As lutas que campeiam pelo mundo
Não dão sentido para a própria vida:
O sentimento de ódio mais profundo
Jamais há de mostrar qualquer saída.
Quando este mar de versos com que inundo
A Terra a meditar no bem convida,
O homem vira o rosto para o lado
E diz mui agressivo: — “Eu não me agrado!...”
As guerras que se dão lá nas favelas
Demonstram a falência da bondade.
As leis que ali vigoram são aquelas
Com que a força das armas persuade
A ver a morte e a dor, como as mais belas
Das emoções do mal, que amor não há-de
Sobrepujar o vício que se espalha,
Enquanto a voz do Cristo é fogo em palha.
Na idade em que a existência mais se alteia,
É quando o homem fica apaixonado.
Nos morros, a maldade é coisa feia,
A ponto desse amor ficar de lado.
Quando alguém se interessa e cambaleia,
Demonstrando à parceira o seu agrado,
Vai ter de mergulhar o triste afeto
No ódio, sentimento predileto.
Terei feito entender o contra-senso
Do amor que se comparte com o mal?
A descurar dos seus está propenso,
Em um processo pouco natural.
O drama vai ficando tão intenso
Que as reações o tornam animal:
Roubar, matar, causar só inquietudes
Alcançam nele foros de virtudes.
Pensar na vida é estar diante da morte:
Quem não pensa em morrer está alienado.
O criminoso não aceita a sorte
E tece o mau destino acomodado,
Julgando que não há força que aborte
O poder de matar, por ser de agrado.
Por isso, não atina com Jesus
E toda esta existência a si reduz.
A juventude perde o doce enlevo
De reter, na amizade, o companheiro.
Enquanto um verso só aqui escrevo,
Alguém está a matar o seu parceiro.
E há quem diga que, na rima, devo
Deixar de lado o crime, pois requeiro
Dos inocentes que ajam com vigor,
Sem lhes dar força para o bem compor.
Falar do meu trabalho eu não queria,
Que a turma se cansou da mesma rima,
Por isso, imaginei que a tal poesia
Pudesse agasalhar um outro clima.
E o que há mais notório, hoje em dia,
Que o homem, cá na Terra, desanima?
É a guerra civil, é a chacina
Causada pelos reis da cocaína.
Espiritistas que nos dão respaldo
Vão compreender o que Jesus ensina,
Quando transforma a água em doce caldo,
Em vinho de alegria, de uva fina.
É que, apesar de tudo, haverá saldo,
Nesse repto de dor da cocaína,
Pois nos faz meditar sobre a consciência,
Porque a Doutrina Espírita é ciência.
Toda moral é o homem quem aplica,
Por isso é que se faz mais responsável.
A gente, neste Mundo, pobre ou rica,
Não se pode esquivar de ser saudável,
Pois é como Kardec exemplifica
O Espiritismo, como perdurável:
Ou se luta, sem temor, pela verdade,
Ou se descai no abismo da impiedade.
Quisera trazer versos mais bonitos,
Capazes de mexer co’os sentimentos,
Mas vi os corações tristes, aflitos,
Por serem tão terríveis seus tormentos,
E quis atenuar os altos gritos,
Em rimas cujos sons fossem mais lentos,
Que o Pai há de atender a toda a gente
Que possa se expressar confiantemente.
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