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Poesias-->15. MODÉSTIA EM VERSOS -- 07/03/2003 - 06:33 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Não corre o risco de perder a fama

Quem nunca teve fama p’ra perder.

Eis que um verso mais simples bem proclama,

Na hora certa de cumprir dever,

Pois, se Jesus a toda a gente ama,

Também confirma desse amor poder,

Dizendo que o maior dos mandamentos

É dar amor ao Pai, sem mais tormentos.



E como diz Jesus coisa tão santa:

Ao escrever um texto de poesia?

Um tal pensar a mim muito me encanta,

Mas esse mandamento não diria

Em verso, que o leitor amigo espanta,

Mas, firme, disse a todos, cada dia,

A ponto de o Evangelho repetir,

Para que saibam todos no porvir.



Eu mesmo me esqueci, durante a vida,

De dar valor a ensino tão sublime

E trouxe, para o etéreo, arrependida

A alma, envolta em tão horrendo crime,

Querendo demonstrar, por esta lida,

Que amor supera o mal e nos redime,

Dês que o trabalho pelo nosso irmão

Faça crescer o bem no coração.



E quanto às rimas, a quem devo tudo?

Aos companheiros destas oficinas.

Quando cheguei aqui, muito papudo,

Queria fazer artes, sem doutrinas.

Fizeram-me entender estar sanhudo,

Julgando descontar as feias sinas,

Para dizer que é linda esta minh’alma,

Pois era de rigor levar a palma...



Um dia, eu compreendi tanto egoísmo,

Esperto p’ras grossuras da intenção,

Recuperado a tempo desse abismo,

Por ler alguns versinhos de um irmão

Que só pensava em si, sem altruísmo,

Deixando que eu pusesse o meu refrão.

Caí nessa armadilha direitinho,

Perturbação de amor e de carinho.



Depois que concluí a falsa rima,

Fizeram com que lesse a estrofe inteira.

Achei que conseguira grande estima

Na trova que, hoje sei, só tem asneira.

O mestre reuniu a turma acima

E me pediu p’ra ler: — “O quanto queira,

Que ouviremos os versos sempre assim,

Música divinal de serafim...”



Cheguei a repetir por várias vezes,

Enaltecendo os versos lá do fim,

Até que achei os outros mui soezes,

Comparando os compostos só por mim.

Senti eflúvios tristes, vis, burgueses,

De quem a seu irmão só deu capim.

Parei de declamar, envolto em pranto,

Querendo desfazer o nobre encanto.



A turma me acudiu com bela prece,

Agradecendo ao Pai a rejeição

Dos versos em que o “ego” se engrandece,

Pensando ter nas mãos a perfeição,

Enquanto aos outros nada se oferece,

Para iniciar no bem a reação.

Que se repita em “-ão” a pobre rima,

Se for p’ra que o irmão o mal reprima.



Modestamente, a prosa se oferece

Em temas sem grandezas de atitude,

Mas a poesia um dom sempre carece:

O de provar, no verso, tal virtude

Que faça que o leitor logo se apresse

A refletir no mal que mais ilude,

Eliminando d’alma o que lhe induz

A pôr na estrada o peso desta cruz.



Se eu conseguisse dar um verso honesto,

Para que o meu leitor ponha estribilho,

Precisaria ser muito modesto,

Deixando para ele o nobre brilho,

Mas, quando estou aqui, eu desembesto,

A ponderar que o “ego” é o empecilho,

E faço este refrão sem graça e perro,

Com medo de que a rima tenha erro.



Vou encerrar o dia, alegremente,

Que o verso tem modéstia como tema.

Assim, posso pensar que a minha mente

Já resolveu o velho e mau problema,

Porque tanto temor já não mais sente

De aqui se expor com péssimo poema,

Que o resultado não está na rima,

Mas no bom coração que inda me estima.



Eu saio agradecido, usando a trena

Com que calculo os metros do meu verso.;

E vou deixando, pois, a doce cena,

Para que um outro venha, incontroverso,

Mostrar as trovas de dourada pena,

Em luzes evangélicas imerso,

Orando que o amigo colha os frutos

Dos temas dos amores incorrutos.



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