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Artigos-->Cid Teixeira de Abreu e o articulista Wybson Carvalho. -- 11/01/2013 - 17:02 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


         Conheci em Caxias do Maranhão, no ano de 1978 o escritor, poeta, filósofo e professor Cid Teixeira.



   Em diversas oportunidades, tive  o prazer de desfrutar com ele as delícias do restaurante “Panela de Ouro” do Excelsior Hotel.E  foi um espanto na hora de pagar a conta: confundi a diária, linguagem de hoteleiro que inclui apenas dormida e café da manhã, com o preço que deveria pagar pelos serviços de cama, mesa e banho. Aí, desembolsei por quinze dias de hospedagem o equivalente a dois meses de minha remuneração como bancário. Por sorte,  antes de a conta se tornar impagável, o próprio hotel nos dispensou sob alegação de que fecharia para reforma. Na verdade, estava fechando em caráter definitivo. Mas a história não é esta. Quero falar daquilo que Cid me contou.



Aconteceu que no meado dos anos sessenta, ele ofendeu uma moça e pôs nela uma barriga. O pai dele, o austero tabelião de registro civil, impôs-lhe a condição de casar-se. Cid tinha 18 anos; fugiu na calada da noite e veio esbarrar nas Minas Gerais de Belo Horizonte.



    O baixinho de cabeça chata e rara inteligência,  logo conseguiu um emprego de vigia na construção civil. Aquele não era seu sonho. Queria estudar e o fez. Aboletou-se na própria obra, e à noite frequentava a escola.



Por ironia do destino, o prédio pegou fogo durante sua ausência e quando Cid chegou, o engenheiro e alguns burocratas da empreiteira já estavam no local.



Onde o Sr. estava quando o incêndio começou. — quis saber o chefe. No culégio, respondeu Cid, entoando bem o “o” com som de “u”. Colégio, e o Sr. estuda? Sim!  Pois passe amanhã cedinho no escritório da empresa!...



   No primeiro expediente, lá estava o empregado para receber seu julgamento. A condenação talvez.



No escritório...



Estamos rescindindo seu contrato de vigia.



Tremeu, mas era o que ele esperava.



E assinando sua carteira profissional como funcionário do setor pessoal. Concluiu o chefe.



    Finalmente, alguns anos depois, o acadêmico de filosofia, torna-se professor na Capital Mineira, porém, um matrimônio mal-sucedido, o leva de volta à terra natal. Foi aí que o conheci candidato a vereador de Caxias.



 “CID CONHECE A DOENÇA DA CID ADE” – dizia o “santinho” num jogo de palavras que remetia ao nome do candidato e ao Código Internacional de Doenças (CID).



Não logrou êxito.



    Muitas cidades brasileiras continuam doentes, porque, lamentavelmente, um país que elege bode para vereador, palhaços e jogadores de futebol para os mais altos escalões da política nacional, não vota em filósofos, em sábios, nem intelectuais. Ruy Barbosa e Cid Teixeira de Abreu sabem disso.



    Quando deixei o hotel Excelsior, Cid também o deixou e ainda moramos durante meses na pensão de Dona Zenaide. Logo ali pertinho, na  esquina da Rua Direita, “seu” Artur recebia  os fregueses e participava com eles do impugna – um jogo entre intelectuais que consistia em impugnar uma palavra, ou porque estava pronta ou porque não existia. A coisa era organizada: havia uma pilha de dicionários de diversos autores e papel semi-impresso com as regras do jogo e o nome do bar: “Recanto dos Poetas”.



Só valiam as palavras dicionarizadas.



No final, saíamos dali com a cabeça cheia não apenas do etílico sorvido, mas também da sabedoria absorvida. Lá não se apostava dinheiro, apostava-se saber.


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