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Ensaios-->SER ESCRITOR -- 11/07/2008 - 22:32 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SER ESCRITOR
Xico Miguel, o escritor, nasceu nos anos trinta,
no povoado Jenipapeiro, antigo distrito do município
de Picos do Piauí. Foi o primeiro funcionário do Banco
do Brasil, parido pelas águas do Riachão e também
pioneiro em plantar uma semente de Letras nas várzeas
do Jenipapeiro, das Bocainas e dos Arrodeadores.
Começou a escrever quando as matrizes eram formadas
catando-se os tipos no caixotim e ainda mandavam-
se opúsculos ao prelo.
Nascido numa região próxima, denominada
Rodeador, fui bancário como Xico, e, há muitos anos,
também pelejo numa “luta vã” com as letras, porque,
“escritor não é profissão oficializada” – diz Xico Miguel. –
“Ninguém pode aposentar-se como escritor nem declarar a
profissão na ficha do hotel...” De fato, não temos amparo
legal para aposentarmos como escritor, nem se ganha
muito dinheiro fazendo literatura, ser escritor não é
uma profissão reconhecida pelas leis brasileiras, ninguém
pode aposentar-se nessa profissão. Não há sequer
um código específico no Instituto Nacional de
Seguridade Social, (INSS), que permita o recolhimento
de contribuição à Previdência Pública, para que no
futuro, o contribuinte se aposente como escritor. Entretanto,
nem só de pão vivem os literatos, mas de toda
sabedoria que sai de sua boca. O mudo não fala, porque
nunca ouviu o som das palavras, nunca ouviu a
voz humana. Do mesmo modo, quem não conversar
com os livros é tão mudo e cego quanto aquele que
120
não ouve, não fala e nem vê, pode até emitir sons ruidosos,
imagens gesticuladas, mas, jamais poderá ser
considerado eficaz na comunicação. O desprezo àqueles
que dão suas vidas pelas artes, vem de tempos
mais remotos – a literatura greco-romana tem registros
mais antigos dessa realidade: “Litterae nom dan
panen” – as letras não dão pão –, e, embora muitos
amados como Jorge, os Andrades e outros, tenham
conseguido extrair o pão, a duras penas, de um fatia
de letras, nada se fez (no Brasil) desde Sêneca, Horácio
e Petrônio, para legalizar a profissão de escritor. Sem
(pré)conceitos formados, mas até com muita honra e
certo espanto, em 2006 tive a satisfação de revisar a
monografia da Cientista Social Fernanda Veloso Lima,
que, em minucioso estudo, postulava o reconhecimento
da atividade de prostituta como profissão. A
exemplo disso, não deveriam os estudantes de literatura
elaborarem artigos científicos, monografias,
dissertações ou tese de dourado, trazendo à baila o
problema da oficialização profissional do escritor?
Apelamos também ao Dr. Ozildo Batista de Barros,
atual vice-presidente da Comissão Nacional de Promoção
da Igualdade do Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB), a quem nos anos
oitenta, tive o prazer de receber em minha casa em
Caxias do Maranhão, em companhia de Francisco Miguel
de Moura, (Xico Miguel), numa peregrinação
pelo Nordeste do Brasil, vendendo livros de autoria
deste último.
A que distância está a clandestinidade da legalidade?
Podem-se produzir obras literárias e também
vendê-las, mas não é uma profissão. Até quando, o
escritor permanecerá apenas no estado de dicionário
definido por Aurélio: “Autor de composições literárias ou
científicas”. E, com todo respeito aos colegas que sobre121
vivem da arte de escrever:, ou os canais competentes
tomam as providências necessárias ao reconhecimento
da profissão de escritor ou cairemos nas formas depreciativas:
escrevedor de livros e escriba.
Logo que produzimos o texto “Ser Escritor”,
destinamos por e-mail uma cópia ao Xico, – militante e
padecente da literatura piauiense – um dia, quem sabe
– triunfante. O ponteiro grande do relógio, não havia
ainda girando os 360º de sua caminhada em volta do
tempo e a resposta chegou-nos pela mesma via:
Caro Adalberto,
No seu e-mail (eu escrevo agora emeile, aportuguesando)
você relata fatos a respeito de minha
vida que a memória já havia passado uma esponja
por cima. Foi ótimo. Como presidente da
União Brasileira de Escritores – UBE– PI e depois
lutei muito por isto, mas parece que em vão.
Vamos ficar toda a vida como putas das letras.
Não é bom porque não podemos ter salário, inss,
aposentadoria, renda que não seja praticamente
clandestina – como se fosse esmola. Mas é bom
porque mantemos a nossa independência intelectual
e a nossa consciência de atalaias da cultura,
da inteligência, do sentimento e da dor do
mundo que é grande – toda alma tem as suas
dores, diferentes e por ela é que nos diferenciamos
dos nossos irmãos e ao mesmo tempo nos
humanizamos. Bom dia, meu caro irmão, escritor
de Santo Antônio de Lisboa, Rodeador – e
receba o abraço deste jenipapeirense que não tem
122
vergonha de ser escritor, vender seus livros a
quem quiser comprá-los como qualquer camelô.
Saudações fraternas do
XICO MIGUEL DE MOURA
Um pouco mais tarde, ainda no mesmo dia,
Xico retoma o assunto:
Caro Adalberto,
Muito me envaidece, nesta quadra da vida em
que nos parece que já fizemos tudo, seus elogios
mediante leitura de meus artigos. Sua mensagem
me dá conta de fatos que já não me recordava
mais. Copiei-o e vou guardá-lo em minhas
correspondências, que são muitas. É um fato que
por não sermos reconhecidos nem no Ministério
do Trabalho, nem no da Previdência Social, por
não termos direito a salário ou outra vantagem
paga a quem tanto trabalha pela humanização do
homem como os escritores, salvo uns míseros
direitos autorais que as editoras não pagam por
isto e por mais estão desacreditadas no Brasil, é
um fato que nos podemos considerar as “putas”
da inteligência e da cultura. Quando o escritor
morre, às vezes seu nome é lembrado para o
nome de uma rua ou de um beco sujo, que os
políticos pensam que construíram, mas quem
construiu foi o povo. Mas eu gostaria de referir
a meu último livro até agora, minha “Fortuna
Crítica”, lançado sábado passado na Academia
123
Piauiense de Letras, com sucesso – vendi 40
exemplares. Para um dívida de 15 mil reais que
contraí para poder editá-lo, me falta muito. Mas
não falta coragem de sair por aí examinando
quem quer, uma boa alma, uma universidade ou
colégio, e às vezes, as mais das vezes, um amigo
– mesmo assim ainda está longe. Está longe o
dia em que um Estado como o nosso queira ajudar
às publicações como a minha, que é uma
antologia de poemas e ao mesmo tempo de crítica,
com um depoimento meu e uma entrevista
minha, à parte a mini-biografia que um colega
levantou de mim, colocando também coisas a
meu respeito que eu não sabia. Se você está entre
meus amigos que queiram ajudar-me, o mesmo
lhe posso fazer depois, ficarei bastante agradecido.
Abraços por tudo o que veio e o que há de
vir, com minhas saudações fraternas ao colega
escritor de Rodeador.
XICO MIGUEL DE MOURA


NOTA:

Livro do escritor e crítico literário Xico Miguel, custa apenas R$20,00.
se interessar pela obra, efetue crédito ou transferência para a conta 0018890-4
poupança) na Caixa Econômica Federal, agência 2004 em nome de Francisco Miguel
de Moura e passe um e-mail para (franciscomigueldemoura@superig.com.br),
com os seguintes dados:
Data, valor da transferência e número da transação.
Seu nome completo:......
Seu endereço: Rua, bairro, cidade, Estado e CEP





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