O SILÊNCIO DA ARARA CANTADEIRA.
Ana Zélia
Quem silenciou teu canto Arara Cantadeira?
A vaidade humana onde uns pisam outros com a maior simplicidade.
Chora arara Cantadeira.
As lágrimas lavam tua alma revoltada, sofredora.
És guerreira e não aceitas submissão.
És livre.
Rompe as barreiras, solta a voz, emite teu grito de liberdade,
Sobe ao topo das árvores mais altas da floresta.
Teu grito é de paz, união, mesmo que não entendam.
Nunca mais ser algum conseguirá te algemar, extirpar o som
que emites da alma ou
clama aos céus força, empunha tuas armas de índia pura,
o arco e a flecha, acerta o alvo da mediocridade, dos idiotas que
se promovem à custa dos incautos e submissos.
Arara Cantadeira, luta pela camada sem voz, sem luz que se curvam aos
“poderosos” que acham o poder eterno.
São meros mortais, passíveis de quedas momentâneas, sem aviso prévio.
Bate tuas asas e voa o céu não tem limites,
És e serás sempre.
ARARA CANTADEIRA.
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Nota da autora- Nasci cantando, em vez de choro, cantei.
Hoje vejo o silêncio do canto tão forte que precisarei de forças para ir à luta.
Odeio mediocridades, vaidades, principalmente de pessoas
que se julgam superiores e se postam como deuses.
A mim todos eles de barro, quebram fáceis.
Por falta de maestro o coral da UNATI foi desativado, a convite de uma coralista
matriculei-me no coral do Centro de Idosos de Aparecida.
Lá tem um maestro que vale por trinta.
Sem retirar seus méritos de esforço, excelente compositor.
O bom é ele e seus astros. Os outros são meros figurantes.
Coral de idosos, que a cada ensaio sofrem um constrangimento,
ou por chegar atrasado, o horário foi alterado compulsoriamente,
ou pelo excesso de ensaios, músicas estrangeiras, as regionais são pessoais.
Comprometimentos para mostrar serviço, já que a finalidade do coral seria tirar de casa
e dar como entretenimento o canto, há coralista com quase 90 anos.
Pior é que as apresentações são à noite e o Centro não se compromete em dar
condução ao grupo, resultado, idosos na praça altas horas da noite.
Correndo riscos de vida, de assaltos, de quedas, etc.
Não há diálogo, apenas obedecer.
Alto lá, é hora de a Administração rever conceitos, formar um coral de jovens
e condenar ao degredo os idosos que como as Araras algumas presas ainda cantam.
Manaus, 03 de novembro de 2012. Ana Zélia
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