Das quatro dimensões de minha vida,
Três se encontram no espaço da matéria.
A quarta adentra a história comovida
De quem já se livrou de vil miséria
E se projeta em ondas pela lida,
Que me promete ser demais de séria:
O tempo consolida a dimensão
Que irá fazer que nada seja vão.
Um dia, ao despertar aqui no etéreo,
O amigo irá saber se o compromisso
Revelará, em parte, o tal mistério,
Pois tudo irá medir-se no serviço.
Responsabilidade é tema sério:
É bom ter consciência agora disso,
Caso contrário, tudo o que se escreve
Não é p’ra ser sabido muito em breve.
O que fazer p’ra se chegar sem medo?
Ler o Evangelho e se deixar levar
Nas leis do amor, pois nunca é muito cedo
Para o procedimento melhorar.
Não se trata de simples arremedo,
Reserva maliciosa de um lugar:
É trabalhar p’ro bem doutras pessoas.;
Tornar sublimes coisas que são boas.
Não há descanso, ao se fazer o bem:
Mesmo dormindo, a alma continua
Agindo nos setores que convêm.
O Sol, à noite, brilha pela Lua,
Dando aos viventes o melhor que tem.
Veja você como a maldade atua,
Sem descansar jamais, porque, perversa,
Nunca recua, quando as armas terça.
Estes meus versos surgem do trabalho
Com que pretendo vir junto aos mortais.
Se lhes oferecerem agasalho,
Julgando mui honestos e morais,
Talvez possam mostrar que existe atalho
Para se conseguir um pouco mais,
Que o despertar alheio é o principal
Dos dons do socorrismo universal.
Caso eu me perca, pelo verso fraco,
Não te desgostes, caro amigo atento,
Pensa na Lua, um astro tão opaco,
Sem ar, sem água e sem nenhum alento,
Mas uma qualidade eu lhe destaco:
A de existir em massa e movimento,
A permitir que a vida, cá na Terra,
Se dê na plenitude a que se aferra.
Minha presença aqui também garante
Que o caro amigo vai continuar.
Talvez não venha a ser muito importante
Que esteja a usufruir este lugar,
Mas como se encontrar do Pai distante
E ao mesmo tempo se aperfeiçoar?
É bom que alguém te lembre do evangelho,
Ainda que te encontres muito velho.
Tenho falado em guerras, morticínios,
A transtornar as almas impolutas.
Não vim fazer, porém, maus vaticínios,
Mas constatar as causas dessas lutas
E abrir do bem os ricos escrutínios,
Para tornar as mentes mais astutas,
Pois não ter medo de enfrentar a morte
Pressupõe nas maldades fundo corte.
Há quem responda pela sociedade,
Já que maneja as leis e a economia.
Se um verso meu um desses persuade,
A ver que o bem o Céu lhe escancaria,
Há de ser justo ter felicidade,
No campo pedregoso da poesia,
Pois, p’ra obter de Deus a sua bênção,
Não há que se esperar que todos vençam.
Para encerrar o dia satisfeitos,
Devemos esquecer o tema bélico
E dar os versos todos por aceitos,
Como se fosse o autor um ser angélico.
Aí, os corações vibram nos peitos,
Com forte batimento psicodélico,
E todo o povo ao Pai mais agradece,
Orando de Jesus a bela prece.
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