brasília após supostamente dois hospitais particulares recusarem atendê-lo por falta de convênio com seu plano de saúde.
Já que a Presidente demonstrou tamanha preocupação com os direitos humanos desse brasileiro, também não seria o caso de ela determinar investigar cerca de 200 mil processos na Justiça movidos por pessoas que não foram atendidas nos hospitais país afora? E os casos das crianças que abandonam as escolas públicas? Por que não investigar as razões de 50% delas abandonarem a escola?
Até o ano de 2014 todo o Governo está preocupado em concluir as obras para a Copa de 2014 que custará cerca de R$24,9 bilhões. Se avaliarmos que a copa durará apenas 30 dias, fica a impressão que o Brasil já poderia ter resolvido alguns problemas que há 512 anos estão sem solução. Por exemplo:
R$ 2,1 bi
ONDE Expansão do saneamento.
PARA Levar água tratada a 2,2 milhões de casas e coleta de lixo a 2,1 milhões - cerca de 20% do déficit de saneamento.
R$ 2,8 bi
ONDE Universalização da eletricidade.
PARA Levar luz a 1,6 milhão de pessoas no campo - 13% da população sem acesso à energia.
R$ 1,4 bi
ONDE Combate ao analfabetismo.
PARA Ensinar 600 mil jovens e adultos a ler e escrever - o que representa 4% a menos de analfabetos no país.
R$ 700 mi
ONDE Saúde da Família.
PARA Levar o programa Saúde da Família a mais 2 milhões de pessoas - superaria a população de Curitiba ou Recife.
Grande contribuição para resolver o problema da educação e da saúde seria o Senado Federal aprovar os projetos que obrigam políticos e autoridades matricularem seus filhos em escolas públicas e usarem apenas os hospitais públicos.
Por que só agora a Presidente viu que morrem pessoas nas filas dos hospitais por falta de atendimento? Se as autoridades e políticos brasileiros começarem usar as escolas e hospitais públicos, a Presidente terá um grande problema de assiduidade dos seus subordinados. Eles ficarão horas ou dias nas filas à espera de uma consulta médica.
Voltando à copa. Os ingressos para os jogos custarão cerca de R$1.500,00, alguns serão distribuídos à imprensa nacional e internacional, autoridades e políticos, e os mais baratos, para estudantes e idosos, custarão cerca de R$43,60* ou seja, só a classe média ou alta irá aos estádios. Como é para a classe endinheirada o Governo não está poupando esforços e recursos para preparar o espetáculo.
Se apenas os pobres matriculam seus filhos na escola pública, então ela não é pública. Se a saúde pública é usada apenas pelos pobres, então só é pública para alguns. Se assistir aos jogos da copa não é acessível a todos, então ela também não é nossa.
A maioria dos brasileiros assistirá a copa pela televisão como se estivesse sendo realizada em outro país. Não é uma copa para todos. Nem educação, nem saúde.
Se não é para todos, então a copa do mundo não é nossa, é para poucos.
***http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_269590.shtml *Fontes: .... Orçamento alternativo: números recentes dos ministérios do governo federal, IBGE, site Contas Abertas, Agência Brasil, FGV.