Voto de mulher *
Mineira descobriu que a Constituição não a impedia de votar
(8/3 dia internacional da mulher)
Em 1928, a estudante de Direito Mietta Santiago, de 20 anos, consultou a Constituição e descobriu que a restrição ao voto feminino não estava de acordo com a carta magna do País.
O artigo 70 dizia, simplesmente:
São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei.
Não havia qualquer menção a gênero.
Entusiasta, de ideais feministas, logo Mietta impetrou mandado de segurança e obteve, por força da lei, permissão para votar. Pela primeira vez uma mulher brasileira exigia pelos tribunais o direito de ajudar a decidir o futuro político do Pais.
A iniciativa inspirou medidas semelhantes Brasil afora. No ano seguinte, o Partido Republicano do Rio Grande do Norte lançou a candidatura de Alzira Soriano para a prefeitura de Lajes. A fazendeira potiguar ganhou o pleito com 60% dos votos e tornou-se a primeira mulher prefeita da América latina.
O espírito de vanguarda de Mietta já se havia revelado tempos antes.
Em 1925, como poetisa, foi uma das colaboradas de A Revista, publicação que iniciou o modernismo em Minas gerais.
Seu conterrâneo Carlos Drumond de Andrade, ao ter notícia de sua conquista, dedicou-lhe o poema Mulher Eleitora:
Mietta Santiago
Loura poeta bacharel
Conquista, por sentença de juiz,
Direito de votar e ser votada
Para vereador, deputado, senador,
E até Presidente da República,
Mulher votando?
Mulher, quem sabe, Chefe da Nação?
* Brasil, almanaque de cultura popular. São Paulo: Andreato (comunicação & cultura), ano 14, março de 2013, nº 167, p. 8.
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